Friday, May 29, 2009

ALMA DE ARTISTA

Deixo mais uma etapa de minha vida para trás. Saio daqui para lá com minha alma de artista nas mãos. Semana que vem começo uma nova vida profissional.

Se tem uma letra que traduz o que sinto agora é essa:

NA CARRERA
(Chico Buarque & Edu Lobo)
Faixa do Musical O Grande Circo Místico.

Pintar, vestir
Virar uma aguardente
Para a próxima função

Rezar, cuspir
Surgir repentinamente
Na frente do telão
Mais um dia, mais uma cidade
Pra se apaixonar

Querer casar, pedir a mão

Saltar, sair
Partir pé ante pé
Antes do povo despertar
Pular, zunir
Como um furtivo amante
Antes do dia clarear
Apagar as pistas de que um dia
Ali já foi feliz
Criar raiz
E se arrancar


Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
Arte de deixar algum lugar

Quando não se tem pra onde ir

Chegar, sorrir
Mentir feito um mascate
Quando desce na estação
Parar, ouvir
Sentir que tatibitati
Que bate o coração
Mais um dia, mais uma cidade
Para enlouquecer

O bem-querer
O turbilhão

Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Palmas pro artista confundir
Pernas pro artista tropeçar

Voar, fugir
Como o rei dos ciganos
Quando junta os cobres seus
Chorar, ganir
Como o mais pobre dos pobres
Dos pobres dos plebeus
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus

Wednesday, May 27, 2009

CONCENTRAÇÃO

Não tem jeito. Mesmo com meu time estando uma draga, chega essa hora começa o frio na barriga. Jogo de Libertadores é jogo de Libertadores. Sempre decisivo, sempre emocionante, sempre disputado. Uma verdadeira PERRENGA!

E HOJE não tem como fugir da estranha sensação: não devo ver a merda que vai dar, MAS MESMO ASSIM vou assistir o jogo. Serei teimoso e sãopaulino até o fim de meus dias.

Tristeza maldita essa que vivo hoje perante dias de maior glória do meu tricolor. Mas, "tem jeito não", agora já estou no clima do jogo e entrei em concentração.

VAMOS SÃO PAULO, BUSQUE FORÇAS ONDE PARECE NÃO EXISTIR! BOA SORTE TRICOLOR DO MEU CORAÇÃO.

NOVA REGRA ORTOGRÁFICA

Pela nova regra ortográfica:

NUNCA TREMA NA LINGUIÇA!

PASSEI DOS 100 KMs

Em dois meses de treino de corrida atingi minha melhor marca de regularidade: média real de 3 vezes por semana. Finalmente!

PASSEI DOS 100 KILÔMETROS CORRIDOS em menos de 60 dias.

Até hoje foram 103,50 Kms e ainda faltam dois dias úteis de maio. Vou passar dos 110 Kms em dois meses.

Quem sabe neste ano eu atinja minha antiga meta de correr 1.000 Kms em um ano. Para isso terei que fazer provas de rua e a primeira está chegando: 21 de junho na USP,6 Kilometros.

Chegando aos 40, mas com ânimo de 20.

Thursday, May 21, 2009

CARTA A UM MALUCO

Querido parceiro de tantas idas e vindas em minha vida,

Difícil te entender e saber o que você quer me dizer. Quando penso que te entendi, você me passa a perna e joga no chão. Quando desisto de te entender, você me dá uma resposta de "sopetão". O fato é estou tentando não te entender mais, muito embora me pareça difícil esta sensação de não querer e não dever te entender. Dá um puta medo, uma puta insegurança, é mais fácil querer acreditar que todo o controle de sua viagem e sua trajetória estão em minhas mãos.

