Wednesday, February 25, 2009

QUARTA DE CINZAS

Chegou o fim do faz de conta.

Dói em mim abrir a cortina para a realidade

E ver abaixo de minha janela

As cinzas do meu carnaval.

Wednesday, February 18, 2009

Reflexão feminina

Recebi este texto da Roberta, amiga muito especial que é música. Ela é violista da Orquestra Sinfônica Municipal e da Jazz Sinfônica.

Resolvi publicá-lo porque, além de conter muito do que também imagino, traz a dimensão da vida que só as mulheres podem ter (e que eu morro de inveja, pois jamais poderei alcançar)

ARTE x CESARIANAS
por Roberta Marcinkowiski
Há pouco tempo assisti a um concerto em minha cidade. No repertório, entre outras peças, foi executada a Sinfonia Concertante para violino e viola de Mozart. Os solistas eram talentosos e bem treinados e o resultado aproximou-se muito da perfeição. Palavra dura esta, ideal perseguido diariamente pelos que se dedicam a tocar um instrumento musical, mais ainda se a área de atuação for a música erudita. Ouvimos gravações feitas em estúdios, em diversas tomadas e com colagens e retoques que se apresentem necessários para que a perfeição seja atingida. O som dos instrumentos é captado pelos mais modernos e sensíveis microfones e se a sala não oferecer os recursos acústicos ideais, é possível acrescentar a ambiência desejada por meio de avançados softwares. Nada de errado por enquanto, pelo menos no que diz respeito a registros. A música erudita, dentro de seu rígido formato, oferece menor possibilidade de improvisação e devaneio que a música popular, mas ainda assim há espaço para a impressão da personalidade de seus executantes. O que vi naquele concerto e em tantos outros a que tenho assistido foi a impessoalidade, a eliminação da imprevisibilidade, a absoluta falta de entrega emocional em função do controle técnico, a primazia da homogeneidade, enfim, a destituição de qualquer traço de humanidade diferenciador.

Arte?

Ficou nítido também que os executantes não estavam tendo PRAZER, embora suas habilidades técnicas tenham ficado mais que evidentes e a PERFEIÇÃO almejada tenha sido atingida. É provável que outro espectador do mesmo concerto me considere louca. Infelizmente vejo um futuro onde seremos facilmente substituídos por sintetizadores, que estão cada dia mais próximos de reproduzirem exatamente o timbre de nossos instrumentos. Se a execução se aproximar de tal rigor matemático/perfeito, nada impedirá que isso ocorra e que, pior, nem notemos a diferença. Por medo de errar, estamos extirpando a humanidade do processo artístico, que perfeição é essa que perseguimos? Por que acreditamos que o aprimoramento técnico e o excesso de tecnologia definem o que é perfeito?

Assim também vejo a maneira como a medicina moderna encara o nosso corpo: uma máquina dividida em muitas peças, sujeitas a toda sorte de problemas, de fabricação ou de desgaste, cada qual com seu técnico responsável. Se uma das engrenagens funciona mal, procuramos o especialista formado nas universidades após anos de estudo e prática, e obedecemos cegamente às suas instruções.

Não tem sido diferente em relação ao evento do nascimento. Qualquer aspecto humano é simplesmente eliminado pelo técnico cirurgião de útero quando este decide levianamente que o parto será uma cesariana. TODAS as mulheres serão PERFEITAMENTE deitadas, amarradas, anestesiadas e cortadas igualmente, num processo de linha de montagem de fazer inveja ao senhor Ford. TODOS os bebês ficarão em observação no berçário, tal qual vitrine de doceria, tomando leite artificial e chorando pela ausência de suas mães impossibilitadas de cuidá-los. Nada admirável mundo novo…

Terá a cultura da cesariana em nossa sociedade alguma relação com a perseguição do ideal de perfeição? Penso que talvez, já que partimos do princípio de que o que pode ser previsto e controlado tem mais chance de ser “perfeito“. Também tendemos a considerar perfeito aquilo que proporciona maior produtividade. Muitas cirurgias de nascimento realizadas diariamente garantem eficiência à toda prova.

