Tuesday, December 15, 2009

ISSO SIM É QUE É MARKETING!



Na cidade de Salto, interior de Sâo Paulo, um caminhoneiro estacionou seu caminhão em frente ao palanque onde estava sendo realizada cerimônia de entrega de 170 casas populares da CDHU. Fazia propaganda de um serviço fundamental para os novos moradores do bairro que, com certeza, precisavam fazer mudanças.

Sem perceber e, de forma instintiva, o caminhoneiro reuniu todos os princípios da comunicação e do marketing nesta "singela" ação: o produto certo, no lugar certo para o público certo.

Ah, se todas as empresas não complicassem o que é tão simples!

Thursday, December 03, 2009

FRASE DO DIA

"O maior desafio é manter-se fiel ao próprio idealismo depois de perder a inocência"

Bruce Springsteen em 2002.

MUDANDO DE LADO, MAS NÃO DE POSIÇÃO

A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) sorteou hoje de manhã 376apartamentos no Bairro do Ipiranga para servidores públicos estaduais. O sorteio eletrônico foi realizado na Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (AFPESP) e contou com a presença de mais de 200 pessoas.

Como fui um dos integrantes da equipe organizadora do sorteio, estive presente ao evento. Senti-me bem, alegre por saber que pelo menos 376 famílias teriam uma nova vida a partir de hoje. Fiquei bastante feliz por poder parabenizar alguns dos contemplados e ver a emoção em seus olhos. Mas infelizmente nem todos saíram de lá com seu novo apartamento.

Ao final da cerimônia uma senhora aposentada, cabelos brancos e corpo "curvado", se aproximou de mim e falou que tinha um protesto a fazer. Muito educada, disse primeiro que estava triste por nao ter sido sorteada, mas que entendia que não tinha sido a vez dela. Lamentei e tentei encorajá-la dizendo que haverá novo sorteio e que o período de inscrições vai de janeiro a março.

Falando baixo e, com semblante desapontado, a senhora começou sua queixa.

- "Poxa vida, por quê vocês não fazem mais apartamentos? A gente vê tanto cortiço por aí, tanto prédio abandonado, tanta barbaridade, tanta oportunidade? Por quê vocês não constróem mais?

Em um segundo percebi que havia mudado de lado. Respondia agora pelo Estado e não estava mais protestando ou reclamando do "lado de fora".

Respirei fundo e falei:

- Concordo plenamente, a senhora tem toda a razão. Existem mesmo muitos cortiços e prédios abandonados, não só no centro de Sâo Paulo. Oportunidade é o que não nos falta. Mas existe muita burocracia e muita demora nos trâmites legais, então isso acaba dificultando as coisas. Existe pouca verba para a necessidade e tem muita gente para ser atendida. A senhora tem toda a razão.

Mais uma pausa e a resposta ganhou um "certo ar político":

- Mas o esforço que está sendo feito não é pequeno. Este sorteio do qual a senhora participou é uma inovação, não havia antes este programa. Temos entregue vários apartamentos e casas pelo Estado afora e ainda vamos construir mais. Este apartamentos que foram entregues hoje são muito bons e modernos.

Senti que minhas palavras pouco adiantaram para quem não havia conseguido um apartamento de 50 metros quadrados no Ipiranga. Fiquei triste por aquela senhora, mas, pela primeira vez na vida, senti na pele o que é estar do outro lado. O que recebe as pedradas.

Posso dizer que foi uma sensação profunda, intensa e "bagunçada". Passei por um misto de tristeza por ver a decepção de uma pessoa que disse sonhar com sua casa própria (algo tão comum entre nós). Ao mesmo tempo, estava seguro de que as minhas últimas palavras, tanto quanto as primeiras, haviam sido sinceras. Foram palavras que transmitiram meu idealismo e que me deixaram mais confiante na possibilidade de se melhorar a vida pública. Estava agora do lado que pode (e deve) ajudar a transformar a realidade das pessoas e do mundo. Estava vivenciando uma experiência transformadora em mim. Estava deixando de sonhar longe para sonhar de perto. Estava efetivamente ampliando meus horizontes e aprendendo a enxergar a vida sob outra perspectiva. OLHAR DE NOVIDADE.

OLIVETTO É POP!




Craque é Craque. Quando sabe o que faz mobiliza fâs e admiradores onde quer que vá. E Washington Olivetto é, sem dúvida, um deles.

Em uma Livraria Cultura ABARROTADA de gente o publicitário não tinha espaço para dar atenção a todos. E,mesmo assim, tentava. As filas eram enormes e todos se misturavam entre as prateleiras de livros, subindo e descendo as rampas da loja. Entre câmeras de televisão, ex-jogadores de futebol, jornalistas esportivos, microfones de rádios e muitos flashes, lá estava Washington lançando seu livro: Corinthians x os outros.

A criativa narrativa, escrita em parceria com o jornalista Nirlando Beirão, conta a história de fictícios clássicos entre o Corinthians e os outros times do Brasil. Mas não são times quaisquer. São equipes escaladas por torcedores ilustres. Assim o Corinthians de Olivetto enfrenta o palmeiras do Governador José Serra ou ou Santos de Fausto Silva em clássicos que entraram para a história. São ao todo 14 partidas, que trazem, ao final, as minibiografias dos destaques de cada uma, precedidas pelas “notas de roda-os-pés”, seção em que o autor restabelece, com a ajuda do pesquisador e jornalista da ESPN Celso Unzelte, a verdade dos fatos.

Mais um projeto do cara mais POP da atualidade em meio à esta mídia medíocre recheada de "personalidades" popopuzadas e sem conteúdo. Como ao Washington o que não falta é conteúdo, uma abordagem criativa para quem gosta de futebol e boas histórias!Ainda não li o livro, mas já dei uma "zapeada". Recomendo.

Friday, November 27, 2009

PARA MEU BLOG

Blog meu amigo, espera minhas memórias guardadas destes meses maravilhosos e cheios de tantas novidades.

Ainda não consigo "botar tudo pra fora", estou gestando uma nova vida. Há tempos, é verdade, mas desta vez sinto-me diferente.

Olhos verdes.

Olhos coloridos.

olhos de saudade.

Olhar de novidade.

NASCE O JORNALISTA SEM DIPLOMA...

Friday, November 13, 2009

ISSO É QUE É SUSTENTABILIDADE!




NO melhor (e talvez ÚNICO!) restaurante de Cardeal, distrito da cidade de Elias Fausto (próximo a Indaiatuba), a dona não deixa por menos: dá-nos uma verdadeira lição de sustenatibilidade de seu próximo negócio.

No buffet servido sobre o fogão à lenha vários pratos, feitos à mão na pequena cozinha no fundo do estabelecimento. O preço era barato frente ao serviço (com ovos fritos na hora e em quantidade): R$ 8,50 para comer à vontatade.

Mas AI DO SUJEITO QUE DEIXAR ALGUMA COISA NO PRATO.

Isso sim é sustentabilidade.

Wednesday, October 21, 2009

OLIMPÍADAS UM RECORDE DE MÁ DISTRIBUIÇÃO E CONCENTRAÇÃO DE VERBA PÚBLICA

Em meio a onda de ufanismo fora de proporções que se espalha por nosso país e nossa imprensa, meu inconformismo aumenta a cada dia. Não consigo aceitar a destinação de grandes montantes de verba pública para a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas, preterindo investimentos sociais em áreas que deveriam ser priorizadas. A imprensa noticiou na semana passada, sem grande questionamento, que o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) vai ser o principal financiador do Governo, devendo oferecer ao menos 15 bilhões de reais para os dois eventos. Caberá ao banco custear, com empréstimos, os principais gastos de infraestrutura urbana, restando ao Governo Federal o investimento em portos, aeroportos e paisagismo. O BNDES vai disponibilizar inicialmente R$ 5 bilhões para o PAC da Mobilidade, programa que prevê a construção de vias, criação de corredores de ônibus articulados e a expansão do metrô carioca com a criação de outras linhas. Além deste montante, o BNDES também abrirá uma linha para reforma de hotéis estimada em R$ 1 bilhão - podendo chegar a R$ 5 bilhões - já que é necessária a construção de mais 10 mil a 12 mil quartos no Rio para atender os parâmetros olímpicos.

Tratando-se da realidade social brasileira, estes são números que impressionam. Estima-se que o investimento de verba pública será de aproximadamente R$ 30 bilhões, número este que, pelo histórico dos Jogos PanAmericanos de 2007, deve, pelo menos, dobrar. Apenas como dado comparativo, segundo o site do programa Minha Casa Minha Vida, o Governo Federal deve destinar R$ 34 bilhões para construir 1 milhão de moradias. Ou seja, o orçamento previsto para investimentos nas Olimpíadas é praticamente o mesmo do programa de habitação do Governo Lula. Não seria a questão habitacional mais importante do que as Olimpíadas?

Além de não reconhecer prioridade nos investimentos governamentais para a realização dos jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, chama-me a atenção também o fato de todo este investimento concentrar-se em praticamente uma cidade, deixando, à margem, todo um país. Nada contra o Rio de Janeiro, muito pelo contrário. Esta cidade tem potencial inigualável no Brasil para o turismo. O Rio deve ser “recuperado” e reurbanizado, voltando a ser a nossa capital do turismo para trazer milhões em divisas que deveriam ser reinvestidas na própria cidade. Trata-se de uma questão de planejamento que deveria acontecer não por causa de um evento de grande porte, mas simplesmente porque é uma necessidade de um dos mais tradicionais pontos turísticos do mundo. Cabe também lembrar que a exploração do turismo é de competência do Ministério do Turismo, que tem todos os predicados para realizar parcerias com a iniciativa privada e captar recursos que podem, por exemplo, viabilizar a construção de mais quartos de hotéis. Outro ponto de grande importância é que o investimento em infraestrutura urbana é uma obrigação do Estado, independente da realização dos Jogos Olímpicos. Prover transporte para os cidadãos é dever público. E só agora com as Olimpíadas o Rio vai tentar resolver seus problemas de transporte, com grande percentual de aporte de verba do Governo Federal. Não seria o transporte metropolitano uma responsabilidade das instâncias Estaduais e Municipais do Rio de Janeiro que há tempos não tratam deste problema?

Espanta-me o silêncio geral para o fato de que, na realidade, a vinda das Olimpíadas para o Brasil é a confirmação de nossa histórica incapacidade de distribuir renda. É a cristalização da nossa concentração de riquezas. De forma institucionalizada e comemorada. A destinação de grandes montantes para áreas menos prioritárias em um país socialmente debilitado em áreas básicas como saúde e educação representa uma inversão de valores na priorização destes investimentos e repasse da verba pública. Segundo o site do próprio BNDES, “a solução dos problemas de infraestrutura é condição necessária para a melhoria do bem estar da população permitindo que todos tenham acesso a serviços básicos como energia elétrica, comunicações, transportes urbanos e saneamento”. O PAC da mobilidade do BNDES, ainda que concentrado em uma das mais merecedoras e carentes cidades do país, deixa de lado todo um país que ainda precisa urgentemente de investimentos maciços em saneamento público. Por que investir mais no transporte público de apenas uma cidade do que garantir o acesso de todos a saneamento e energia elétrica? Além do mais, este programa transfere um gigantesco montante de capital para uma única instância Municipal, esquecendo-se de sua missão em nível nacional. O BNDES acaba de bater o recorde mundial de má distribuição e concentração da verba pública.