Cara, juntos já passamos tantas coisas, você já me deu tantas surpresas inesquecíveis como a visão da janela do vôo American Airlines de Nova York para Sâo Paulo em 1995 em que chorava a sensação de não voltar tão cedo sem a menor esperança de que isso acontecesse rápido. Menos de doze meses depois, você me colocou cara a cara com a Big Apple. Você já me fez esperar tanto por minha filhota, sofrer tanto para que ela chegasse, e eu brigava com você. Te amaldiçoava, xingava e odiava. Mas você foi camarada e seu eu tivesse que passar por tudo de novo só para ver o sorriso de minha pequena, certamente eu passaria. Naquela época não te entendia (e continuo a não te entender, seu velho maluco!)e só esperava que uma reposta viesse. Pois ela veio e é a mais linda e viva que você poderia ter me dado.

Você é meio esquisito, horas rápido demais para mim, às vezes tão demorado que não aguento mais falar com você. Fico bravo, irritado quando acho que você vai me dar a resposta que eu queria e ela vem de outro jeito, do SEU jeito, seu teimoso de uma figa. E não tem como: é sempre sua a palavra final. Brigo, luto, tento te levar pra cá ou para lá, mas é você quem me leva pra onde você quer. Ôh, "química" mais difícil de se entender. E eu ainda insisto em querer te entender.

Dia e noite fico conversando contigo, olho pros lados, vejo os outros e me pergunto se eles tem a mesma relação com você. Como serão seus outros amigos? Você também os domina e diz que é você que tem a "marvada e danada" resposta pras coisas? Ou só eu é que sou teimoso e fico inistindo em te comandar? Você dá a mesma atenção para os outros seres sem paciência que nem eu? Não deve ser fácil me aguentar o dia inteiro te perguntando as coisas e querendo de você as respostas para os meus porquês. Deve dar uma vontade danada de dizer: me deixa em paz, não tenho nada a ver com isso. Bem que eu gostaria, porém, cada vez mais, você me mostra que, no final das contas, tudo tem a ver com você.

E já que eu não tenho como me livrar de você (e nem você de mim) vamos tentar chegar a um acordo, velho parceiro. Do jeito que andam as coisas, se eu pudesse, te "pegaria" na esquina pra te encher de porradas. Pra ver se você, só assim, consegue me explicar o que vai acontecer. A forma como você tem agido tem me deixado meio maluco, mas estou tentando fazer a minha parte para me controlar. Você tem visto. Porra,tenho buscado o melhor de mim para conviver contigo, tentar estar ao seu lado e tentar te acompanhar. Mas, "meu", vou te dizer, tá fácil não. Você apronta cada uma, me dá cada nó na cabeça, me deixa em parafuso, me perguntando o que fazer. De vez em quando você me deixa sem ação, sem perspectiva, sem norte. Por outro lado, às vezes me manda uma avalanche de variáveis que eu nem sei por onde começar. E o pior é que eu te pergunto e você parece me dizer: "sei lá, se vira, negão, a minha parte eu já fiz".

Querido TEMPO. Não me leve à mal não, é puro desabafo, eu gosto muito de você, mesmo com todo esse seu jeito engraçado e diferente de ser. Com você eu não consigo prever uma reação! Você é a única "pessoa" com quem converso sem ouvir uma palavra de volta. Fico adivinhando o que você vai me dizer. O engraçado é que, quando vem uma resposta, ela é silenciosa, porém definitiva. Durma-se com um barulho desses. "Bicho" você é a coisa mais imprevisível domundo. Incontrolável, insondável, indomável, incansável. Totalmente incansável.

Ainda bem. Porque assim você aguenta meus surtos e minhas cartas. E continua "na sua", zombando de mim e se divertindo com esse inocente que tenta te controlar.

Um grande abraço na esperança de que nossa relação posssa melhorar.

Thursday, May 14, 2009

SINAL DOS TEMPOS

Interessante matéria publicada na revista Você S/A R.H da Editora Abril.

Vale uma profunda reflexão sobre a necessidade premente de revisão nos valores corporativos.


À prova de fuga


Ao perceber que jovens talentos estavam deixando a empresa, a Procter & Gamble desenvolveu uma estratégia de retenção específica para esse público

Por Maurício Oliveira

A subsidiária brasileira da multinacional americana Procter & Gamble acreditava ter dois trunfos irresistíveis para atrair e manter jovens talentos: a promessa de vínculo de longo prazo e a perspectiva de experiências internacionais. Depois de perder muitos expoentes da chamada Geração Y, contudo, a empresa percebeu que suas melhores ofertas já não eram suficientes e procurou entender melhor os novos anseios dos profissionais em início de carreira.

