Thursday, October 30, 2008

BRASILEIRÃO ELETRIZANTE

O campeonato brasileiro está pegando fogo. Nada está definido e cada ponto ganho ou perdido faz (e fará) muita diferença. A rodada de ontem foi eletrizante e, com a derrota do Grêmio, o São Paulo empatou em número de pontos com o tricolor gaucho. O time de Celso Roth, porém, leva vantagem sobre o de Muricy Ramalho por ter 17 vitórias contra 16. Mas o tricolor gaúcho ganhou apenas 18 pontos em 13 jogos do returno, ao passo que o tricolor paulista ganhou 26. Ou seja, na reta final, o Grêmio ganhou apenas 46% e o São Paulo 66% o que coloca o São paulo como o melhor time do returno do campeonato e com chances reais de chegar ao tricampeonato brasileiro.
Confesso que nunca fui muito fã do formato de pontos corridos que o campeonato brasileiro tem tido nos últimos anos. Sempre gostei mais dos tradicionais jogos de ida e volta ou "mata-mata" nas oitavas, quartas e semifinais que tanta emoção (ou desgosto) trazem em campeonatos como a Libertadores ou a Copa do Mundo. Mas devo dizer que este ano estou empolgado com a reta final do nosso campeonato. Desde que começou a ser disputado por pontos corridos, não me recordo de nenhuma edição do brasileirão em que a hegemonia de um clube não tenha prevalecido por longas rodadas até a confirmação (algumas vezes antecipada!) do campeão. Só que dessa vez nada está definido e tudo pode acontecer. Cada rodada mostrará um novo cenário que, se tudo continuar assim, terá sua inacreditável definição apenas na última rodada (como no emocionante campeonato de F-1 deste ano). E, como declarou o Felipe Massa, "é mais fácil o São Paulo ser campeão do que ele". Vou torcer pelos dois.

Apesar de sempre ter lido e ouvido os entendidos em futebol dizerem que este era o critério mais justo de premiação para o time mais competente (nem sempre regular) ao longo do campeonato, costumava dizer que nada substituia a emoção dos jogos decisivos nas etapas finais. Mas, com a emoção que ainda está por vir nas próximas seis rodadas do campeonato brasileiro, devo admitir que desta vez o páreo está duro e mais emocionante do que se tivéssemos o tradicional formato dos jogos eliminatórios.

E nestes próximos jogos, enquanto meu tricolor estiver vivo, vou cantar e gritar:

"Vai lá, vai lá, vai lá

Time do coração!

Vamo São Paulo, vamo São Paulo,

Vamo ser campeão!"



Wednesday, October 29, 2008

Rio de Fevereiro

Rio que dizem ser de janeiro
para mim você é de fevereiro.
Sem que alguém reclame ou a história conteste,
para mim você será sempre de fevereiro

Nos castelos da sua areia
meus sonhos se escondem.
No teu mar a poesia da bossa,
da fossa, do eterno sem fim.

Nas tuas ruas a solidão do desencontro:
Eu nem tenho o feijão
e insisto em querer o sonho.

Nas tuas travessas,
a história largada, pouco contada,
meu eu perdido navegando nas tuas fachadas

Lá do alto
entre o céu e o chão
aqueles braços abertos
traduzem minha solidão.


Rio de fevereiro,
cada dia mais próximo de mim
te encontro e me despeço
numa saudade sem fim

Onde anda você

Sempre que venho ao Rio de Janeiro lembro-me do "meu" poetininha.