SÚPLICAS AO TEMPO

Passa tempo, passa...

Deixa suas marcas em mim,

Não me deixe olhar para trás.



Anda tempo, anda.

Me leva para frente,

Não me deixe atrasar.



Corre tempo, corre.

Só me traga novidades,

Não há outro modo de ser.



Galopa tempo, galopa.

Me joga pra fora da sua sela,

Não me deixe acomodar.



Voa tempo, voa.

Perde sua própria noção,

Não me deixe perder de mim.

UM SOPRO AO VENTO

FLOR E CRONÓPIO

De Júlio Cortazar

Um cronópio encontra uma flor solitária no meio dos campos. Primeiro pensa em arrancá-la, mas percebe que é uma crueldade inútil, e se coloca de joelhos junto dela e brinca alegremente com a flor, isto é: acaricia-lhe as pétalas, sopra para que ela dance, zumbe feito uma abelha, cheira seu perfume, e deita finalmente debaixo da flor envolvido em uma enorme paz.

A flor pensa: "É como uma flor".

Diálogo deixado para trás no tempo.

A IMPORTÂNCIA DE SER FLUENTE EM PORTUGUÊS

O Texto abaixo é da Editora-executiva do portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br) Thais Naldoni que expressou em perfeitas palavras e com exemplos práticos meus sentimentos quanto à triste realiadade de um país em que a média de leitura da população é de 1 livro por ano.

A IMPORTÂNCIA DE SER FLUENTE EM PORTUGUÊS

Uma característica que chama muito a atenção nos textos de vários estudantes - e grande parte dos recém-formados em Jornalismo - é a ausência quase absoluta de vocabulário e um aparente desconhecimento profundo da língua portuguesa.

Chegam aqui, na redação de IMPRENSA, dezenas de currículos todas as semanas com pedidos de estágio e busca de vagas de emprego. Dentre os inúmeros predicados dos candidatos, me deparo com o conhecimento de línguas estrangeiras em quase todos eles: inglês fluente, espanhol fluente, italiano ou francês. Mas, ainda que eu reconheça a importância de outros idiomas em um mundo globalizado, defendo com unhas e dentes - e repito quase que como um mantra - a necessidade de que o estudante de Jornalismo e o próprio jornalista saibam, com fluência em fala e escrita, o português.

Posso listar aqui uma série de motivos para minha afirmação, mas ilustro com alguns exemplos, que mais parecem os e-mails de "pérolas do Enem" que circulam pela internet. Frases como: "tenho muito 'enterece' em 'faser' parte da equipe"; "na 'auzencia' de um local para estagiar, criei um blog para 'ezibir' meus textos"; "tenho 'fassilidade' para 'sujerir' pautas". Isso, claro, sem contar o desconhecimento das regras de crase, algumas conjugações verbais e concordância.

Posso afirmar, com conhecimento de causa, que o "fenômeno" não escolhe universidade. Já chegaram até nós textos com erros "hediondos" de estudantes e jovens profissionais tanto do ensino público, quanto do privado. Então, qual seria o motivo de tamanho déficit no uso de nossa língua?

Acredito que a falta de leitura seja o principal algoz da boa escrita. Se você estiver numa sala de aula de uma turma de Jornalismo e perguntar quantos leram ao menos um dos principais jornais daquele dia, garanto que muito menos da metade dos que estiverem no local levantarão a mão. Livros? Pergunte qual foi o último livro lido? Isso explica também a repetição de palavras nas matérias e nos trabalhos de faculdade. A ausência de leitura contribui de forma significativa para o empobrecimento do vocabulário.

Escrevo a coluna depois de ter dado três palestras seguidas e, nas três, ser questionada sobre os pré-requisitos necessários para um bom jornalista de internet. Minha resposta é sempre rápida e clara: saber falar e escrever o Português. Imagine a tragédia de, em uma matéria de web, em que a apuração é muito rápida e a postagem é feita sem que o texto passe pelo crivo de um revisor, de se publicar uma matéria em que "uma emissora vai deixar de 'ezibir' um programa"?

Por isso, meus caros, leiam, leiam, leiam, leiam muito. Estudem as regras gramaticais, caso haja dúvida em alguma. Quanto mais leitura, mais vocabulário. Quanto mais referências, menores as chances de erros primários em suas matérias, pois, caso os faça por distração, seu próprio repertório o salvará de pagar um mico astronômico. Antes de correr atrás das belas escolas de idiomas estrangeiros, seja um "expert" no seu. E saia na frente de muitos dos pleiteantes às vagas, cada vez mais disputadas, do mercado de trabalho.


* Thaís Naldoni é jornalista, graduada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Com passagens pela Folha Online e Sportv, também atuou como repórter e secretária de redação da Revista IMPRENSA.

Thursday, October 01, 2009

NÃO, NÓS NÃO PODEMOS!

Chicago, Madrid ou Tóquio. Para mim tanto faz a cidade a ser escolhida. A única coisa que não desejo é que o Rio saia vitorioso amanhã. Ao contrário do que nosso presidente vem dizendo, NÃO, nós não podemos ser a sede de uma Olimpíada.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque a farra, a bagunça, a esbórnia e o desrespeito com o dinheiro público e com os brasileiros começam antes mesmo da vitória ser conclamada. A única comitiva a fechar um hotel na cidade de Copenhague foi a a brasileira. 200 dos 260 apartamentos do Hotel STK Petri foram reservados para nossos "representantes". E, independentemente do resultado, a cidade do Rio amanhã vai parar com a festa em Copacabana correrendo por nossa conta.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque o Ministério dos Esportes não existe neste país. Nunca de fato existiu, e, se existiu, só se preocupou em aprender a como "negociar" com a malandra cartolagem do futebol.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque não temos uma política séria de investimentos nas escolas e nos municípios que faça do incentivo ao esporte um meio de inclusão social.

Nós não podemos sediar um olimpíada porque o Estado não investe na formação de professores capazes de treinar e educar os alunos através dos esportes e nem educação física proporciona todas as escolas.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque não temos uma política tributária que incentive corretamente a transferência de recursos da iniciativa privada para a formação de talentos que futuramente tragam resultados de imagem para as empresas.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque nossos atletas só ganham patrocínio depois que ficam conhecidos e sempre iniciam suas carreiras com recursos próprios.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque as universidades, públicas ou privadas, não levam o esporte a sério e não desenvolvem talentos.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque não há manutenção correta de parques, praças, campos, várzeas e quadras PÚBLICAS onde o esporte poderia ser praticado tirando menores das ruas e diminuindo a delinquencia ínfanto-juvenil.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque a tranferência dos recursos investidos não terá outro destino senão o bolso dos corruptos envolviodos em obras superfaturadas.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque a liberação da verba das obras será feita via MEDIDAS PROVISÓRIAS em caráter de urgência como aconteceu nos Jogos Panamericanos de 2007.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque vamos criar a institucionalização de um mecanismo sistêmico e regular de evasão de recursos, lavagem de dinheiro e corrupção.

Nós não podemos sediar uma olimpíada porque a verba destinada a este evento deveria ser investida em saúde e educação.

NÃO, senhor presidente, nós não podemos sediar uma olimpíada porque temos o bolsa familia. E um pais com bolsa familia não é digno de sediar uma olimpiada!

Wednesday, September 30, 2009

Wednesday, September 16, 2009

UM DIA COMO TODOS DEVERIAM SER

Para Fábio Martinelli

Acordar, não ter rotina ou sequer qualquer obrigação a não ser levar minha filha à escola. Abrir a janela e ver um sol que ameaçava sair mas ainda estava tímido. Um dia inteiro pela frente. O que fazer depois de sanada a única obrigação? Esperar? Sim, esperar; não me resta neste momento outra alternativa viável a não ser esperar. Mas como esperar? Esse sim é o desafio.

Uma mensagem guardada há dias em meu celular levou-me adiante. Coloquei minha bota de caminhadas, deixei meu carro na garagem, entrei no metrô em direção ao Largo São Bento. Saí da estação e dei de cara com São Paulo fervilhando. Entrei na Igreja de São Bento e conversei com minha vida tendo como cenário o maravilhoso interior daquela catedral. Atravessei o viaduto da Santa Efigênia em direção à região onde tudo se encontra em termos de áudio, vídeo e computação. MENOS O TAL DO MOUSE SERIAL de meu paleozóico computador Pentium IV - edição limitada 1999. Rodei e passei por todas as lojas até desistir de perguntar se eles tinham o mouse, passando a perguntar se eles sabiam onde eu poderia encontar um mouse serial. Muitas voltas depois, no fim do mundo da Santa Efigênia, quando quase já havia desistido, encontrei uma lojinha que mais parecia ferro de velho de computadores. Finalmente consegui um mouse igualzinho ao meu, totalmente recondicionado - mas quase com as impressões digitais de seu antigo dono - pela bagatela de dez reais. Comprei e ousei perguntar quanto pagariam por minha raridade cibernética: cinquenta reais. Quase troquei meu computador pelo mouse.

Voltei andando e não tomei o metrô de volta na estação São Bento. Passei reto em direção à Sé em busca de um sebo para visitar. No caminho achei a Livraria Imprensa Oficial e lá por uma hora parei para "zapear livros", um de meus maiores prazeres. Segui em direção ao Centro Cultural Banco do Brasil onde não pude entrar na exposição de arte russa porque (FELIZMENTE!) havia milhares de crianças do ensino público municipal em visita guiada e eu só poderia entrar à tarde. Mais adiante dediquei-me à tarefa de vagar pelas ruas do centro (sempre olhando mais para cima do que para o chão) à procura de um sebo. Lembrei-me de meu avô e com ele conversei longamente sobre as mudanças que ele observava na sua "cidade". Encontrei uma pequena placa em homenagem à Adoniram Barbosa no edifício que foi sede da Rádio Excelsior nos anos 40 e 50. Nela se dizia que às sextas-feiras Sâo Paulo habituava ouvir o programa de Adoniram que ia ao ar às oito horas da noite.

Totalmente absorto em meus pensamentos, na Rua Paulo Egídio, achei o sebo do Elias onde passei por tantas capas conhecidas de disco de vinil, livros fantásticos e DVDs que eu adoraria "rapar" e levar para casa. Um passeio entre estantes e prateleiras do tempo que me levaram à minha infância. Encontrei os discos de 45 rotações com historinhas para crianças que tanto ouvi em uma vitrolinha cinza da qual tenho agora a nítida fotografia. Procurei um livro de Calderón de la Barca e não o encontrei. Segui para outro sebo e logo depois para outro, mas assim mesmonão achei. Próximo da hora do almoço, tomei o metrô na Sé e voltei realizado para casa. Voltei com a sensação de estar mais vivo e pulsante do que nunca, MUITO mais vivo do que se estivesse atrás de uma mesa ou computador para trabalhar. O computador é bom para acessar o mundo e com ele se relacionar. É bom para escrever, não planilhar.

Meu querido amigo Fábio, confirmei hoje algo de que sempre desconfiei: trabalho é TROCA e o dinheiro, apenas e tão somente, o meio. Vida encontro eu escrevendo, lendo, vagando por meus incompreendidos pensamentos e, acima de tudo, bebendo da fonte das artes, que alimentam minha alma. Vida tenho eu fora da relação de troca mercantilista que há tantos anos apenas se repete sem que sua essência seja transformada. Vida tenho eu amando a vida e a novidade em que ela pode se transformar a cada dia - DESDE QUE ASSIM DESEJEMOS.