O DESAFIO: Acostumada a não se esforçar para ter profissionais de peso disputando um lugar em seu escritório, a subsidiária brasileira da Procter & Gamble se surpreendeu ao registrar seu turnover voluntário no último ano fiscal. Enquanto a rotatividade da empresa ficou em 5,6%, o índice registrado na faixa etária entre 20 e 30 anos foi quase o dobro, de 9,8%. O número soou como sinal de alerta na companhia, que sempre se caracterizou por apostar no recrutamento de jovens recém-saídos da universidade e que raramente vai ao mercado em busca de profissionais experientes. A idade média dos 2 850 profissionais da Procter é de apenas 32 anos e cerca de 30% do quadro é composto por jovens da chamada Geração Y, nascidos entre 1978 e 1988. No grupo de 517 pessoas que ocupam cargos gerenciais, o percentual é ainda maior – 44%. “Apostamos em relacionamentos de longo prazo e acreditamos ter muito a oferecer para quem quiser fazer carreira aqui dentro. Se isso estava deixando de acontecer em alguns casos, era preciso investigar as causas”, diz o diretor de recursos humanos, Carlos Relvas.

A SOLUÇÃO: Para entender o fenômeno, a Procter decidiu investigar. Em primeiro lugar, promoveu uma pesquisa com estudantes de algumas das principais universidades do país. Dos entrevistados, 48% disseram não pretender passar a carreira em uma mesma empresa e nada menos que 50% afirmaram que não querem deixar o país a trabalho. Essas conclusões batiam de frente nos dois maiores atrativos tradicionalmente oferecidos pela multinacional americana que, aos 171 anos de vida, é reconhecida pela estabilidade e pelos intercâmbios que promove entre os funcionários dos 140 países em que está presente. Era preciso, de cara, tomar uma decisão estratégica: o recrutamento deveria se concentrar nos jovens que valorizavam as melhores ofertas da empresa (o que significaria abrir mão de 60% dos candidatos em potencial, mas possivelmente reduziria o turnover), ou valeria a pena apostar na mudança de mentalidade dos contratados? Optou-se pela segunda alternativa. “Quem fica cinco anos conosco dificilmente quer sair, pois consegue perceber todas as perspectivas que a empresa oferece”, diz Relvas. Foi preciso, portanto, buscar formas para segurar esse jovem nos primeiros cinco anos. Para isso, deu voz aos seus profissionais para entender melhor seus anseios e motivações. Entrevistas de desligamento envolvendo colaboradores até 30 anos de idade passaram a ser feitas com mais rigor. Foram organizados também debates internos para que os executivos mais experientes conhecessem o ponto de vista da Geração Y. Chegaram à conclusão que esse profissional gosta de se diferenciar da multidão, como ter liberdade para se vestir, decorar a estação de trabalho e utilizar o MP3 e o Messenger. A partir dessa constatação, a empresa passou a fazer algumas concessões. O uso de calça jeans, por exemplo, foi liberado, mas as bermudas continuam vetadas. Outro desejo demonstrado pelos jovens era a flexibilidade de horário, concedido também em parte pela empresa – é preciso cumprir um expediente-núcleo entre 10h e 16h. Foi criado um programa de mentores – cada jovem passou a ser acompanhado por um funcionário mais experiente, com o compromisso de se reunirem periodicamente para trocar ideias e impressões. Formou-se também o Conselho Júnior, pelo qual os jovens têm acesso direto à cúpula. Além das novas ações, a Procter decidiu investir mais ainda no seu clima. O videogame e a mesa de pebolim garantem momentos de descontração, assim como as atividades de bem-estar, como ioga e caminhadas. Somado a isso, a empresa estimula o rápido crescimento (o tempo médio de permanência em cada função é de dois anos e meio) e paga salários acima da média de mercado.