Como poderá o técnico cirurgião de útero entender e respeitar a imprevisibilidade de um trabalho de parto? Como poderá aceitar que não haverá padronização possível? Como poderá encarar que existe PRAZER em parir? Como poderá concluir que o útero faz parte de um todo PERFEITO chamado mulher? Como poderá desistir de ser o protagonista para ser o coadjuvante?

Sempre me pareceu estranho o termo humanização do nascimento, não fazia sentido para mim “humanizar” algo que é intrinsecamente humano. Hoje compreendo o significado absoluto desse termo e acho que não é apenas o nascimento que tem sido comprometido pela “desumanização” em nossa sociedade, a arte também. Caminhamos todos para o lodo da indiferenciação.

Após o nascimento da Júlia, minha filha, de parto natural, entendi que aquele processo foi o meu maior momento de criação artística. Sim, nada mais pessoal e impossível de se repetir que o trabalho de parto, que exija tanta entrega e dedicação e que possa trazer à tona o que de mais profundo, instintivo e essencial reina em nosso ser, que nos aproxime de conhecer verdadeiramente nossos limites e o potencial de superação dos mesmos. Enfim, nada tão humano e perfeito em sua imperfeição.

Pensamento do dia

"Existe apenas uma religião, a religião do amor, existe apenas uma casta, a casta da humanidade, existe apenas uma lingua, a lingua do coração, existe apenas um Deus, ele está dentro de cada um de nós, e todos somos um."

Sai Baba
(um dos maiores líderes espirituais da atualidade)

Tuesday, February 17, 2009

Friday, February 13, 2009

Programa de INfidelidade

Um Motel na esquina da Rua Major Sertório com a Amaral Gurgel tem um programa de Fidelidade: se você usar as instalações do Motel 5 vezes, a sexta é grátis.

Fico me perguntando:

Será que os “travecos” e prostitutas que fazem ponto na região também tem um programa de INfidelidade?

Thursday, February 12, 2009

PALIMPSESTO DO MEU ANIVERSÁRIO

Antes da invenção de Gutenberg, o pergaminho era utilizado para a escrita. Além de artesanal e demorado, seu processo de produção utilizava um dos bens mais preciosos da época: os animais. O couro de ovelhas ou cabras era curtido, lavado, e cuidadosamente raspado com lâminas especiais e com pedra pomes para depois ser branqueado com gesso ou cal. A partir daí, com a superfície branca, era possível registrar, com tinta, a escrita. Porém, como era muito caro e raro, o pergaminho era bastante reutilizado através de uma técnica especial de revitalização. Seu reaproveitamento era feito através do uso de uma solução alcalina que removia a tinta, sendo que, logo após, era feito um processo de raspagem e polimento. Estes pergaminhos reaproveitados eram chamados PALIMPSESTOS. A origem da palavra é grega e remete ao ato de raspar novamente o couro para que se possa escrever em cima do que já havia sido escrito: PALIM (de novo) PSESTOS (raspar/ riscar).

Segundo o evangelista João, Jesus teria usado a palavra PALIM em sua conversa com o fariseu Nicodemos. João narra o conselho de Jesus aos fariseus: em verdade vos digo: necessário vos é nascer PALIM (traduzido na Bíblia por de novo). Independentemente de crença ou do contexto histórico em que se insere o diálogo, filosoficamente é possível pensar sobre o profundo significado desta frase. Estamos sempre mudando, sempre crescendo, sempre nos transformando. Essa é a verdadeira essência da raça humana. Não fosse assim, não teríamos chegado até aqui. Teríamos ficado nas cavernas.

Devemos estar sempre nascendo, ou seja, sempre reescrevendo nossas vidas. Lembrando-nos dos Palimpsestos, devemos mudar, crescer, nos transformar e renovar nossas vidas contando com a história que fica para tráz sempre ao nosso favor. Por isso, a cada aniversário fico realizado, pois assim tenho vivido, com dificuldades, minha vida, mas sempre pensando que hoje sou melhor do que ontem e pior do que amanhã serei (sem pieguice, e com muito sofrimento interno, pois só o sofrimento é capaz de nos impulsionar e levar adiante).