Ontem em Ipanema lembrei-me desses versinhos:

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê

Saturday, October 18, 2008

Mande notícias do mundo de lá

Mande notícias do mundo de lá


Diz quem fica


Me dê um abraço, venha me apertar


Tô chegando


Coisa que gosto é poder partir


Sem ter planos


Melhor ainda é poder voltar


Quando quero


Todos os dias é um vai-e-vem


A vida se repete na estação


Tem gente que chega pra ficar


Tem gente que vai pra nunca mais


Tem gente que vem e quer voltar


Tem gente que vai e quer ficar


Tem gente que veio só olhar


Tem gente a sorrir e a chorar


E assim, chegar e partir


São só dois lados


Da mesma viagem


O trem que chega


É o mesmo trem da partida


A hora do encontro


É também despedida


A plataforma dessa estação


É a vida desse meu lugar


É a vida desse meu lugar


É a vida





Encontros e desencontros, abraços e acenos de adeus. Na plataforma da vida, caminho sabendo e conhecendo quem de verdade me acompanha. Nos trilhos cruzados, encruzilhadas da vida, sei quem está no mesmo vagão, ainda que sem ponto de parada definido. Sei quem comigo viaja, aventureiramente, enfrentando a vida de frente, com seus encontros e despedidas. Não guardo rancor, tão pouco mágoa, não tenho acerto de contas a fazer. Estou certo de meus sonhos, e por eles lutarei e com eles dormirei e acordarei.



O importante é sempre ter o vento por perto. Esse sim, estará sempre a me acompanhar.

Friday, October 17, 2008

Frase do dia

Hoje sinto-me:


"Varado de luz como um santo de vitral"


Nelson Rodrigues

FORÇA "CASÃO"

Após um ano internado em clínica de recuperação para dependência química, o ex-jogador Walter Casagrande Júnior terá amanhã sua primeira aparição na televisão. "Casão", como é mais conhecido, volta à televisão em entrevista ao programa Altas Horas que vai ao ar na madrugada do próximo domingo.
Sempre tive muita simpatia por Casagrande e acompanhei sua trajetória de jogador e comentarista. Como jogador, no auge da sua carreira, apesar de ter feito muitos gols pelo Corinthians contra o São Paulo, amirava seu estilo (ou falta de estilo) goleador. Técnica mesmo ele não tinha: não importava o jeito, se a bola quicava na área, lá estava o "casão" pra mandar pra rede. Seu comportamento irreverente, para muitos sinônimo de indisciplina, era bastante controvertido. Sua resposta, porém, era dada nos placares. E assim ele mantinha sua condição de titular.
Recordo-me do episódio em que foi preso portando maconha após um show da Rita Lee no Ibirapuera. Casagrande tinha subido ao palco para cantar junto com ela a música "ôrra meu" e barbarizou no refrão empolgando a platéia com o refrão: "Guerrilheiro,Forasteiro,Ôrra meu!". O Ibirapuera "foi abaixo". Eram os tempos da democracia corintiana e a obrigatoriedade da concentração fora abolida. Em plena sexta-feira (dia em que os clubes tradicionalmente entram em concentração para os jogos de domingo), lá estava ele curtindo a vida adoidado. Ao ser preso, não negou o uso da droga e teve a coragem de enfrentar a imprensa. E a enfrentou abertamente (com o apoio de Rita Lee) assumindo sua atitude de forma honesta perante a torcida e a opinião pública.
Mais de vinte anos depois deste episódio, ainda lutando contra o vício, Casagrande demonstra esta mesma postura ao declarar que seria hipocrisia participar de alguma campanha contra o uso das drogas porque continua dependente químico. Declarou, também, estar doente e em processo de recuperação. Admiro esta franqueza e honestidade e acredito, sinceramente, na recuperação do ex-jogador que disse ter voltado a usar drogas por sentir falta da adrenalina dos estádios lotados para clássicos após a posentadoria. Não deve mesmo ser fácil estar em uma micro-cabine de televisão comentando (com propriedade e realismo!) a vida que se viveu durante muitos anos. Não deve ser fácil estar tão próximo do campo sem poder entrar na área para mandar uma bola pra dentro do gol. Não julgo esta justificativa, entendo e respeito muito sua dificuldade em lidar com a ausência dos gramados. "Casão" conta que nunca abandonou definitivamente as drogas e que nos últimos tempos seu grau de dependência se agravou, sendo que ele passou por quatro overdoses, uma delas na frente de seu filho de 12 anos.
A volta de Casagrande aos campos para comentar jogos ainda não está definida. Dependerá da evolução do seu processo de desintoxicação. Esta entrevista foi o primeiro passo de um lento e gradual retorno até que o ex-jogador sinta-se inteiramente recuperado para o exercício da função de comentarista.
Força "casão" ! A Globo precisa dos seus comentários para ficar menos chata.