Um grande abraço. Graças a você tive hoje um dia como todos deveriam ser.

PS: mas já que a porra do dinheiro é necessária, que alguém me contrate logo cacete!!! (rsrsrsrsr).

OLHA O QUE EU ACHEI!!!



Deliciosamente perdido pelo Sebo do Messias, de repente, dei de cara com uma miníscula caixinha de sapatos onde reconheci estes disquinhos que marcaram a minha infância. Não tive dúvida: sem pestanejar passei a mão nas duas historinhas que eu mais gostava: Pedro e o Lobo e Branca de Neve. Não tenho onde "tocá-los", mas os comprei com a intenção de mostar para minha filha o que era a minha diversão em tempos sem DVD, Discovery Kids ou video-games. Espero que, por serem coloridos, e, se ela deixar, eles possam enfeitar alguma estante de seu quartinho.

Quando fui pagar tomei um susto. Quase não tive dinheiro:

R$1,00


Tomara que, se eu encontar uma vitrola, eles aindam emitam algum som que não seja o de riscos (hei, alguém aí se lembra da agulha "enroscada" e do som de um disco riscado?)

DICA DE LIVRARIA

Para quem gosta de boa leitura, segue a dica da Livraria da Imprensa Oficial. Existem algumas unidades na capital e outras no interior, onde se pode achar livros editados pela Imprensa Oficial do Estado.

www.imprensaoficial.com.br/livraria

Conheci a livraria que fica na Rua XV de Novembro, bem no coração do centro. Um espaço agradável, porém nada sofisticado, sem café ou lugares confortáveis para se sentar. Nada de CDs ou DVDs. Uma autêntica livraria. Livros, muitos livros. Por todos os cantos livros e SOMENTE LIVROS! Um acervo interessante com publicações que procuram preservar e manter nossa história. Vários títulos sobre política, sociologia, artes, história e geografia editados pela Imprensa Oficial e pela Eitora da USP (EDUSP). Em uma "rodada", vaguei pelas trincheiras e atos heróicos da Revolução de 32 em um livro maravilhoso sobre esta romântica passagem de nossa história. Li parte do roteiro do filme "Chega de Saudade" em um livro que faz parte de uma coleção que tem os roteiros originais de vários filmes do cinema nacional. Vi os dados técnicos das bacias hidrográficas de São Paulo, entrei no túnel do tempo e fui até a cidade de Santos no apogeu da era cafeereira. Relembrei a época em que meu pai foi político lendo uma homenagem biográfica ao Governador Franco Montoro.

Em poucos metros quadrados, uma deliciosa viagem inspirada pelos ares (não apenas poluídos, mas, para mim, românticos!) do centro da cidade.

Vale uma visita. Física de preferência.

Mas, se não for possível, uma visita virtual (www.imprensaoficial.com.br/livraria) possibilitará a compra de livros que não se encontra com muita facilidade nas grandes livrarias.

A SÃO PAULO QUE NINGUÉM VÊ




De cima do Viaduto do chá tirei esta foto: mendigos em cima do túnel do Anhangabaú. Quantas pessoas escondidas nesta miséria existem em nossa cidade? Devem haver muitos esconderijos como esse onde nossa fragilidade social é tragicamente exposta.

Friday, September 11, 2009

AVISO AOS NAVEGANTES VIRTUAIS

Quem estiver navegando virtualmente e por aqui passar, ATENÇÃO:

ÁLCOOL (em gel ou líquido) NÃO MATA VÍRUS! MATA APENAS BACTÉRIAS.

Portanto não se iludam: esta história do álcool gel é apenas mais um oportunismo comercial desenfreado que está fazendo muita gente NADAR em dinheiro.

Ao higienizar suas mãos utilizando álcool com certeza você está se protegendo:

MAS COM CERTEZA NÃO CONTRA O VÍRUS A/H1N1.

Álcool gel não nos imuniza do A/H1N1.

ISTO É UMA GRANDE BALELA!!!!

Wednesday, September 09, 2009

CERTEZAS VIRTUAIS

Não vivo mais sem o YOU-TUBE e meu BLOG!!!!

ABERTURA DA COPA SIM, MORUMBI NÃO.

Finalmente parece-me que o bom senso está prestes a prevalecer sobre a política. Ao que tudo indica o estádio do Morumbi (alçado à condição de "arena" na terminologia do marketing das copas) não sediará a abertura e os jogos de semifinal da copa de 2014 se ela vier a acontecer aqui no Brasil. Sempre fui contrário à realização da Copa do Mundo ou mesmo das Olimpíadas em nosso país, mas o fato de eu não desejar a realização de jogos da Copa no Morumbi não tem nenhuma relação com esta opinião. Sou contrário à realização de jogos no Morumbi por uma experiência prática que vivi este ano durante a disputa da Taça Libertadores da América.

Em uma quarta-feira de junho, aceitei o irrecusável convite de um primo para assitir ao jogo do São Paulo contra o Cruzeiro nas oitavas de final da Libertadores. Mesmo sabendo que provavelmente meu time iria perder(o que acabou por se confirmar em uma vergonhosa e revoltante derrota do São Paulo), topei a parada porque era para ir na cativa. "Esquema patrão", no jargão de adolescente de meu primo. Recebi seu telefonema no celular praticamente em meio a uma reunião, mas consegui aceitar seu convite feito no intervalo de suas aulas matinais. À tarde, com mais calma, combinamos o encontro na casa de um amigo dele no bairro de Moema. Horário previsto: sete horas da noite. Naquela época trabalhava me Alphaville e calculei que, saindo ás 18 horas em ponto, uma hora seria suficiente para eu me deslocar até Moema.

Pois bem, naquele dia, como bom torcedor fanático, às seis horas em ponto apertei a tecla "F", desliguei o computador, deixei meu chefe e subordinados falando sozinhos e botei o pé na estrada. Alguns kilometros da Rodovia Castello Branco ainda me esperavam pela frente. Surpreendentemente não tive qualuquer problema para enfrentar os exatos vinte e dois kilometros que separavam do início da Marginal do Rio Pinheiros. A expectativa era grande quanto às condições que encontraria nesta tradicionalmente congestionada via de acesso à cidade de São Paulo. Uma vez mais a sorte estava ao meu lado. Do meu escritório até a Ponte Cidade Jardim, trinta inacreditáveis minutos, como se fosse um sábado. Poucos miutos depois já estava na Avenida Faria Lima. Beleza, pensei eu, vai dar tudo certo. Vamos chegar bem antes do jogo e conseguir um ótimo lugar. Minha alegria, porém, durou pouco. Ao entrar na Avenida Faria Lima, próximo das quinze para as sete, o trânsito "empacotou". Demorei uma hora e meia para fazer um trajeto que normalmente demoraria, no máximo, vinte minutos para percorrer. Nesta uma hora e meia meu celular se transformou em um GPS com meu primo me ligando para saber onde estava.

Muitos telefonemas depois apanhei meu primo e seu amigo e iniciamos uma verdadeira jornada em direção ao Morumbi. Não havia alternativas, tomos os caminhos estavam travados. Saía de uma rota, entrava em outra pior ainda e depois me encalacrava no desespero de tentar chegar a tempo para assistir ao jogo. Carros com bandeiras, Kombis e ônibus estavam parados ao nosso lado no mesmo frenesi de atingir a "arena" tricolor. Mas nada adiantava, todo nosso esforço era em vão. Simplesmente não andávamos, não movíamos o carro nem um metro. Cheguei por diversas vezes a desligar motor do carro para evitar aquecimento e economizar combustível. A tensão foi aumentando e o tempo passando. O rádio ligado derramava ainda mais adrenalina em nossas veias. E nada era capaz de fazer o trânsito andar. Depois de inacreditáveis duas horas (de Moema ás proximidades do estádio do Morumbi), paramos o carro na garagem do apartamento de um amigo do meu primo e fomos, literalmente correndo, até o estádio para nos acomodarmos, aos vinte minutos do primeiro tempo, em meio ás já lotadas cativas do Morumbi. Foram quatro horas e meia desde que havia saído de meu escritório até sentar-me nas escadas do setor de cativas.

Esta experiência me fez pensar em como ficaria o trânsito na cidade de São Paulo no dia de uma abertura de Copa do Mundo no Morumbi. Se em um simples jogo de oitavas de final da Taça Libertadores da América, com um público de 55.000 torcedores, todos os acessos ao bairro do Morumbi (entenda-se pontes) e as vias locais (depois que a travessia havia sido realizada) estavam TOTALMENTE INTRANSITÁVEIS, como seria em um jogo de Copa do mundo? Se não estivesse estacionado em uma garagem particular, passaria os 120 minutos do jogo circulando ao redor do estádio à procura de uma vaga. E, se nao tivesse ido de carro, JAMAIS conseguiria chegar utilizando algum meio transporte público.

Por mais política ou projetos que se faça,ao menos que se ponha abaixo o bairro do Morumbi, não hão há qualquer viabilidade para se adaptar o atual estádio ás exigências da FIFA. Quando foi construído , o estádio ficava em uma área semideserta da cidade que, naqueles dias, poderia perfeitamente abrigar as reformas hoje exigidas pela entidade máxima do futebol mundial. Hoje, porém, isso é impossível e realmente impraticável. Não sou arquiteto urbanista, engenheiro civil ou de tráfego, mas basta o mínimo de bom senso para perceber que a "arena do Morumbi" é apenas uma terminologia de marketing para envelopar um velho estádio encravado no meio de um dos mais nobres bairros da Cidade de São Paulo. Bairro este que, diga-se de passagem, já está superpopuloso e cuja estrutura viária, implementada há quase quarenta anos, não mais atende a população local. Em termos de estacionamento, a menos que se faça locação de garagens particulares dos prédios vizinhos ao estádio, não há como criar o número mínimo de vagas necessárias para os veículos de torcedores e imprensa. Quanto ao transporte público, o único meio de transporte viável é o férreo pois a utilizaçõ de ônibus causaria ainda mais trânsito. A estação de trem na Marginal do Pinheiros fica a muitos kilometros do estádio e a futura estação de metrô da Vila Sônia ficará a mais ou menos um kilometro e meio do estádio. Dizem que há um projeto de fazer a ligação térrea da estação de metrô ao estádio, mas onde colocar um terminal capaz de receber o fluxo de passageiros do metrô?

Não conheço o novo projeto apresentado pelo São Paulo e por São Paulo para a FIFA. Mas, por melhor que ele seja, dificilmente evitaria um caos metropolitiano caso o Morumbi venha a sediar a abertura da copa. Sou sãopaulino e paulistano. Tenho orgulho de meu time e da minha cidade. E por isso mesmo não gostaria de ver um fracasso exposto na vitrine da imprensa mundial. Se a Copa vier para o Brasil a cidade de São Paulo certamente mereceria sediar sua abertura, mas não no Morumbi. E sim em uma verdadeira "arena" à altura da grandeza de nossa cidade.