O RESULTADO: A soma de ações começou a dar resultados mais perceptíveis a partir do último trimestre do ano passado, quando os pedidos de demissão por parte de profissionais abaixo de 30 anos se aproximou do patamar médio registrado na empresa como um todo (5,6%). Números consolidados serão apurados em maio, mas os retornos do programa de mentoria indicam que os jovens estão mais pacientes e propensos a apostar em relacionamentos de longo prazo. Ao registrar efetivamente o turnover de 5,6%, a Procter vai comemorar uma redução de 40% em relação ao número anterior.

FÉ CEGA, DÍZIMO SAGRADO

Saindo de um almoço no Shopping Light escutei os acordes de uma música muito familiar, o hino da batalha. Atravessava a Xavier de Toledo em direção ao Teatro Municipal quando resolvi mudar de direção ao ouvir um coro muito forte começar a entoar: "glória, glória, aleluia, vencendo vem Jesus". Parei extasiado em frente às Casas Bahia ao ver um grupo de aproximadamente 50 pessoas ao redor de um senhor com um órgão eletrônico e um microfone “puxando” o coro. Busquei um lugar em meio à roda que não parava de aumentar na medida em que pessoas, como eu, se aglomeravam para escutar aquele hino ou ver o que estava acontecendo. Era um movimento natural, pessoas se acomodando, passando e olhando, parando e cantando.

Um senhor baixo, cabelos pintados cor de caju, microfone em volta da cabeça e sentado em um banquinho ao lado de uma caixa de som, chamava mais a atenção do que as promoções da vitrine ao lado. Uma seqüência de hinos intercalada a "mensagens de salvação" foi tocada com um coro cada vez mais forte ao som de aleluias, améns e glórias a Jesus. Olhos fechados em orações particulares ou em voz alta, mãos para o alto, palmas para acompanhar os hinos. O culto a céu aberto parava fiéis no centro da cidade que não para nunca.

Cegados por sua fé, observei ingênuos olhares se irmanando em volta de um mercenário da religião. Um músico como outro qualquer buscando seus trocados nas ruas da metrópole. Mas com uma criativa história sobre o teclado comprado com o dinheiro que Deus lhe reservara e com o dom musical adquirido, na Igreja, por milagre de Jesus em apenas cinco minutos. Aleluia irmãos!

Em cima da caixa de som uma discreta bolsinha ao invés de um chapéu para receber o dízimo, neste caso dízimo, não caixinha. Um artista desta magnitude jamais teria um chapéu para receber sua "bênção". Ao lado, uma surrada Bíblia, provavelmente fiel depositária da sua falta de culpa. Incrédulo permaneci vinte longos minutos ouvindo a "palavra do Senhor" até que o diabo do relógio da calçada começou tentar os crentes. Aos poucos os fiéis foram saindo da roda para retomar suas vidas; porém sem nunca deixar ao menos algumas moedas com as mesmas palavras: Deus te abençoe irmão. Dinheiro suado e batalhado que deve ter faltado logo na esquina para pagar o almoço. E que, poucos minutos depois e muitos quilômetros adiante, deve ter pago um farto almoço para o músico disfarçado de pastor.

GENIALIDADE ATEMPORAL

Um candidato a vaga de estágio no jornal O Estado de São Paulo participava de uma entrevista com um brinco quando foi perguntado:

- Você está indo muito bem na entrevista, mas usa brinco. Brinco não é coisa de veado?

A resposta foi de "bate-pronto":

- Pode até ser, mas só um veado reconhece outro usando brinco.

Não é preciso dizer que a entrevista acabou naquele momento e o candidato não conseguiu sua vaga.

Felizmente o corajoso homossexual que deu esta resposta no final dos anos 80 é hoje um brilhante e reconhecido jornalista, editor de uma das mais importantes revistas deste país.