Thursday, October 16, 2008

CURIOSIDADES DA BLOGOSFERA

Recente pesquisa identificou números impressionantes na "blogosfera":

* Em 24 horas são feitos 900.000 posts em Blogs ao redor do mundo

* Em 7 dias são criados, em média, 1 milhão e meio de Blogs

* Em 4 meses são criados 7,4 mihões de Blogs por aí afora

* BLOG vem da junção de: WEB + LOG

Wednesday, October 15, 2008

CULTURA CONFESSIONAL

Ao contrário da filosofia cartesiana do "penso, logo existo", a nova realidade de convivência virtual está mudando o paradigma existêncial para: confesso, logo existo, criando a chamada cultura confessional.
A vida em tribos e comunidades virtuais onde se compartilham valores e, principalmente, experiências semelhantes, tem aproximado as pessoas de forma a mudar seu comportamento e visão de mundo. Ao invés de viverem suas próprias questões existenciais em questionamentos internos e "enfurnados" em consultórios psiquiátricos, as pessoas têm encontrado nos blogs e outras ferramentas de convivência virtual (Orkuts, face to face, myspace etc...) um espaço para compartilhar (com quem entende e sabe do que estão falando) seus problemas. Ao expor publicamente suas experiências de vida e, através de seu "público", vivenciar o reconhecimento recíproco de seus valores, a questão passa a não ser mais apenas pensar para existir, mas sim confessar para existir.
O "confessionário" público da web permite que as pessoas, mesmo sem um retorno de quem está do outro lado, sintam-se compreendidas e correspondidas, simplesmente por fazerem parte de uma comunidade que compartilha as mesmas questões. A solidão filosófica de cada ser cai por terra e é corrompida irreversivelmente pela sensação de união. Desta sensação vem a força das relações virtuais (que tanto encurta distâncias), e a senção de proximidade, ainda que a kilômetros de distância. O que se percebe é o enraizamento de laços emocionais profundos, advindos da mera sensação de que alguém está do outro lado te ouvindo e dando atenção. Ao contrário da solidão dos divãs psiquiátricos, ou mesmo de conversas onde seu interlocutor (suposto confidente) pode dar a sensação de estar ouvindo mas, na realidade está com a cabeça em outro lugar, a certeza de que alguém está ao seu lado gera tal segurança que acaba funcionando como um catalizador de tranformações na percepção do mundo. Não por acaso, recente pesquisa batizada de Never Ending Friends (sobre a vivência em redes sociais digitais), revelou que a maioria dos entrevistados definiu como solitária (lonesome) a sua vida antes de participar de alguma rede digital e como maravilhosa (wonderful) após a entrada em uma ou mais comunidades virtuais.
A criação de blogs para relatos de viagens é a mais pura demonstração desta cultura, onde o viajante deixa de estar sozinho em sua experiência sendo acompanhado por quem estiver do outro lado do mundo (literalmente!). Assim, é possível viajar acompanhado pela web compartilhando experiências, emoções e conquistas, ao mesmo tempo em que, através da segurança oferecida por quem já passou ou vai passar pela mesma experiência, oferece uma sensação de entrelaçamento ainda não dimensionada. As pessoas, cada vez mais, tendem a não se sentirem isoladas e abandonadas em suas buscas e aventuras. O irreversível abandono da sensação de solidão gerado pela convivência em "rede" é um dos indicativos de que já estamos vivendo uma cultura confessional.

