Friday, June 06, 2008

CINEMA NOVO

Saí correndo em direção à Avenida Paulista. Um compromisso inadiável: cinema das cinco na Reserva Cultural. Todos corriam apressados para voltar para casa ou ir a algum lugar. E eu, indo ao cinema. Tinha vinte minutos para chegar lá e, sem ver quem se aproximava, ia passando um e outro, costurando todos e, como um piloto de competição, deixava os retardatários para trás.
Ninguém entendia nada, nem o próprio marronzinho de quem desta vez me vinguei, já que ele não pode sacar seu talão de multas. Lembrei-me de minha primeira e única São Silvestre quando corri pela Avenida Paulista após a longa subida da Brigadeiro. Não deixava para trás o vento que me acompanhava nesta corrida pela Avenida símbolo da cidade que nunca para. Uma corrida pura, livre, descompromissada e descontraída. Em direção aos meus sonhos e ao meu ser. Rumo ao topo da liberdade.
Não via nada. Só ouvia o vento soprando palavras em minhas orelhas e, confiante, corria, corria e corria. Desenfreadamante, com muita energia, deixando para trás coisas inúteis que devem ser esquecidas e enterradas. Olhando para frente, mirando no amanhã, pensava em começar de novo. Pensava em fazer do meu jeito, da minha forma, sem manual de instruções ou regras pré-estabelecidas. Pensava apenas em criar a minha estrada com a vida em minhas mãos contando apenas comigo e sabendo que disso seria capaz. Respirava, sugava, o ar que me faltava e oxigenava meus pulmões com a minha eterna esperança.
Cansado, mas com energia para mais tantos metros, cheguei ao cinema e assisti, pela primeira vez na minha vida, um filme às cinco horas da tarde de uma sexta-feira.

1 comment:

Dudalessa said...

E ofilme valeu a pena???
Bjs