Friday, May 08, 2009

ATARI NADA VIRTUAL

Na pista do parque da Aclimação todos correm no sentido anti-horário. Eu, e outros poucos, corremos no sentido horário. É engraçado ver as pessoas vindo em minha direção e eu ter que desviar delas. Quase ninguém muda seu rumo, todos continuam sua caminhada ou corrida sem se alterar. Sinto-me jogando aquele clássico do ATARI, ENDURO, onde um tosco carrinho desviava de outros que vinham em direção contrária. Os carrinhos iam aumentando, aumentando e o grande desafio era chegar à linha de chegada no tempo estipulado. Assim acontece comigo no parque. Em dias de maior movimento meu desafio é grande, tenho que correr olhando para frente e NUNCA para o chão, desviando das pessoas para tentar fazer meu tempo de volta. Com a sensação de estar em um videogame, corro contando o número de pessoas das quais desviei. Tenho até um placar diário, mas nada se iguala à etapas do ENDURO que iam ficando cada vez mais difícieis. Quem da nossa geração paleozóica "pré-playstation" não se lembra do número mágico de 300 carrinhos a serem ultrapassados?

Hoje de manhã, antes de correr no sentido horário, estava me alongando quando uma mulher, andando no sentido anti-horário, parou e se aproximou de mim perguntando:

- Fernando, tá lembrado de mim?

Êta perguntinha perigosa essa, especialmente quando a resposta cabisbaixa sai assim:

- Seu rosto é muito familiar, mas não me lembro do seu nome.

- Sou a Mônica, que trabalhou com você no Abbott, disse ela.

Aliviado por ter sido reconhecido mesmo depois de dez anos sem encontrar a ex-colega de trabalho e, desconcertado por ter visto tamanha mudança em seu rosto (por que não dizer corpo!), respondi:

- Ah, claro, Mônica, você ainda está lá?

- Não, a faca foi passando devagar e há dois anos rodei em uma ceifada forte.

- E o "Mezza", ainda está lá?

- Não, ele é meu chefe agora na BD (Beckington Dickinson). Foi ele quem me levou para lá. Fiquei nove meses parada.

- E ele. Continua do mesmo jeito?

- Igualzinho, o mesmo carcamano de sempre. Mas é o superpoderoso do marketing e do comercial de lá.

- Bom, e você, está bem lá?

- Você sabe, né, acho que toda empresa hoje quer te pressionar até onde não dá mais para aguentar.

- E o resto da turma?

- Bom, uns foram pro interior, outros ainda estão procurando emprego, alguns montaram negócio próprio. E Você?

- Trabalho na área comercial de uma revista.

- Está bem?

- Vou levando, pelo menos não trabalho mais na industria farmacêutica.

Um aperto de mão selou nossa despedida.

Ela começou sua caminhada no sentido anti-horário. E eu, minha corrida no sentido horário.

Monday, May 04, 2009

FILOSOFIA DE VIDA

"Cidadão não é aquele que vive em sociedade, mas aquele que a transforma"

Augusto Boal

DAS COISAS QUE EU TENHO MEDO

Morro de medo da falsidade. Fujo da mentira.

Ando à procura de gente com valores éticos e tenho horror de quem se vende e se deixa corromper. Odeio a mediocridade e dela procuro escapar com todas as minhas forças.

Não acredito em quem se faz de santo, nos reprimidos,naqueles que falam em voz baixa e se sentem modelos de comportamento. Não vejo nenhum sentido na religião quando usada para justificar erros próprios e para limpar o remorso do passado.

Não acredito em promessas de ganho fácil com pouco trabalho.

Tenho medo de soluções prontas. De auto-ajudas e conselhos pré-fabricados, soluções mágicas, fórmulas simplificadas que resumem nossas vidas a uma apostila. Quero distância de todos esses manuais da felicidade.

Tenho medo de meu próprio preconceito e contra ele procuro lutar. Tenho medo da minha inércia e de meu comodismo. Tenho medo de minha própria pequenez e dela quero me desfazer. Tenho medo do sossego.

Ao mesmo tempo em que tenho medo do inferno que a falta de paz me traz.

Tenho medo de uma sociedade consumista, sem valores e sem solidariedade. Tenho medo da falta de um coração.

