Thursday, January 31, 2008

Uma árvore chamada Beatriz

Minha filha é uma árvore. Tem raízes plantadas em meu coração. Raízes fortes. Sólidas. Que a cada dia se misturam comigo e tomam conta de mim.

Beatriz significa aquela que traz alegria. Imensa alegria. Por isso escolhemos seu nome. Bia é seu nome desde antes de nascer, mas ela tem vários apelidos carinhosos. Quando estava na barriga da mãe, chutava muito (já era um prenúncio de sua atual agitaçao) e, por ocasião do Mundial de Ginástica de 2005 (quando havia uma ginasta chinesa chamada PANG PAN PAN), demos o apelido de Beatriz PANG PAN PAN. O "pan pan" uma alusão onomatopaica aos seus chutes. Mas ela tem outros tantos apelidos carinhosos: BIBI (minha mãe teve um sonho premonitório onde ela punha uma netinha na cama e falava: olha a Bibi da vovó), BINOCA POROROCA, BIAZINHA, BIBA, PITUCA, TUCA, TUCA PITUCA, TUCA PURURUCA, VIDA (este último o mais importante). Beatriz hoje é a minha vida.

Por onde ela passa, cativa as pessoas. Mais de uma vez recebemos cartões de agências de modelos de crianças convidando-nos a levá-la para um teste de casting. No shopping ela ganha brindes por todo os lados e até laços e fitinhas de cabelo recebeu de presente. Na Alameda Santos o florista nos parou para dar uma rosa à Bia. Na padaria ela para o movimento pedindo ao Agenor seu café com leite. Outro dia falou no restaurante que o bife estava "dulo" (o garçom não acreditou). No supermercado todos os caixas a conhecem e sempre fazem gracinhas quando ela coloca as compras na esteira rolante. Na feira, ela tem desconto de R$0,50 por kilo de tomate porque ela mesma gosta de escolher os tomates. Nas ruas, não raramente, as pessoas passam e fazem elogios. Definitivamente, não há como alguém passar sem que a Bia chame a atenção.

Ela é uma criança que tem carisma e luz próprias. Tem brilho, um brilho próprio que poucas crianças têm. Seu olhar é fundo, penetrante, instigante, e tudo a mim diz. Conheço minha filha por seus olhos. Quando está triste (o que, felizmente, raras vezes acontece) basta olhar, seu brilho quase se apaga. Olha com expressão e tudo diz sem saber que está dizendo. Corre olhando para o mundo e se solta para a vida através de seus olhos que agora seguro em minhas mãos.

Bibi não para de falar. Talvez tenha puxado isso da mãe, não de mim. Constrói frases inteiras com perfeição. Sua voz roca e fraca ao telefone tocam-me fundo e lembram que ela ainda está aprendendo o que é a vida. Mas, ainda assim, já se expressa como uma pessoa que sabe o que quer. Tem a confiança de que pode escolher e não deixa se enganar. De jeito nenhum. Outro dia ela queria comer mais batatas e eu disse que só colocaria as ditas cujas se ela comesse couve ou abobrinha (e que ela escolhesse uma entre as duas). Ela parou para pensar, olhou para a mesa e soltou decidia: TOMATE. Como iria eu negar o tomate? Ela tinha entendido a regra do jogo e soube ganhá-lo dentro "das quatro linhas". Dei tomate. Depois, literalmente, à vencedora, as batatas! Há pouco tempo tentamos ir ao cinema e falei o que ela achava de sairmos à noite de casa. Sem pestanejar ela respondeu: eu acho que vocês devem dormir aqui em casa. Claro que não saímos.

Beatriz é uma árvore frondosa, uma árvore única no meio da floresta da vida. Sua sombra traz paz e conforto. Sua raiz está fincada em terra roxa e fértil. Seus frutos serão muitos e suas flores coloridas. Do alto de sua copa, os sábias escolhem a direção de seus vôos e lá de cima enxergam o mundo. Nos seus galhos, o João de Barro constrói seu ninho com muito trabalho e esforço. Para, tempos depois, ser feliz como nunca.

Minha pituca é especial, muito especial. Tem personalidade e sabe disso. Entende que a respeitamos muito e que suas opções são próprias. Ela sabe o que quer e não abre mão disso. Não está acostumada a ter coisas impostas "goela abaixo". Tudo é explicado, calma e carinhosamente negociado. O tempo das crianças é outro e sabemos respeitar o tempo da Bia para pensar e decidir. Por isso ela faz o que quer acreditando naquilo que faz. Não faz nada obrigada ou sem entender o que está fazendo. Já aprendeu que sempre pode querer, mas nem sempre vai poder ter.