Thursday, September 03, 2009

A HISTÓRIA DA GUITARRA E DO ROCK



Para minha filha Beatriz


Era uma vez um senhor que gostava muito de música. Ele vivia em uma pequena casa afastada da cidadezinha onde muitas pessoas o conheciam por Luthier. Muito mistério e diversas histórias envolviam a vida deste pequeno homem de mãos calejadas e corpo corcunda. Todos diziam que em sua casa ele guardava um segredo que jamais seria revelado: a arte de fazer instrumentos.

Certa noite, muito cansado, com fome e sede, um músico solitário passou em frente à casa do Luthier. Vendo a única luz acesa no meio daquela estrada escura, ele resolveu bater palmas e arriscar para ver se alguem lhe daria abrigo. Quando já estava quase resolvendo ir embora o dono da casa apareceu e perguntou o que o forasteiro desejava. Ele respondeu dizendo que estava à caminho da cidade mas que já não aguentava mais andar e precisava de um lugar para dormir. O velho senhor recusou a estadia dizendo que a cidade estava perto e não custaria muito para ele chegar até lá. Mas o viajante disse que estava muito cansado, que havia caminhado o dia inteiro com apenas um cantil de água e que estava exausto. Reclamou também do peso de seu violão que carregara ao longo da jornada.

Ao perceber que se tratava de um músico, imediatamente o senhor abriu o portão de sua casa e convidou o jovem a entrar. Ofereceu-lhe um copo de água, colocou-o sentado em sua mesa e dirigiu-se a fogão de lenha. Aproveitando as brasas vermelhas que aqueciam o ambiente, remexeu a sobra de sopa que ainda estava na panela e serviu o incrédulo músico que ainda não sabia o tamanho de sua sorte.

Enquanto tomava a sopa na caneca colocada entre as frias mãos, o músico olhou ao redor o percebeu uma série de instrumentos de corda pendurados nas paredes. Observou também pedaços cortados de madeiras nobres e cordas espalhadas por todo os cantos da casa. Viu partituras em cima de uma mesa e muitas fotos de músicos com instrumentos de corda. Fascinado perguntou a seu hospedeiro se ele trabalhava com música e ficou surpreso quando o velho senhor lhe respondeu que apenas gostava muito de música. No mesmo instante o músico se levantou, correu em direçao ao seu violão e começou a tocar uma linda canção. Disse que estava à procura de um lugar para tocar suas músicas na cidade e que havia fujido de casa pois seus pais não queriam que ele seguisse seu dom artístico.

Tocado por tão lindos acordes, o senhor se levantou, correu em direção aos fundos da casa e mostrou-lhe uma casinha que ficava meio escondida no quintal. Acompanhou-o até lá e, abrindo a porta, mostrou o estúdio onde fazia seus instrumentos. Disse que ali moravam os segredos de mais de cinco gerações de luthiers que passavam sua arte de geraçao em geração. E que, era para pessoas com a sensibilidade musical daquele "garoto" que ele sonhava trabalhar. Entre suas várias ferramentas tomou em suas mãos o pedaço da melhor e mais nobre madeira, colocou-a sobre a mesa e começou a entalhar as formas de um violão. Foi quando, de repente, os dois foram surpreendidos por uma voz que ainda não sabiam de onde vinha:

- Para que o senhor está me formatando?

Olhando assustados para os lados e ainda procurando de onde poderia vir a voz, escutaram novamente:

- Para que o senhor está me formatando? Olhe para baixo, sou eu, o pedaço de madeira que está falando.

Muito intrigado o luthier respondeu:

- Você é o melhor pedaço de madeira que tenho, a mais nobre de todas que tenho aqui em meu estúdio. Vou construir um violão especialmente para este jovem músico, dono de um estraordinário talento musical.

Rapidamente, e com muita convicção, a madeira lhe disse:

- Senhor, não nasci para ter o mesmo destino de todas as outras madeiras. Não quero ter o mesmo formato e o mesmo som. Sei que os violões, os violinos e as violas que o senhor constrói são muito nobres e seu som maravilhoso. Mas eu queria fazer um som diferente, tocar acordes e melodias que ainda não foram tocados. Queria ser um instrumento diferente dos outros.

Pensativo o luthier respondeu, pedindo a cumplicidade do jovem músico.

- Mas seu fizer um instrumento diferente, quem vai tocar?

A resposta foi rápida:

- Eu toco. Com um instrumento novo posso desenvolver minha criatividade musical.

Ainda indeciso, o velho senhor dirigiu-se ao pedaço de madeira querendo entender que tipo de instrumento ela sonhava ser.

- Gostaria de ser um instrumento que tocasse junto com outros instrumentos, mas não em orquestras, como já existem tantos. Gostaria de poder ser a base para outros instrumentos e ter um som bastante agudo.

Olhando para o músico, o senhor perguntou:

- E você, que tipo de música pensa em fazer?

- Acho que poderia fazer uma música com muita força e muita energia, juntando alguns instrumentos para fazer as pessoas dançarem e se sentirem muito bem. Uma música que reuna as pessoas e mostre seus reais desejos. Na realidade, sempre pensei em criar um tipo de música que possa ser uma filosofia de vida.

Circunspecto e pensativo, franzindo a testa, porém já decidido, o luthier aceitou o desafio dos dois e disse:

- Muito bem....deixem-me pensar. Parece uma tarefa bastante difícil, mas nada impossível. Tenho que encontrar em uma nova forma para este instrumento. E cordas também. Mas acho que posso fazer.

Ali mesmo, sem perder nem um minuto, debruçou-se sobre sua mesa com todas as ferramentas de que dispunha e entregou-se com muita dedicação à tarefa. Trabalhou dias e noites à fio quase sem descansar até chegar ao resultado final: um lindo instrumento de cordas com bastante potência e sensibilidade que resolveu batizar de guitarra.

O som era lindo e potente e o músico rapidamente tomou-a em suas mãos. Era muito parecida com seu violão e ele rapidamente conseguiu adaptar-se ao novo instrumento. Durante dias, ao lado do senhor luthier, movimentou suas mãos rapidamente pelas cordas da guitarra criando acordes nunca antes emitidos por um intrumento de cordas. Exercitou sua sensibilidade pensando no desejo daquele pedaço de madeira que sonhara ser um instrumento diferente. Levou a sério a vontade de criar um novo tipo de música. E assim, tomado por seu sonho, partiu em direção à cidade para procurar um lugar para tocar.

Chegando no pequeno vilarejo, bateu de porta em porta até encontar uma chance em uma estalagem que abrigava viajantes e precisava de alguem para entretê-los. Muito nervoso, na sua primeira noite o músico abriu a caixa e de lá tirou um instrumento desconhecido que ninguem queria ouvir. Mas ele insistiu e começou a tocar as músicas que havia criado com seu mestre luthier. Pouco tempo depois o espaço da estalagem tornou-se pequeno para tanta agitação. Além dos hóspedes, pessoas que passavam pela rua, atraídos por um som tão potente e cheio de vibração, começaram a entrar para ver do que se tratava. Os vizinhos, curiosos, também pediram para entrar.


As noites seguintes foram bastante agitadas e cada vez mais pessoas se juntavam para ouvir aquela nova música. Em pouco tempo,como havia sonhado, o jovem músico estava tocando para um grupo de pessoas dançarem de forma descontraída e alegre. As noites daquela estalagem foram ficando cada vez mais animadas e novas músicas eram criadas com a vibrante participação de quem estava lá para ver um novo instrumento que tocava uma nova música. Certo dia,inspirado pelas palmas que acompanhavm o músico, um homem resolveu subir ao "palco" e complementar o som da guitarra improvisando toques de talheres em pratos e batucando em uma caixa de madeira. Dias depois, A música ficou mais vibrante ainda com batidas ritimadas que passaram a fazer parte das composições da guitarra.

Finalmente a madeira nobre havia se tornado um instrumento diferente e era o astro principal de um novo tipo de música. E assim nasceram o ROCK e a guitarra que até hoje movimentam pessoas e são um filosofia de vida.


PS: O termo luthier (lê-se lutiê) tem sua origem na palavra em francês para "fabricante de alaúde", um instrumento musical de cordas trazido do oriente médio pelos Cruzados e que era chamado "Ut". Também conhecido como luteiro ou lutiê, este profissional é especializado na construção e reparo de instrumentos de corda com caixa de ressonância, tal como violão e violino, sopro, percussão e teclado. Ele regula, restaura, transforma, reforma e adapta instrumentos musicais, além de construir peças e acessórios personalizados de acordo com as exigências e vontades dos músicos. Também é sua função orientar os clientes sobre a conservação de seus instrumentos, elaborar laudos
técnicos e orçamentos.

Pensamento do dia

"Nada muda se nada muda"

Thursday, August 27, 2009

PROPÓSITO DE VIDA

Há pessoas que apenas aceitam o que o mundo lhes oferece.

Existem aqueles que, como eu, buscam seu próprio lugar no mundo.

Tuesday, August 18, 2009

A HISTÓRIA DO "FOGO-PAGOU"

Para minha filha Beatriz


Era uma vez uma linda floresta habitada por animais de todos os tamanhos. As árvores eram grandes e frondosas e no meio delas corria um rio que depois virava uma cachoeira.

Nessa floresta todos os animais eram amigos e o leão, o mais forte de todos os animais, cuidava da ordem. Quando havia qualquer problema era só procurar o rei leão que ele dizia o que estava certo ou errado e as coisas voltavam ao normal. Para ajudar a cuidar da floresta o rei leão contava com os guardiões da floresta, um grupo de animais de diferentes espécies que cantava assim:

- Nós somos os protetores da nossa floresta e nessa floresta ninguém faz o mal.

Certo dia os guardiões da floresta acharam um lindo passarinho que vivia bem no alto de uma árvore e de lá tudo podia enxergar. Foi então que eles pensaram que este passarinho podia ajudar a cuidar da floresta. Mas este solitário passarinho estava triste e não queria cantar. Ele ficava quieto e nada falava, mesmo com a insistência de outros passarinhos que achavam que ele podia ser muito importante para aquela comunidade. Diante de tanta insitência a única coisa que ele falou foi que um dia talvez ele pudesse cantar alegremente, mas que naquele momento ele preferia ficar isolado lá no alto de sua árvore.

Desolados e decepcionados os guardiões voltaram para o rei leão e contaram o que havia acontecido. O sábio rei dos animais aconselhou seus escudeiros a deixar o passarinho em paz com seus pensamentos. Na verdade ele tinha certeza de que um dia ouviria o canto do pássaro. E pediu que eles continuassem sua ronda normalmente.

Tudo continuou correndo bem até que um dia homens do mal que não gostavam da mamãe natureza invadiram a floresta fazendo muito barulho. Eles levavam gasolina e querosene e, com fósforos, começaram a colocar fogo nas árvores e nos arbustos. Assustados, todos os animais começaram a correr desesperados porque não teriam mais onde morar. O rei leão pediu a todos que tentassem se esconder, mas o fogo se alastrava muito rápido e os pobres animais não tinham msis onde se abrigar. O fogo foi ficando tão alto e forte que uma grande nuvem cinza de fumaça no céu se formou.

Foi então que homens do bem viram esta nuvem e correram para a floresta com seus caminhões de água e muita força de vontade. Eram os bombeiros, homens sempre à postos para combater o fogo. Rapidamente eles chegaram e começaram uma luta muito difícil contra o incêndio que aumentava cada vez mais. Com muita coragem eles lutaram horas e mais horas, durante dias e noites sem parar, e finalmente acabaram com o fogo.