PESQUISA APONTA EXISTÊNCIA DE 133 MILHÕES DE BLOGS

O portal Technorati publicou, em setembro, a edição atualizada da pesquisa "State of Blogosphere". Nela, contabilizou a existência de 133 milhões de BLOGS no mundo (criados a partir de 2002) publicados em 81 idiomas.
A pesquisa classifica esse tipo de ferramenta como um "fenômeno global" que gera, em média, a incrível marca de um milhão de posts por dia. Além disso, outra revelação importante merece atenção: metade dos "blogueiros" tem mais de uma página, sendo que alguns já alcançam a marca da oitava página pessoal.
Por motivos didáticos o Technorati divide os blogs em três categorias: aqueles que publicam assuntos de interesse pessoal e particular, outros que abordam temas profissionais (compartilhando informações pertinentes ao exercicio de uma profissão ou seu mercado) e, por último, o grupo de blogs corporativos (sobre e para uma empresa). Os resultados apontam que a esmagadora maioria de blogs é de interesse particular (a cada cinco blogs, quatro são de cunho pessoal). Ainda neste primeiro levantamento, o portal indica que dois terços dos blogueiros são homens (70%) e possuem nível universitário. Apesar de ter sido ministrada em inglês, os pesquisadores ressaltam que foram ouvidos usuários de 66 países e foi constatado que a maioria não vive próximo às áreas das grandes metrópoles.
Como motivação para "blogar", os entrevistados apontaram seu desejo de expressão pessoal e relacionamento com pessoas que têm as mesmas idéias, sendo o BLOG uma grande fonte de satisfação pessoal. Apenas 42% dos entrevistados manifestou interesse em receber retorno financeiro através de seus blogs algum dia.
Fonte: redação do portal imprensa

Tuesday, October 14, 2008

COMO UMA ONDA

Esta letra traduz o que sinto nesta tarde; que não seja para sempre, mas que volte sempre a me visitar.
COMO UMA ONDA
Lulu Santos / Nelson Motta
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

TESTEMUNHA DO TEMPO

Alto astral na redação da Imprensa Editorial. A vinda dos ETs nesta noite é um dos assuntos principais. A suposta alusão de Marta quanto à sexualidade de Kassab também é motivo de brincadeiras. Dia de sol, deve ser isso. Lua cheia. E a crise que se vá e não volte!

Cantando baladinhas dos anos 80/90, todos viram meu ânimo e meu "conhecimento de causa". Afinal de contas, fui testemunha ocular do "crime". Acompanhei o Rock in Rio 85 e vi Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho nascerem naquela reedição tropicalizada de Woodstock. Tive até o inesquecível adesivo azul: Rock in Rio 85 , Eu Fui (apesar de nunca ter ido).

No meio da cantoria e da "baderna", uma estagiária (de no máximo 22 anos), me perguntou, com um tom de voz curioso:

- Você foi num show do Cazuza?
(como se fosse um feito inédito, um acontecimento!)

Putz, me senti velho pra caramba, uma peça de museu, já que sou o mais velho desta turma. Tem só um colega "velhinho" de 33 anos. De resto, todos abaixo dos 30.

A ficha caiu, mas serviu para me mostar que ainda canto com o mesmo entusiasmo dos 20 e que a proximidade dos 40 está longe de ser sentida!

Friday, October 10, 2008

Não se preocupem, o Bush resolve!

Como se a crise não fosse consequencia de sua desastrosa política econômica, Bush declarou com muita convicção uma coisa que ninguém sabia:

- "O pacote não vai resolver a crise, mas vai ajudar".

Com uma declaração desta, não é de se estranhar que ele tenha "deixado" a crise chegar a este ponto.

GOD BLESS AMERICA!

"Escrever é escutar o ruído do mundo"

Contrariando as expectativas que apontavam para escritores consagrados como o peruano Mario Vargas Llosa ou o israelense Amós Oz, a Academia Sueca concedeu o Prêmio Nobel de Literatura de 2008 para o escritor Jean Marie Gustave Le Clézio. Pouco publicado no Brasil (apenas três obras foram traduzidas e publicadas por aqui), o francês é um dos autores mais traduzidos de seu país. Escolhido pela Academia sueca por "buscar a aventura poética e o êxtase sensual, por explorar a humanidade além e abaixo da civilização reinante", o autor francês é um viajante e ativista ecológico dividindo seu tempo entre a Europa e os Estados Unidos.
Nascido na França em 1940, logo na tenra infância mudou-se para a Nigéria, onde seu pai foi médico durante a Segunda Guerra Mudial. A década que passou na África, deixou marcas por toda sua vida, sendo a paixão pelo deserto a principal delas, que lhe rendeu inspiração para seu primeiro romance de projeção internacional, "Désert", de 1980, que lhe rendeu o prêmio da Academia Francesa.
Desde a década de 70, quando decidiu abandonar os grandes centros, Le Clézio vive entre Nice e o Estado do Novo México, nos Estados Unidos. Após receber a notícia da sua escolha, o francês declarou que "escrever não é só estar sentado em sua mesa, é escutar o ruído do mundo". Por saber escutar estes ruídos, Le Clézio receberá um prêmio de US$ 1,4 milhão a ser entregue no mês de dezembro, em cerimônia na cidade de Estocolmo.