Morro de medo de quem tem o dinheiro como único objetivo de vida.

Tenho medo da frieza das pessoas que se escondem em seus próprios mundos e não se abrem para a vida. Tenho medo da auto-defesa e do fechamento das pessoas. Tenho medo de não conseguir quebrar as barreiras delas. Tenho medo de ver meus amigos infelizes.

Tenho medo de não ter mais amigos. Tenho medo que a crise, o emprego, suas familias, os levem de mim.

Tenho medo de não viver a vida que eu quero para mim.

Tenho medo de não desenvolver meus verdadeiros talentos, não lutar por uma sociedade mais justa, não ajudar os outros, não exercer minha cidadania.

Tenho medo de quem não luta pela vida e a deixa passar por entre as mãos sem saber o que é viver.

Tenho medo de não gritar, berrar e botar pra fora meu ódio, minhas frustrações, minha ansiedade.

Tenho medo de engordar engolindo minha própria vida.

Tenho medo de não mais praticar esportes e não conseguir educar minha filha.

Tenho medo de não ver sentido nesta vida.

Tenho medo de não combater meus medos.

NÃO POSSO ME ESQUECER DISSO NUNCA

Gostaria de uma sociedade mais justa e organizada, com um Estado menos participativo e mais mediador.

Acredito verdadeiramente na força tranformadora da iniciativa privada quando ela transfere o valor da propriedade para a sociedade.

Creio na mudança de valores através das artes, da educação e do esporte

FERIADO NACIONAL

Segunda-feira com FLAMENGO e CORINTHIANS campeões estaduais.

Hoje deveria ser FERIADO NACIONAL.

Friday, May 01, 2009

SAUDADES SEM FIM






Faz quinze anos que as corridas de Fórmula 1 não são mais a mesma coisa para mim. Um dos esportes qua mais adoro praticamente perdeu a graça. Mesmo nesta temporada que parece estar retomando a competitividade, depois que o Senna nos deixou, nunca mais tive o mesmo prazer em assitir as corridas. Infelizmente fiquei órfão de meu maior ídolo e nunca mais consegui colocar alguém no lugar.

Por ele fiquei em 90/92/93/94 mais de dez horas na fila desde a madrugada do dia anterior aos GPs disputados em Interlagos. Gritando feito um condenado: "Olê, olê, olá, Senna, Senna" tomei chuva na cabeça com imenso prazer e perdi a voz quando, junto com mais de 90.000 pessoas, fui à loucura em sua inesquecível vitória de 1993. Gritei e comemorei seu primeiro título na madrugada de um domingo com uma televisão que mal pegava o sinal da transmissão por estar em uma fazenda. Gastei o dinheiro do meu orçamento do dia pagando um taxista de Montecarlo para dar 3 voltas no circuito de Mônaco gabando-me por ser brasileiro. Sem que ninguém entendesse nada, passei à pé pela famosa curva Rascasse (que leva à linha de chegada em Mônaco) gritando "Senna, Mr. Monaco". Tantos e tantos domingos acordei mais cedo depois da balada só para vê-lo triunfar nas pistas.

Abaixo um texto publicado na edição nº5 da Revista 20/20 Brasil (em novembro de 2002)com toda minha admiração e meu olhar sobre o Ayrton. Notem que naquele ano Michael Schumacher (8 temporadas após a morte do piloto) ainda não havia batido o recorde de pole positions de Senna.


Olhos de lince

O mágico das pistas simplesmente via o que os outros pilotos não viam

Fernando Lessa


Na pista todos sentiam sua presença: era impossível para um piloto não percebê-lo por perto. Gehrard Berger, seu companheiro na McLaren por muitos anos e um dos maiores amigos no circo da Fórmula 1, certa vez disse que Ayrton via o que os outros não viam. A capacidade que Senna tinha de achar ângulos de ultrapassagens e tomadas de curvas (como se diz no jargão automobilístico) eram incríveis. Berger ficava impressionado com suas manobras e comentava com o piloto as telemetrias computadorizadas que mostravam o desempenho do carro volta a volta: “Como você fez esta curva nesta velocidade?”, perguntava. Não à toa, mesmo quase dez anos após sua morte, Senna permanece o recordista de pole positions da Formula 1: foram 65 poles, marca não alcançada nem pelo pentacampeão Michael Schumacher.