Em meio a um grande silêncio, após o forte barulho das labaredas, um som bem forte, muito claro e bonito, começou a ser ouvido por toda a floresta. "Fogo-pagou" , "fogo-pagou", cantava aquele solitário passarinho que do alto de sua árvore podia ver que a floresta estava salva. Com este canto ele anunciava que o fogo tinha sido apagado. Era o som da alma da floresta, da vida de todos os animais, o canto da liberdade da mamãe natureza.

E assim, o passarinho que antes ficava só calado, passou a cantar "fogo-pagou" e seu canto serve até hoje para nos lembrar que devemos cuidar das árvores, dos animais e da natureza.

Friday, May 29, 2009

ALMA DE ARTISTA

Deixo mais uma etapa de minha vida para trás. Saio daqui para lá com minha alma de artista nas mãos. Semana que vem começo uma nova vida profissional.

Se tem uma letra que traduz o que sinto agora é essa:

NA CARRERA
(Chico Buarque & Edu Lobo)
Faixa do Musical O Grande Circo Místico.

Pintar, vestir
Virar uma aguardente
Para a próxima função

Rezar, cuspir
Surgir repentinamente
Na frente do telão
Mais um dia, mais uma cidade
Pra se apaixonar

Querer casar, pedir a mão

Saltar, sair
Partir pé ante pé
Antes do povo despertar
Pular, zunir
Como um furtivo amante
Antes do dia clarear
Apagar as pistas de que um dia
Ali já foi feliz
Criar raiz
E se arrancar


Hora de ir embora
Quando o corpo quer ficar
Toda alma de artista quer partir
Arte de deixar algum lugar

Quando não se tem pra onde ir

Chegar, sorrir
Mentir feito um mascate
Quando desce na estação
Parar, ouvir
Sentir que tatibitati
Que bate o coração
Mais um dia, mais uma cidade
Para enlouquecer

O bem-querer
O turbilhão

Bocas, quantas bocas
A cidade vai abrir
Pruma alma de artista se entregar
Palmas pro artista confundir
Pernas pro artista tropeçar

Voar, fugir
Como o rei dos ciganos
Quando junta os cobres seus
Chorar, ganir
Como o mais pobre dos pobres
Dos pobres dos plebeus
Ir deixando a pele em cada palco
E não olhar pra trás
E nem jamais
Jamais dizer
Adeus

Wednesday, May 27, 2009

CONCENTRAÇÃO

Não tem jeito. Mesmo com meu time estando uma draga, chega essa hora começa o frio na barriga. Jogo de Libertadores é jogo de Libertadores. Sempre decisivo, sempre emocionante, sempre disputado. Uma verdadeira PERRENGA!

E HOJE não tem como fugir da estranha sensação: não devo ver a merda que vai dar, MAS MESMO ASSIM vou assistir o jogo. Serei teimoso e sãopaulino até o fim de meus dias.

Tristeza maldita essa que vivo hoje perante dias de maior glória do meu tricolor. Mas, "tem jeito não", agora já estou no clima do jogo e entrei em concentração.

VAMOS SÃO PAULO, BUSQUE FORÇAS ONDE PARECE NÃO EXISTIR! BOA SORTE TRICOLOR DO MEU CORAÇÃO.

NOVA REGRA ORTOGRÁFICA

Pela nova regra ortográfica:

NUNCA TREMA NA LINGUIÇA!

PASSEI DOS 100 KMs

Em dois meses de treino de corrida atingi minha melhor marca de regularidade: média real de 3 vezes por semana. Finalmente!

PASSEI DOS 100 KILÔMETROS CORRIDOS em menos de 60 dias.

Até hoje foram 103,50 Kms e ainda faltam dois dias úteis de maio. Vou passar dos 110 Kms em dois meses.

Quem sabe neste ano eu atinja minha antiga meta de correr 1.000 Kms em um ano. Para isso terei que fazer provas de rua e a primeira está chegando: 21 de junho na USP,6 Kilometros.

Chegando aos 40, mas com ânimo de 20.

Thursday, May 21, 2009

CARTA A UM MALUCO

Querido parceiro de tantas idas e vindas em minha vida,

Difícil te entender e saber o que você quer me dizer. Quando penso que te entendi, você me passa a perna e joga no chão. Quando desisto de te entender, você me dá uma resposta de "sopetão". O fato é estou tentando não te entender mais, muito embora me pareça difícil esta sensação de não querer e não dever te entender. Dá um puta medo, uma puta insegurança, é mais fácil querer acreditar que todo o controle de sua viagem e sua trajetória estão em minhas mãos.

Cara, juntos já passamos tantas coisas, você já me deu tantas surpresas inesquecíveis como a visão da janela do vôo American Airlines de Nova York para Sâo Paulo em 1995 em que chorava a sensação de não voltar tão cedo sem a menor esperança de que isso acontecesse rápido. Menos de doze meses depois, você me colocou cara a cara com a Big Apple. Você já me fez esperar tanto por minha filhota, sofrer tanto para que ela chegasse, e eu brigava com você. Te amaldiçoava, xingava e odiava. Mas você foi camarada e seu eu tivesse que passar por tudo de novo só para ver o sorriso de minha pequena, certamente eu passaria. Naquela época não te entendia (e continuo a não te entender, seu velho maluco!)e só esperava que uma reposta viesse. Pois ela veio e é a mais linda e viva que você poderia ter me dado.

Você é meio esquisito, horas rápido demais para mim, às vezes tão demorado que não aguento mais falar com você. Fico bravo, irritado quando acho que você vai me dar a resposta que eu queria e ela vem de outro jeito, do SEU jeito, seu teimoso de uma figa. E não tem como: é sempre sua a palavra final. Brigo, luto, tento te levar pra cá ou para lá, mas é você quem me leva pra onde você quer. Ôh, "química" mais difícil de se entender. E eu ainda insisto em querer te entender.

Dia e noite fico conversando contigo, olho pros lados, vejo os outros e me pergunto se eles tem a mesma relação com você. Como serão seus outros amigos? Você também os domina e diz que é você que tem a "marvada e danada" resposta pras coisas? Ou só eu é que sou teimoso e fico inistindo em te comandar? Você dá a mesma atenção para os outros seres sem paciência que nem eu? Não deve ser fácil me aguentar o dia inteiro te perguntando as coisas e querendo de você as respostas para os meus porquês. Deve dar uma vontade danada de dizer: me deixa em paz, não tenho nada a ver com isso. Bem que eu gostaria, porém, cada vez mais, você me mostra que, no final das contas, tudo tem a ver com você.

E já que eu não tenho como me livrar de você (e nem você de mim) vamos tentar chegar a um acordo, velho parceiro. Do jeito que andam as coisas, se eu pudesse, te "pegaria" na esquina pra te encher de porradas. Pra ver se você, só assim, consegue me explicar o que vai acontecer. A forma como você tem agido tem me deixado meio maluco, mas estou tentando fazer a minha parte para me controlar. Você tem visto. Porra,tenho buscado o melhor de mim para conviver contigo, tentar estar ao seu lado e tentar te acompanhar. Mas, "meu", vou te dizer, tá fácil não. Você apronta cada uma, me dá cada nó na cabeça, me deixa em parafuso, me perguntando o que fazer. De vez em quando você me deixa sem ação, sem perspectiva, sem norte. Por outro lado, às vezes me manda uma avalanche de variáveis que eu nem sei por onde começar. E o pior é que eu te pergunto e você parece me dizer: "sei lá, se vira, negão, a minha parte eu já fiz".

Querido TEMPO. Não me leve à mal não, é puro desabafo, eu gosto muito de você, mesmo com todo esse seu jeito engraçado e diferente de ser. Com você eu não consigo prever uma reação! Você é a única "pessoa" com quem converso sem ouvir uma palavra de volta. Fico adivinhando o que você vai me dizer. O engraçado é que, quando vem uma resposta, ela é silenciosa, porém definitiva. Durma-se com um barulho desses. "Bicho" você é a coisa mais imprevisível domundo. Incontrolável, insondável, indomável, incansável. Totalmente incansável.

Ainda bem. Porque assim você aguenta meus surtos e minhas cartas. E continua "na sua", zombando de mim e se divertindo com esse inocente que tenta te controlar.

Um grande abraço na esperança de que nossa relação posssa melhorar.

Thursday, May 14, 2009

SINAL DOS TEMPOS

Interessante matéria publicada na revista Você S/A R.H da Editora Abril.

Vale uma profunda reflexão sobre a necessidade premente de revisão nos valores corporativos.


À prova de fuga


Ao perceber que jovens talentos estavam deixando a empresa, a Procter & Gamble desenvolveu uma estratégia de retenção específica para esse público

Por Maurício Oliveira

A subsidiária brasileira da multinacional americana Procter & Gamble acreditava ter dois trunfos irresistíveis para atrair e manter jovens talentos: a promessa de vínculo de longo prazo e a perspectiva de experiências internacionais. Depois de perder muitos expoentes da chamada Geração Y, contudo, a empresa percebeu que suas melhores ofertas já não eram suficientes e procurou entender melhor os novos anseios dos profissionais em início de carreira.

O DESAFIO: Acostumada a não se esforçar para ter profissionais de peso disputando um lugar em seu escritório, a subsidiária brasileira da Procter & Gamble se surpreendeu ao registrar seu turnover voluntário no último ano fiscal. Enquanto a rotatividade da empresa ficou em 5,6%, o índice registrado na faixa etária entre 20 e 30 anos foi quase o dobro, de 9,8%. O número soou como sinal de alerta na companhia, que sempre se caracterizou por apostar no recrutamento de jovens recém-saídos da universidade e que raramente vai ao mercado em busca de profissionais experientes. A idade média dos 2 850 profissionais da Procter é de apenas 32 anos e cerca de 30% do quadro é composto por jovens da chamada Geração Y, nascidos entre 1978 e 1988. No grupo de 517 pessoas que ocupam cargos gerenciais, o percentual é ainda maior – 44%. “Apostamos em relacionamentos de longo prazo e acreditamos ter muito a oferecer para quem quiser fazer carreira aqui dentro. Se isso estava deixando de acontecer em alguns casos, era preciso investigar as causas”, diz o diretor de recursos humanos, Carlos Relvas.