Monday, October 06, 2008

RITUAL DE PASSAGEM

Sedimentei meus valores e aprendi a acreditar naquilo que realmente me importa.
O resto é ritual de passagem.

Friday, October 03, 2008


Acaba de ser lançado o DVD do show Noites de gala, samba na rua, em que a cantora Mônica Salmaso interpreta músicas de Chico Buarque. A série de cinco shows (com ingressos já esgotados) que está sendo realizada esta semana no Teatro FECAP, no bairro da Liberdade, marca o lançamento oficial do DVD.
Ontem à noite assistimos este show, um dos melhores que já vi em toda minha vida. As gravações das 15 músicas que compõem o repertório do quinto CD da carreira da cantora fazem jus à emoção provocada pelas versões originais, não deixando qualquer rastro saudosista. Em um trabalho cuidadosamente planejado, Mônica Salmaso e o Grupo Pau Brasil, responsável pelos arranjos, cumprem a difícil tarefa de interpretar Chico Buarque, evitando a recorrente comparação com as versões originais. Com arranjos que exploram toda a riqueza da MPB e a interpretação única da cantora, as canções assumem nova personalidade sem deixar para trás seu DNA de origem. De forma brilhante, a releitura deste projeto musical deixa em patamar de igualdade as versões originiais e os arranjos atuais, não havendo disputa entre o passado e o presente. Cada versão mantém a sua força, ocupando espaços iguais para quem ama Chico Buarque.
Mônica Salmaso simplesmente arrasa quando solta sua forte voz no palco. Intérprete de múltiplas facetas, a cantora entra no espírito de cada uma das canções e transmite forte emoção ao mudar até mesmo sua fisionomia e postura corporal de acordo com a música. Graciosa e bastante à vontade no palco, samba solto tocando seu pandeiro ao interpretar Bom Tempo, da mesma forma em que franze seu rosto e assume uma fisionomia constrita na música construção. Aliás, o arranjo do Pau Brasil para Construção merece especial atenção. Uma releitura harmonicamente perfeita e totalmente inovadora que transmite como nenhuma outra gravação a intensidade desta canção. Ciranda da Bailarina, gravado originalmente por um coro infantil em 1983 para o musical O grande Circo Mistico, ganha a leveza que merecia nos acordes suaves da cantora. O ponto alto do show fica por conta da tocante interpretação de Beatriz, um duo com o pianista Nelson Ayres (responsável pela revelação de Mônica no início de sua carreira) que, segundo Teco Cardoso, marido da cantora, levou o público às lágrimas em todos os shows da Turnê.
Com uma produção impecável, desde a qualidade do som até o sensível trabalho de iluminação que nos leva ao clima das musicas, o show é simplesmente fantástico. Uma demonstração do profissionalismo que mantém, merecidamente, Mônica Salmaso entre os nomes da MPB com maior projeção no exterior.

RETRATO EM BRANCO E PRETO

"Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto"
Chico Buarque de Holanda
Durante uma das muitas entrevistas que concedeu em sua vida Chico Buarque deparou-se com uma situação inusitada. A repórter, provavelmente uma novata querendo impressionar, fez uma pergunta "inteligente":
- Chico, por quê na sua música Retrato em Branco e Preto, você diz branco e preto? Todo mundo diz foto "PB", o certo não seria retrato em preto e branco?
Com seu conhecido senso de humor, Chico prontamente respondeu:
- É que eu achei melhor a rima "vou colecionar mais um soneto, fazer um retrato em branco e preto" do que dizer vou colecionar mais um TAMANCO, fazer um retrato em preto e branco.
PS: Esta história foi contata pela cantora Mônica Salmaso em seu show Noites de gala, samba na rua e não hesitei em reproduzí-la.