Neste mesmo sentido, em minha interpretação, nascer PALIM seria sempre renovar a fé na vida e nos desafios que ela nos traz. Renovar a coragem, a vibração, o olhar adiante. Assim, RASPO no palimpsesto de minha vida a escrita de mais um ano para começar a escrever PALIM (de novo). Com muito mais fé. E sentindo-me hoje mais feliz e maduro do que há exatamente um ano.

BAILANDO COM A VIDA


Mesmo nublado e chuvoso, aparentemente sem graça, o dia do meu aniversário é sempre um dia legal. Porque assim é a vida, nuns dias chove, noutros faz sol, nem sempre o céu é azul, e cada dia é diferente do outro. Assim tem sido minha vida e, a cada passagem de aniversário, reafirmo meu pacto comigo mesmo de estar sempre em movimento. Movimento este que tem um único objetivo: ser feliz.

Muitas vezes caminho em direção contrária aos padrões e expectativas, poucas vezes sou compreendido, mas estou sempre fiel ao momento em que estou vivendo. E cada fase merece ser vivida de forma única, sincera e verdadeira. De acordo com aquilo que se acredita naquele período, naquele exato período. A cada ano que passa tenho mais nítido para mim que se tenho claro um desejo, um sonho, é atrás deles que eu tenho que correr. Não uso final de ano para fazer “promessas de ano novo” porque estou sempre lutando com a vida em busca daquilo que eu quero. Não costumo aceitar as coisas como elas são, sou inconformado, teimoso e tento adequar a realidade aos meus interesses. Sim, é verdade, “bobeira é não viver a realidade”, mas o que eu posso fazer, é assim que busco ser feliz. Tomo uns tombos daqui, outros de lá, exatamente por não aceitar a realidade, mas de queda em queda, quando a realidade se sobrepõe ao meu desejo, acabo por me levantar mais forte e convicto. Não necessariamente nos padrões desta sociedade artificial e de plástico em que vivemos, mas nos padrões de minha alma a da minha consciência. Na referência dos meus valores, que a cada “queda”, mais sólidos ficam. Disse o filósofo Sócrates: "conhece-te a ti mesmo". Este é o dever de cada um de nós, mesmo que o caminho seja doloroso e difícil, mesmo que aos olhos dos outros seja incompreensível. Mesmo que a caminhada acabe por se tornar uma jornada solitária.

E assim vou bailando com a vida, teimosamente tentando conduzir esta dança, sempre atento ao ritmo de cada balada e sentindo profundamente os acordes da melodia de cada dia. Aproveitando o que deve ser aproveitado e aprendendo, mesmo sem saber para quê ou para quando, com as lições de cada hora. Não vivo estagnado, não vivo parado. Estou sempre “nascendo”, não só a cada aniversário, mas sim a cada manhã.

Monday, February 09, 2009

MINHALMA

Fale para mim, “minhalma”.
Responde ao meu chamado,
Escuta minha voz quando te quero por perto.

Não me abandone, “minhalma”
A mim você pertence.
Sua ausência me enche de saudade,
Teu verbo é meu pensar.

Quero-te muito perto, “minhalma”
Bem aos meus braços.
No meu abraço,
Quero que você se perca.

Não me deixe vazio, ”minhalma”.
Toma conta de mim.
Ainda que de longe,
mas toma conta de mim.

Monday, February 02, 2009

PENSAMENTO DO DIA

A gente insiste em dar ao tempo,
um tempo que não é do tempo.

MEU MUNDO NA MINHA "CACHOLA"

Tenho um problema sério: o munda passa na minha cabeça a uma velocidade que as pessoas que estão de fora não sabem. Sou quieto e instrospectivo, e quem está ao meu redor não imagina o que vejo e penso. Mas está tudo dentro da "cachola". Crise, só no mundo lá de fora. Aqui dentro, nunca trabalhei e pensei tanto. Dia desses, boto tudo pra fora neste BLOG.