A SOLUÇÃO: Para entender o fenômeno, a Procter decidiu investigar. Em primeiro lugar, promoveu uma pesquisa com estudantes de algumas das principais universidades do país. Dos entrevistados, 48% disseram não pretender passar a carreira em uma mesma empresa e nada menos que 50% afirmaram que não querem deixar o país a trabalho. Essas conclusões batiam de frente nos dois maiores atrativos tradicionalmente oferecidos pela multinacional americana que, aos 171 anos de vida, é reconhecida pela estabilidade e pelos intercâmbios que promove entre os funcionários dos 140 países em que está presente. Era preciso, de cara, tomar uma decisão estratégica: o recrutamento deveria se concentrar nos jovens que valorizavam as melhores ofertas da empresa (o que significaria abrir mão de 60% dos candidatos em potencial, mas possivelmente reduziria o turnover), ou valeria a pena apostar na mudança de mentalidade dos contratados? Optou-se pela segunda alternativa. “Quem fica cinco anos conosco dificilmente quer sair, pois consegue perceber todas as perspectivas que a empresa oferece”, diz Relvas. Foi preciso, portanto, buscar formas para segurar esse jovem nos primeiros cinco anos. Para isso, deu voz aos seus profissionais para entender melhor seus anseios e motivações. Entrevistas de desligamento envolvendo colaboradores até 30 anos de idade passaram a ser feitas com mais rigor. Foram organizados também debates internos para que os executivos mais experientes conhecessem o ponto de vista da Geração Y. Chegaram à conclusão que esse profissional gosta de se diferenciar da multidão, como ter liberdade para se vestir, decorar a estação de trabalho e utilizar o MP3 e o Messenger. A partir dessa constatação, a empresa passou a fazer algumas concessões. O uso de calça jeans, por exemplo, foi liberado, mas as bermudas continuam vetadas. Outro desejo demonstrado pelos jovens era a flexibilidade de horário, concedido também em parte pela empresa – é preciso cumprir um expediente-núcleo entre 10h e 16h. Foi criado um programa de mentores – cada jovem passou a ser acompanhado por um funcionário mais experiente, com o compromisso de se reunirem periodicamente para trocar ideias e impressões. Formou-se também o Conselho Júnior, pelo qual os jovens têm acesso direto à cúpula. Além das novas ações, a Procter decidiu investir mais ainda no seu clima. O videogame e a mesa de pebolim garantem momentos de descontração, assim como as atividades de bem-estar, como ioga e caminhadas. Somado a isso, a empresa estimula o rápido crescimento (o tempo médio de permanência em cada função é de dois anos e meio) e paga salários acima da média de mercado.

O RESULTADO: A soma de ações começou a dar resultados mais perceptíveis a partir do último trimestre do ano passado, quando os pedidos de demissão por parte de profissionais abaixo de 30 anos se aproximou do patamar médio registrado na empresa como um todo (5,6%). Números consolidados serão apurados em maio, mas os retornos do programa de mentoria indicam que os jovens estão mais pacientes e propensos a apostar em relacionamentos de longo prazo. Ao registrar efetivamente o turnover de 5,6%, a Procter vai comemorar uma redução de 40% em relação ao número anterior.

FÉ CEGA, DÍZIMO SAGRADO

Saindo de um almoço no Shopping Light escutei os acordes de uma música muito familiar, o hino da batalha. Atravessava a Xavier de Toledo em direção ao Teatro Municipal quando resolvi mudar de direção ao ouvir um coro muito forte começar a entoar: "glória, glória, aleluia, vencendo vem Jesus". Parei extasiado em frente às Casas Bahia ao ver um grupo de aproximadamente 50 pessoas ao redor de um senhor com um órgão eletrônico e um microfone “puxando” o coro. Busquei um lugar em meio à roda que não parava de aumentar na medida em que pessoas, como eu, se aglomeravam para escutar aquele hino ou ver o que estava acontecendo. Era um movimento natural, pessoas se acomodando, passando e olhando, parando e cantando.

Um senhor baixo, cabelos pintados cor de caju, microfone em volta da cabeça e sentado em um banquinho ao lado de uma caixa de som, chamava mais a atenção do que as promoções da vitrine ao lado. Uma seqüência de hinos intercalada a "mensagens de salvação" foi tocada com um coro cada vez mais forte ao som de aleluias, améns e glórias a Jesus. Olhos fechados em orações particulares ou em voz alta, mãos para o alto, palmas para acompanhar os hinos. O culto a céu aberto parava fiéis no centro da cidade que não para nunca.

Cegados por sua fé, observei ingênuos olhares se irmanando em volta de um mercenário da religião. Um músico como outro qualquer buscando seus trocados nas ruas da metrópole. Mas com uma criativa história sobre o teclado comprado com o dinheiro que Deus lhe reservara e com o dom musical adquirido, na Igreja, por milagre de Jesus em apenas cinco minutos. Aleluia irmãos!

Em cima da caixa de som uma discreta bolsinha ao invés de um chapéu para receber o dízimo, neste caso dízimo, não caixinha. Um artista desta magnitude jamais teria um chapéu para receber sua "bênção". Ao lado, uma surrada Bíblia, provavelmente fiel depositária da sua falta de culpa. Incrédulo permaneci vinte longos minutos ouvindo a "palavra do Senhor" até que o diabo do relógio da calçada começou tentar os crentes. Aos poucos os fiéis foram saindo da roda para retomar suas vidas; porém sem nunca deixar ao menos algumas moedas com as mesmas palavras: Deus te abençoe irmão. Dinheiro suado e batalhado que deve ter faltado logo na esquina para pagar o almoço. E que, poucos minutos depois e muitos quilômetros adiante, deve ter pago um farto almoço para o músico disfarçado de pastor.

GENIALIDADE ATEMPORAL

Um candidato a vaga de estágio no jornal O Estado de São Paulo participava de uma entrevista com um brinco quando foi perguntado:

- Você está indo muito bem na entrevista, mas usa brinco. Brinco não é coisa de veado?

A resposta foi de "bate-pronto":

- Pode até ser, mas só um veado reconhece outro usando brinco.

Não é preciso dizer que a entrevista acabou naquele momento e o candidato não conseguiu sua vaga.

Felizmente o corajoso homossexual que deu esta resposta no final dos anos 80 é hoje um brilhante e reconhecido jornalista, editor de uma das mais importantes revistas deste país.

Friday, May 08, 2009

ATARI NADA VIRTUAL

Na pista do parque da Aclimação todos correm no sentido anti-horário. Eu, e outros poucos, corremos no sentido horário. É engraçado ver as pessoas vindo em minha direção e eu ter que desviar delas. Quase ninguém muda seu rumo, todos continuam sua caminhada ou corrida sem se alterar. Sinto-me jogando aquele clássico do ATARI, ENDURO, onde um tosco carrinho desviava de outros que vinham em direção contrária. Os carrinhos iam aumentando, aumentando e o grande desafio era chegar à linha de chegada no tempo estipulado. Assim acontece comigo no parque. Em dias de maior movimento meu desafio é grande, tenho que correr olhando para frente e NUNCA para o chão, desviando das pessoas para tentar fazer meu tempo de volta. Com a sensação de estar em um videogame, corro contando o número de pessoas das quais desviei. Tenho até um placar diário, mas nada se iguala à etapas do ENDURO que iam ficando cada vez mais difícieis. Quem da nossa geração paleozóica "pré-playstation" não se lembra do número mágico de 300 carrinhos a serem ultrapassados?

Hoje de manhã, antes de correr no sentido horário, estava me alongando quando uma mulher, andando no sentido anti-horário, parou e se aproximou de mim perguntando:

- Fernando, tá lembrado de mim?

Êta perguntinha perigosa essa, especialmente quando a resposta cabisbaixa sai assim:

- Seu rosto é muito familiar, mas não me lembro do seu nome.

- Sou a Mônica, que trabalhou com você no Abbott, disse ela.

Aliviado por ter sido reconhecido mesmo depois de dez anos sem encontrar a ex-colega de trabalho e, desconcertado por ter visto tamanha mudança em seu rosto (por que não dizer corpo!), respondi:

- Ah, claro, Mônica, você ainda está lá?

- Não, a faca foi passando devagar e há dois anos rodei em uma ceifada forte.

- E o "Mezza", ainda está lá?

- Não, ele é meu chefe agora na BD (Beckington Dickinson). Foi ele quem me levou para lá. Fiquei nove meses parada.

- E ele. Continua do mesmo jeito?

- Igualzinho, o mesmo carcamano de sempre. Mas é o superpoderoso do marketing e do comercial de lá.

- Bom, e você, está bem lá?

- Você sabe, né, acho que toda empresa hoje quer te pressionar até onde não dá mais para aguentar.

- E o resto da turma?

- Bom, uns foram pro interior, outros ainda estão procurando emprego, alguns montaram negócio próprio. E Você?

- Trabalho na área comercial de uma revista.

- Está bem?

- Vou levando, pelo menos não trabalho mais na industria farmacêutica.

Um aperto de mão selou nossa despedida.

Ela começou sua caminhada no sentido anti-horário. E eu, minha corrida no sentido horário.

Monday, May 04, 2009

FILOSOFIA DE VIDA

"Cidadão não é aquele que vive em sociedade, mas aquele que a transforma"

Augusto Boal

DAS COISAS QUE EU TENHO MEDO

Morro de medo da falsidade. Fujo da mentira.

Ando à procura de gente com valores éticos e tenho horror de quem se vende e se deixa corromper. Odeio a mediocridade e dela procuro escapar com todas as minhas forças.

Não acredito em quem se faz de santo, nos reprimidos,naqueles que falam em voz baixa e se sentem modelos de comportamento. Não vejo nenhum sentido na religião quando usada para justificar erros próprios e para limpar o remorso do passado.

Não acredito em promessas de ganho fácil com pouco trabalho.

Tenho medo de soluções prontas. De auto-ajudas e conselhos pré-fabricados, soluções mágicas, fórmulas simplificadas que resumem nossas vidas a uma apostila. Quero distância de todos esses manuais da felicidade.

Tenho medo de meu próprio preconceito e contra ele procuro lutar. Tenho medo da minha inércia e de meu comodismo. Tenho medo de minha própria pequenez e dela quero me desfazer. Tenho medo do sossego.

Ao mesmo tempo em que tenho medo do inferno que a falta de paz me traz.

Tenho medo de uma sociedade consumista, sem valores e sem solidariedade. Tenho medo da falta de um coração.

Morro de medo de quem tem o dinheiro como único objetivo de vida.

Tenho medo da frieza das pessoas que se escondem em seus próprios mundos e não se abrem para a vida. Tenho medo da auto-defesa e do fechamento das pessoas. Tenho medo de não conseguir quebrar as barreiras delas. Tenho medo de ver meus amigos infelizes.

Tenho medo de não ter mais amigos. Tenho medo que a crise, o emprego, suas familias, os levem de mim.

Tenho medo de não viver a vida que eu quero para mim.

Tenho medo de não desenvolver meus verdadeiros talentos, não lutar por uma sociedade mais justa, não ajudar os outros, não exercer minha cidadania.

Tenho medo de quem não luta pela vida e a deixa passar por entre as mãos sem saber o que é viver.

Tenho medo de não gritar, berrar e botar pra fora meu ódio, minhas frustrações, minha ansiedade.

Tenho medo de engordar engolindo minha própria vida.

Tenho medo de não mais praticar esportes e não conseguir educar minha filha.

Tenho medo de não ver sentido nesta vida.

Tenho medo de não combater meus medos.

NÃO POSSO ME ESQUECER DISSO NUNCA

Gostaria de uma sociedade mais justa e organizada, com um Estado menos participativo e mais mediador.

Acredito verdadeiramente na força tranformadora da iniciativa privada quando ela transfere o valor da propriedade para a sociedade.

Creio na mudança de valores através das artes, da educação e do esporte

FERIADO NACIONAL

Segunda-feira com FLAMENGO e CORINTHIANS campeões estaduais.

Hoje deveria ser FERIADO NACIONAL.

Friday, May 01, 2009

SAUDADES SEM FIM






Faz quinze anos que as corridas de Fórmula 1 não são mais a mesma coisa para mim. Um dos esportes qua mais adoro praticamente perdeu a graça. Mesmo nesta temporada que parece estar retomando a competitividade, depois que o Senna nos deixou, nunca mais tive o mesmo prazer em assitir as corridas. Infelizmente fiquei órfão de meu maior ídolo e nunca mais consegui colocar alguém no lugar.