Thursday, October 02, 2008

MEU AVÔ LUDOVICENCE

Adoro aprender. Mas, quando aprendo algo novo, ao mesmo tempo em que fico feliz por ter aumentado minha bagagem cultural, sinto-me ignorante por não ter sabido de algo que já poderia ter aprendido. Principalmente quando trata-se de algo simples como o que hoje aprendi, durante o almoço, conversando com o diretor de uma empresa que tem uma de suas filiais em São Luís do Maranhão.
Desde pequeno tenho enorme fascinação por esta cidade. Meu tio, Orígenes Lessa, publicou um de seus mais famosos romances, Rua do Sol, baseando-se em sua infância em São Luís do Maranhão. Meu avô materno carregou a vida inteira o sobrenome Maranhense, justamente por haver nascido em solo maranhense. Seu nome não era dos mais fáceis, Zwinglio, que, somado ao sobrenome Maranhense, causou-lhe poucas e boas confusões na vida. Enfim, maranhense não só no mome, mas também de coração, cresci ouvindo de meu avô as histórias da sua São Luis do Maranhão. Lembro-me de uma viagem que ele fez com minha avó, quando eu era pequeno, trazendo de lá não só histórias românticas como as mais lindas fotos dos antigos casarões de seu centro histórico.
Desde então nutro por São Luis uma paixão platônica, alimentando o sonho de pisar em solo maranhense. E por isso, toda vez que se fala em maranhão, esqueço-me da miséria que assola aquela terra onde ainda impera o coronelismo, e viajo até a cidade onde a pobreza inspira a poesia da vida. Esqueço-me dos Sarney e entro "em alfa", conectando-me com a São Luis da Rua do Sol 104, número da casa onde cresceu meu avô naquela cidade.
Vagando por minhas memórias enquanto a conversa fluia, "acordei" quando nosso interlocutor soltou a seguinte pérola: "assim são os ludovicences". Imediatamente indaguei o significado desta palavra, até então, totalmente desconhecida para mim. Qual não foi a minha surpresa quando ele respondeu que ludovicence é quem nasce em São Luis do Maranhão. Puxa vida, tive um avô ludovicence. E eu não sabia. Imaginem se seu nome tivesse sido Zwinglio Ludovicence ao invés de Zwinglio Maranhense?

Wednesday, October 01, 2008

RESPOSTA A UM TELEFONEMA

Onze horas da manhã. Meio de expediente. Leio meus e-mails, formato minhas propostas comerciais, verifico minha lista de pendências. Toca o telefone. Um cliente, penso eu, atendendo prontamente no segundo toque. Surpreso, ouço a voz de nosso Presidente da República.

Apenas por curiosidade, desconsiderando a invasão à minha privacidade e o fato de eu não votar no PT, escutei a mensagem até o fim. Com seu sotaque inconfundível, Lula pedia meu voto para Marta Suplicy alegando que daria todo apoio à nova Prefeita e que a parceria de São Paulo com Brasília será a melhor solução para nossa cidade. A gravação durou cerca de um minuto e meio e o Presidente foi muito enfático em sua retórica eleitoreira. Por respeito à nossa maior autoridade executiva (que se dignou a fazer telemarketing político), não bati o telefone em sua cara. Mas se, ao final da gravação, eu tivesse tido a oportunidade de falar com ele, teria feito apenas duas perguntas:

- Senhor Presidente, Vossa Excelência já pensou que seu cargo lhe exige imparcialidade na administração dos recursos públicos?


- Senhor Presidente, levando-se em consideração esta promessa de campanha, devo eu assumir que os municípios administrados pelo seu partido serão favorecidos por seu Governo?

A minha resposta será dada nas urnas.