O desempenho de Senna sempre pareceu incrí-vel para todos os pilotos. Mesmo seus mais ferrenhos rivais o respeitavam. Alain Prost dizia que Senna tinha o dom de andar à frente. Esse incontestável dom é revelado por uma de suas grandes marcas: em mais da metade das corridas que disputou, Senna liderou. Foram 161 GPs disputados, dos quais esteve à frente em 86.


Ayrton tinha uma sensibilidade acima da média. Seus sentidos pareciam integrar-se buscando a perfeição. A expressão de concentração antes da largada é prova disso. Costumava dizer que em vários momentos “se desligava” do cockpit e dirigia por instinto, quase que levado. Por várias vezes revelou seu lado místico dizendo que conseguia ver de fora do carro o que estava fazendo. Inquestionavelmente, de todos os sentidos, a visão era o mais privilegiado deles: conhecia cada centímetro das pistas e as dominava com precisão.


Obstinado pela perfeição, como todo ariano que se preza, tinha o hábito de treinar exaustivamente para conhecer e desafiar seus limites. Chico Serra, seu companheiro de disputa de campeonatos de kart conta que, certa vez, em Bauru (SP), chegou para “abrir o kartódromo”, como era de costume (Chico Serra gostava de treinar sozinho pela manhã). O porteiro, o advertiu: “Já tem gente andando aí”. Serra encontrou Ayrton, ainda com o dia para clarear. Não acreditando, perguntou ao companheiro: “E aí, caiu da cama?" Senna respondeu: “Tenho que treinar no escuro para ver melhor de dia”. O que Ayrton Senna via, quase ninguém era capaz de enxergar.


Ainda jovem, disputando o Campeonato Paulista de Kart e pilotando seu famoso kart 42, Senna criou no Kartódromo de Interlagos uma “tomada de curva” que ninguém havia feito. Ele descobriu um ponto de frenagem totalmente inusitado que facilitava a entrada em maior velocidade na curva. Com esse recurso, quebrou o recorde da pista estabelecendo uma marca que permaneceu imbatida por muitos anos. Até hoje, os melhores tempos do Kartódromo de Interlagos são obtidos por aqueles que conseguem fazer “a tomada do Senna”, como ficou conhecida.

O que esperar


A atuação magistral de Senna não se restringia às pistas. Durante toda a sua carreira, ajudou de forma anônima várias instituições de caridade. “Se a gente quiser modificar alguma coisa, é pelas crianças que se deve começar”, dizia o campeão. Mas foi sua irmã quem concretizou seu sonho de criar uma instituição que contribuísse para a construção de uma sociedade melhor. Fundado por Viviane Senna, em 1994, o Instituto Ayrton Senna é hoje um modelo de organização no Terceiro Setor. Por sua exemplar obra, o Instituto recebeu vários prêmios da Unicef e hoje ampara 400 mil crianças e jovens em todo o Brasil.


O Instituto Ayrton Senna é uma ONG mantida por 100% dos royalties de todos os contratos de imagem de Ayrton Senna bem como da marca Senna e do personagem Senninha que foram doados pela família Senna para que o Instituto pudesse existir. Essa receita só pode ser obtida porque, ainda em vida, Senna revelou grande visão empresarial e lançou vários produtos com a marca Senna, desde bicicletas “mountain bike” até óculos (distribuídos pela Seline e que são um sucesso de vendas). A marca Senna rende recursos para o Instituto Ayrton Senna e o personagem Senninha é ídolo de milhares de crianças, muitas delas que sequer o viram nas pistas. Por sua grande visão, Ayrton Senna foi um homem que soube integrar carreira, imagem, empresas e cidadania, deixando um rastro que o manterá presente na história do Brasil