Por ele fiquei em 90/92/93/94 mais de dez horas na fila desde a madrugada do dia anterior aos GPs disputados em Interlagos. Gritando feito um condenado: "Olê, olê, olá, Senna, Senna" tomei chuva na cabeça com imenso prazer e perdi a voz quando, junto com mais de 90.000 pessoas, fui à loucura em sua inesquecível vitória de 1993. Gritei e comemorei seu primeiro título na madrugada de um domingo com uma televisão que mal pegava o sinal da transmissão por estar em uma fazenda. Gastei o dinheiro do meu orçamento do dia pagando um taxista de Montecarlo para dar 3 voltas no circuito de Mônaco gabando-me por ser brasileiro. Sem que ninguém entendesse nada, passei à pé pela famosa curva Rascasse (que leva à linha de chegada em Mônaco) gritando "Senna, Mr. Monaco". Tantos e tantos domingos acordei mais cedo depois da balada só para vê-lo triunfar nas pistas.

Abaixo um texto publicado na edição nº5 da Revista 20/20 Brasil (em novembro de 2002)com toda minha admiração e meu olhar sobre o Ayrton. Notem que naquele ano Michael Schumacher (8 temporadas após a morte do piloto) ainda não havia batido o recorde de pole positions de Senna.


Olhos de lince

O mágico das pistas simplesmente via o que os outros pilotos não viam

Fernando Lessa


Na pista todos sentiam sua presença: era impossível para um piloto não percebê-lo por perto. Gehrard Berger, seu companheiro na McLaren por muitos anos e um dos maiores amigos no circo da Fórmula 1, certa vez disse que Ayrton via o que os outros não viam. A capacidade que Senna tinha de achar ângulos de ultrapassagens e tomadas de curvas (como se diz no jargão automobilístico) eram incríveis. Berger ficava impressionado com suas manobras e comentava com o piloto as telemetrias computadorizadas que mostravam o desempenho do carro volta a volta: “Como você fez esta curva nesta velocidade?”, perguntava. Não à toa, mesmo quase dez anos após sua morte, Senna permanece o recordista de pole positions da Formula 1: foram 65 poles, marca não alcançada nem pelo pentacampeão Michael Schumacher.


O desempenho de Senna sempre pareceu incrí-vel para todos os pilotos. Mesmo seus mais ferrenhos rivais o respeitavam. Alain Prost dizia que Senna tinha o dom de andar à frente. Esse incontestável dom é revelado por uma de suas grandes marcas: em mais da metade das corridas que disputou, Senna liderou. Foram 161 GPs disputados, dos quais esteve à frente em 86.


Ayrton tinha uma sensibilidade acima da média. Seus sentidos pareciam integrar-se buscando a perfeição. A expressão de concentração antes da largada é prova disso. Costumava dizer que em vários momentos “se desligava” do cockpit e dirigia por instinto, quase que levado. Por várias vezes revelou seu lado místico dizendo que conseguia ver de fora do carro o que estava fazendo. Inquestionavelmente, de todos os sentidos, a visão era o mais privilegiado deles: conhecia cada centímetro das pistas e as dominava com precisão.


Obstinado pela perfeição, como todo ariano que se preza, tinha o hábito de treinar exaustivamente para conhecer e desafiar seus limites. Chico Serra, seu companheiro de disputa de campeonatos de kart conta que, certa vez, em Bauru (SP), chegou para “abrir o kartódromo”, como era de costume (Chico Serra gostava de treinar sozinho pela manhã). O porteiro, o advertiu: “Já tem gente andando aí”. Serra encontrou Ayrton, ainda com o dia para clarear. Não acreditando, perguntou ao companheiro: “E aí, caiu da cama?" Senna respondeu: “Tenho que treinar no escuro para ver melhor de dia”. O que Ayrton Senna via, quase ninguém era capaz de enxergar.


Ainda jovem, disputando o Campeonato Paulista de Kart e pilotando seu famoso kart 42, Senna criou no Kartódromo de Interlagos uma “tomada de curva” que ninguém havia feito. Ele descobriu um ponto de frenagem totalmente inusitado que facilitava a entrada em maior velocidade na curva. Com esse recurso, quebrou o recorde da pista estabelecendo uma marca que permaneceu imbatida por muitos anos. Até hoje, os melhores tempos do Kartódromo de Interlagos são obtidos por aqueles que conseguem fazer “a tomada do Senna”, como ficou conhecida.

O que esperar


A atuação magistral de Senna não se restringia às pistas. Durante toda a sua carreira, ajudou de forma anônima várias instituições de caridade. “Se a gente quiser modificar alguma coisa, é pelas crianças que se deve começar”, dizia o campeão. Mas foi sua irmã quem concretizou seu sonho de criar uma instituição que contribuísse para a construção de uma sociedade melhor. Fundado por Viviane Senna, em 1994, o Instituto Ayrton Senna é hoje um modelo de organização no Terceiro Setor. Por sua exemplar obra, o Instituto recebeu vários prêmios da Unicef e hoje ampara 400 mil crianças e jovens em todo o Brasil.


O Instituto Ayrton Senna é uma ONG mantida por 100% dos royalties de todos os contratos de imagem de Ayrton Senna bem como da marca Senna e do personagem Senninha que foram doados pela família Senna para que o Instituto pudesse existir. Essa receita só pode ser obtida porque, ainda em vida, Senna revelou grande visão empresarial e lançou vários produtos com a marca Senna, desde bicicletas “mountain bike” até óculos (distribuídos pela Seline e que são um sucesso de vendas). A marca Senna rende recursos para o Instituto Ayrton Senna e o personagem Senninha é ídolo de milhares de crianças, muitas delas que sequer o viram nas pistas. Por sua grande visão, Ayrton Senna foi um homem que soube integrar carreira, imagem, empresas e cidadania, deixando um rastro que o manterá presente na história do Brasil

Thursday, April 30, 2009

DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS



Não sei se entendi bem a notícia que escutei esta manhã no rádio. Tomara que eu tenha ouvido outra coisa ou INTERPRETADO de forma errada a declaração do Presidente da Câmara Michel Temer sobre o uso abusivo de passagens pelos Deputados. Se não estiver enganado, ele declarou que o passado não importa mais. O que vale agora são as novas regras determinadas pelas novas cotas.

Ainda estou em estado de choque e extasiado com tal postura. Ao invés de promover a "limpeza" deste episódio, esclarecendo a sociedade brasileira sobre tudo o que aconteceu, já que jogaram nosso dinheiro pelos ares, Michel Temer teve uma atitude corporativista e protecionista. Primeiro colocou em votação uma medida que poderia ter sido posta em prática sem qualquer interferência dos parlamentares. Segundo o Estatuto da Câmara o Presidente teria poder para deliberar sobre este tema e tomar as medidas que julgasse necessárias, sem ter que obrigatoriamente recorrer à votação. Pressionado, não tomou atitude de presidente, transferindo a responsabilidade para a Câmara. Depois de reduzir em apenas 20% a cota de passagens para deputados, O Presidente da Câmara adota uma postura pública inadequada com a liturgia de seu cargo. Caberia ao comandante da Câmara capitanear uma profunda e séria ivestigação do abuso promovido pelos deputados, punindo exemplarmente aqueles que usaram indevidamente as passagens.

Mas o passado não importa. Não é relevante para o Presidente da Câmara, que se esquiva perante a sociedade,de sua responsabilidade de zelar pela ética e o do dinheiro publico da Câmara dos Deputados. O passado não deve ser considerado neste momento que somos aviltados publicamente por nossos representantes. Em direito penal, salvo engano meu, o histórico do réu é levado em consideração na sentença e chega a ser usado para reduzir a pena. Causa-me espanto o Sr. Michel Temer, bacharel e professor de direito, declarar que o passado não importa.

E VIVA A IMPUNIDADE!

Wednesday, April 29, 2009

ANDAR COM FÉ

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá

Que a fé tá na mulher
A fé tá na cobra coral
Ô-ô
Num pedaço de pão
A fé tá na maré
Na lâmina de um punhal
Ô-ô
Na luz, na escuridão

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
A fé tá na manhã
A fé tá no anoitecer
Ô-ô
No calor do verão
A fé tá viva e sã
A fé também tá pra morrer
Ô-ô
Triste na solidão

Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá
Andá com fé eu vou
Que a fé não costuma faiá

Certo ou errado até
A fé vai onde quer que eu vá
Ô-ô
A pé ou de avião
Mesmo a quem não tem fé
A fé costuma acompanhar
Ô-ô
Pelo sim, pelo não


Pelo sim, sempre pelo sim.

Desse jeito continuo tentando dar ao tempo o tempo que ele precisa para me dar as suas respostas. Aquelas que somente a ele pertencem. Até que elas cheguem faço a minha parte naquilo que parece estar ao meu alcance e tento vencer e conter a ansiedade.

Friday, April 24, 2009

VAMOS FAZER A NOSSA PARTE



A Farra das passagens é mais do que revoltante. EM 22 MESES A CÂMARA PAGOU 1881 PASSAGENS INTERNACIONAIS DOS DEPUTADOS E SEUS FAMILIARES! Assim até eu viajo internacionalmente.

Convido aqueles que passarem por este BLOG a visitar:

www.congressoemfoco.com.br

É uma das melhores fontes para se acompanhar a esbórnia que acontece na ILHA DA FANTASIA CHAMADA BRASILIA.

Segue abaixo a lista publicada pelo Congressoemfoco dos campeões de emissão de passagens aéreas internacionais.

Deputado – Número de voos

Dagoberto Nogueira (PDT-MS) – 40

Léo Alcântara (PR-CE) – 35

Marcelo Teixeira (PR-CE) – 35

Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP) – 29

Jilmar Tatto (PT-SP) – 28

Pedro Fernandes (PTB-MA) – 28

George Hilton (PP-MG) – 27

Vic Pires Franco (DEM-PA) – 27

Aníbal Gomes (PMDB-CE) – 24

Eduardo Lopes (PSB-RJ) – 24

Eugênio Rabelo (PP-CE) – 24

Paulo Henrique Lustosa (PMDB-CE) – 24

Mário Negromonte (PP-BA) – 23

Leandro Sampaio (PPS-RJ) – 22

Maurício Trindade (PR-BA) – 20

Rebecca Garcia (PP-AM) – 20

Roberto Balestra (PP-GO) – 20

Entrem no site para acompanhar este assinte, mandem cartas aos veiculos de comunicaçao, assinem abaixo assinados e manifestem a revolta quanto ao uso indevido de nosso dinheiro. Vamos fazer a nossa parte protestanto contra esta BARBARIDADE!

Wednesday, April 15, 2009

CAVALO INDOMÁVEL

Cavalo chucro, indomável, esta vida.


Livre
Sem rumo
Aos pinotes
Pelos campos cavalga


Crinas ao vento
Compasso cadenciado
Suas patas
Bate no chão


Cavalo chucro, indomável, esta vida.


A cabeça balança
Não se deixando dominar.
Nela ponho cabresto
Querendo controlar.


Cavalo chucro, indomável, esta vida.


Segue me levando adiante,
Sem que eu saiba
Onde vou chegar.

PARQUE DO TROTE


Antiga pista de corrida de trotes de São Paulo,
atualmente pista de cooper do Parque do Trote




Localizado na Vila Guilherme , o Parque do Trote é uma mistura de melancolia e esperança. Inaugurado em 2006 este é um parque voltado para pessoas portadoras de necessidades especiais e dificuldade de mobilidade. Ao estacionar meu carro, espantei-me com a quantidade de vagas reservadas para carros com identificação obrigatoria do DSV. Confesso que não me senti bem ao estacionar em uma daquelas vagas, mas minha curiosidade era tão grande que não me contive. Parei ali mesmo já que não havia outro lugar conveniente nos arredores. Entrei e lá passei um delioso final de tarde de terça-feira matando um desejo de tantos anos: conhecer a "arena" onde havia corrida de trotes de cavalos.

Este lugar exerce fascínio sobre mim desde pequeno quando meu pai sempre falava que um dia me levaria à Vila Guilherme para ver corridas de trote. Ele nunca me levou e o desejo e curiosidade permaneceram perenes até ontem. Fui a uma reunião em um cliente na Vila Guilherme, bairro que muito pouco conheço. Claro que precisei consultar o guia (ainda sou usuário de guias impressos que ficam no porta-luvas!) porque o google maps não resolveu meu problema. Me indicou um caminho que não gostei, aliás odeio que me indiquem caminhos. Quando me localizei e cheguei ao endereço da reunião, dei-me conta de que havia no mapa um Parque do Trote a poucos metros dali. Pensei: seria este o tal lugar da Vila Guilherme que meu pai queria me trazer? Passei o tempo inteiro pouco concentrado, pensamento passeando pela minha infância, querendo logo descobrir se eu estava certo ou errado.

"Matei" logo a reunião e entrei no carro seguindo o mapa (quem não sabe usar um velho guia precisa de um GPS a bordo há, há, há!). Poucos quarteirões depois, uma grande emoção tomou conta de mim. Entrei na pequena Rua dos Trotadores e dei de cara com o antigo portão da Sociedade Paulista de Trote. Era lá mesmo que eu queria chegar. Anos e mais anos de minha vida foram transportados para as iniciais S.P.T. colocadas, em concreto, sobre a antiga porta principal de entrada. A noite caía e as luzes do lusco fusco me comoveram. Encontrava algo que ficara perdido em minha infância. Dirigi-me ao segurança. Perguntei se ali ainda havia corridas de trote na esperança de que ele pudesse dizer que sim. A resposta foi seca: há muitos anos não tem um cavalo por aqui. Temperando minha desilusão com a felicidade por pisar em um lugar tão significativo para mim, contemplei a paisagem que tem traços de modernidade e história.

O parque tem uma pista de corrida muito interessante com um piso especial para cegos e corrimões ao longo de todo o percurso. Além disso, um jardim batizado de espaço dos sentidos tem canteiros de flores e arbustos com a possibilidade de atividades para cegos. O antigo galpão que um dia talvez tenha abrigado as charretes de corrida é um espaço onde gratuitamente são desenvolvidas atividades para pessoas com atenção especial, além de aulas de Yoga, taichichuan e artes marciais. Oficinas de artes para crianças especiais são oferecidas durante a semana regularmente. Ainda que não de forma ideal, um esforço louvável capitaneado pela então Secretária Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Mara Gabrilli.

Por outro lado, as cocheiras que abrigavam os cavalos estão em completo estado de abandono em uma área isolada por uma grade. Portas caídas, maideira corroída por cupins e grama alta. Quase um matagal. Uma pena. Um espaço que poderia ser utilizado não só como museu do trote, por exemplo, como também abrigar atividades com animais para crianças. Ou simplesmente um agradável gramado para deitar e relaxar, já que a área é grande. As antigas arquibancadas de cimento que ficam em frente à antiga pista principal de corrida estão rachadas e tomadas por capim, em estado de completo desleixo e descuido. Servem apenas como registro do que deve ter sido um dia o palco das corridas de trote em São Paulo.

Apesar de não ser um lindo parque, tem seu charme histórico e sua importante função social. Em uma cidade carente de áreas de lazer, uma importante área verde que atende a comunidade local.

Informações e programação: www.parquedotrote.blogspot.com

Tuesday, April 14, 2009

ILUSTRE "WEB PERSONALIDADE"

Quem conhece Susan Boyle, uma desempregada do interior da Inglaterra?

Desde sábado passado, o mundo inteiro.

Aos 47 anos, aparentemente fracassada, Susan resolveu criar coragem e acreditar em seu sonho de ser cantora profissional. Inscreveu-se no concurso de calouros "Britain's Got Talent 2009" e mandou ver em uma linda apresentação que foi ao ar em um canal da TV Britânica. Contrariando o pré-julgamento dos jurados, não só os encantou, como venceu a 1ª fase do concurso, perseguindo o caminho do seu sonho.

Nos últimos dias sua performance já foi assistida na internet por milhões de pessoas e é um dos assuntos mais comentados nos ambientes 2.0 da web. O vídeo foi tão acessado no youtube que, por solicitação da rede de televisão britânica, foi proibido de ser incorporado (por isso não pode ser visualizado aqui no BLOG).

Acesse o LINK abaixo e confira. Qualquer comentário meu cairia na pieguice. Emocionem-se não só com a interpretação de uma das mais belas canções do Musical "Les Miserables" , mas, principalmente, com a mudança na reação dos jurados.

http://www.youtube.com/watch?v=RxPZh4AnWyk

Sunday, April 12, 2009

Tuesday, April 07, 2009

SANTA INOCÊNCIA!

Ontem saí mais cedo do trabalho. De olho no relógio, corri para casa. Junto de minha mulher, minha filha já me esperava vestindo a camisa do São Paulo com caneta e máquina fotográfica em mãos. Apanhei as duas e colocamos o “pé na estrada”. O horário não era dos mais propícios e as luzes vermelhas dos carros que lotavam a Avenida Vinte e Três de Maio confirmavam a nossa verdadeira condição de fãs do Rogério Ceni. Enfrentávamos, em plena segunda-feira, por livre e espontânea vontade, o terrível trânsito da hora do “rush” só para ir ao lançamento do livro Maioridade Penal - 18 anos de histórias inéditas da marca da cal , escrito pelo goleiro em parceria com o jornalista André Plihal. O evento seria às 19h30min na Saraiva Mega Store do Shopping Morumbi.

O clima era de jogo. Daqueles decisivos em que se entra em concentração horas antes, pensa-se na escalação do time, no esquema tático e nas chances de vitória. Parecia que nos dirigíamos ao estádio, o que, dentro do shopping, acabou por se confirmar. Desde o estacionamento, bandeiras e camisas do São Paulo. Pelos corredores, uma “leva” de pessoas em direção à livraria. Com passos largos e em grupos, famílias e pessoas de todas as idades dirigiam-se ao seu ídolo.

Apressamos os passos, afinal, tínhamos que garantir nosso “lugar ao sol”. Doce ilusão, a Mega Store havia se transformado em uma Mini Store. Em meio a câmeras de televisão, jornalistas e personalidades do mundo esportivo, as pessoas se “acotovelavam” não só dentro da loja como no lado externo. Não havia mais distinção entre as filas. Uma começava no meio de onde supostamente terminava a outra. E os pobres funcionários da loja, certamente pouco acostumadas a este tipo de aglomeração, tentavam, em vão, colocar algum tipo de ordem na casa. Em meio a prateleiras, livros e mais livros, perdia-se de vista o início da fila. Nem mesmo o local onde Rogério estava foi informado. Mesmo assim permanecemos na fila por dez minutos quando fiquei sabendo que estava em uma fila para TENTAR conseguir uma senha, caso Rogério conseguisse atender até as 22:00 hs todas as 300 pessoas que haviam ficado em fila desde as duas da tarde para tentar ver o goleiro.

SANTA INOCÊNCIA! Achar que, por ser uma segunda-feira, chegando no horário (como de fatos chegamos), esperaríamos poucos minutos na fila e ainda conseguiríamos uma foto e um autógrafo na camisa da minha filha.

Mas valeu à pena. Compramos o livro, vivemos um gostoso momento em família e ainda tiramos a rotina da frente no dia mais chato da semana. Ontem, ao contrário do Garfield, adorei minha segunda-feira.

Friday, April 03, 2009

QUANDO TEREMOS UM PRESIDENTE ?

Numa rodinha de poderosos Obama se derreteu diante Lula e parecia uma maria chuteira perante um jogador de futebol. Todos assistimos (pela TV ou internet)o efusivo cumprimento do Presidente norteamericano a Lula e a troca de elogios entre ambos. Ao assitir repetidas vezes a cena, não parei de me perguntar: quando teremos um Presidente?

Desde de 1989 tivemos apenas 4 Presidentes. Três eleitos pelo voto popular e um alçado forçosamente à condição de Chefe do Executivo. Nestes vinte anos, pouca atuação vi à altura da responsabilidade do mais alto membro do poder executivo. O que tenho acompanhado são sucessivas ações diplomáticas que tem projetado a imagem e a participação do Brasil nos cenários político e econônomico mundiais. Nada contra a crescente participação do Brasil no cenário internacional, muito pelo contrário. Nos últimos dez anos ganhamos importância e hoje temos até a possibilidade de fazer parte do Conselho de Segurança da ONU. Graças a um competente esforço de Fernando Henrique Cardoso e Lula, ambos diplomatas de grande eficácia.

Todo este esforço, porém, não teve equivalência em território nacional. Nos 14 anos de mandato destes dois presidentes, pouco se viu em termos de realizações concretas. No Governo de Fernando Henrique cito duas: o Plano Real e a privatização das Telecomunicaçõe,sem falar, é, claro, na aprovação da reeleição. No Governo Lula consigo me recordar de outras duas: a gestão das reservas e a adminstração da dívida externa. Muito pouco para 4 mandatos consecutivos. Na realidade, um grande continuismo com todos os esforços voltados para a manutenção do poder. Seja através da aprovação de uma emenda ou de programas políticos sustentados pelo marketing.

Em todos esses anos a reforma tributária se arrasta no Congresso e não se chega a lugar nenhum. Pouco ou quase nada se fez pela Previdência Social, um dos grandes gargalos do orçamento, capaz de quebrar este país. Nossa infraestrutra aeroportuaria continua em frangalhos. A questão da educação resumiu-se a colocar internet e computadores nas escolas. A distribuição de renda a um mísero bolsa família (continuidade de um programa implementado por FHC). A criação de empregos passou a ser estatística e a discussão sobre nossa quase centenária Legislação Trabalhista não avança. Por causa da crise criou-se um pacote para a habitação, mas há muito não se tocava nesta questão. E, apesar da importância e representatividade do agronegócio em nosso PIB, não se fala em política agrícola.

A empatia de Obama por Lula é plenamente justificada e o carisma de nosso presidente é inquestionável. O que me assusta é o deslumbramento geral da midia brasileira sobre esta passagem peculiar de nosso presidente pela Europa. Ficamos todos com nossos egos cheios e felizes porque recebemos um afago do primeiro mundo. Mas esquecemo-nos de todos os nossos problemas internos e do abandono das questões prioritárias que deveriam estar na agenda política.

Tudo bem: "Lula é o cara". Mas quando teremos um presidente de verdade?