Adora animais. Especialmente cachorros e cavalos. Destes não tem medo, pequenina do jeito que é, aproxima-se deles como se nada estivesse acontecendo. Dá comida na boca e lava suas patas e crina. Conversa com eles e faz carinho no pescoço. Todo seu aprendizado é baseado na natureza. Através do "exemplo" de seus amigos animais, ela aprende a mastigar, escovar os dentes, tomar banho e curar machucados. Tudo por analogia. Assim a aproximamos do "mundo animal" dos homens sem obrigá-la a fazer o que não quer.

Beatriz vê a vida como uma criança. Porém já a entende como um adulto.

Te amo filhota minha.

Seu pai.

Wednesday, January 30, 2008

Combatendo o bom combate

Fui moldado para ser perfeito e seguir o script de uma estória já contada. Mas teimo em acreditar em mim e no meu potencial para ser diferente e fazer as coisas com minhas próprias mãos. Teimo em insistir brigando contra o tempo, sentindo-me cada dia mais novo e disposto - ao contrário de muitos amigos da minha faixa etária que já têm sua vida estável. Teimo em fazer Faculdade ainda que a preguiça seja grande.Teimo em seguir lutando com meus ideais e sem abrir mão deles. Teimo em ser honesto e verdadeiro comigo mesmo, ainda que isso possa doer demais em mim - mais até do que eu gostaria.

Persisto em buscar um palco iluminado para que eu ponha meu banquinho e meu violão e possa me apresentar. Persisto em buscar insistentemente a felicidade e sua luz. Sou incansavelmente persistente na arte de sorrir.

Sou resistente e passo pela vida atravessando muralhas e rompendo barreiras. Raramente deixo-me abater e sempre me lembro dos versos da Canção Dos Tamoios de Gonçalves Dias (que, para variar, meu avô Zuza vivia a Recitar).

Não chores, meu filho:
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.
A vida é combate,
Que aos fracos abate,
Que aos fortes, os bravos
Só pode exaltar.

Tuesday, January 29, 2008

Terra de Camões

Voltei ontem de Portugal, terra de Camões. Não poderia deixar de me lembrar de quando meu avô recitava versos e mais versos de Camões para mim.

Impressionante como a bela arte permanece viva por gerações e gerações resistindo por mais de 400 anos.

Abaixo versos que marcaram e minha infância e que ainda em mim permanecem (ainda posso ouvir e ver meu avô entusiasmadamente recitando estes versos)

Os Lusíadas

Canto Primeiro

1
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

Meu avô sabia versos e mais versos de todos os Cantos dos Lusíadas, mas não vou transcrevê-los. Fica só o Canto Primeiro do qual me lembro bem.

Outro mais lindo ainda (que meu avô amava recitar dizendo que este era o amor ideal).

SETE ANOS DE PASTOR...

Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;

começa de servir outros sete anos,
dizendo: — Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida.

Sunday, January 27, 2008

Igreja da Sé - Lisboa

Quando eu era pequeno, meu avô ZUZA e minha avó Nilze fizeram uma viagem à Europa. Lembro-me de poucas histórias que eles nos contaram sobre aquela viagem, mas uma em especial marcou-me pelo resto da vida.

Disse meu avô que ele e minha avó em cada igreja que entravam rezavam um Pai Nosso. Ainda pequeno não entendi o significado daquele gesto que em minha memória ficou. Mais velho, quando em 1993 passei uma temporada aqui na Europa, tomado pela emoção e pela saudade, alcancei a dimensão daquele ato. Ao visitar as igrejas da Europa, lembrando-me deles, passei a rezar um Pai Nosso em cada Igreja que entrava. Aquilo me fazia muito bem e acabava por me aproximar de meus queridos que a tantos kilômetros de distância estavam. Desde então, a cada nova Igreja que conheço, não importanto a religião, ou local, repito o gesto de meus avós rezando um Pai Nosso. Com um toque pessoal: sempre de joelhos.

Hoje conheci a Igreja da Sé de Lisboa. Uma Igreja linda, de arquitetura gótica, cuja construção data do início do Século XII. Como não poderia ser diferente, ao entrar, ajoelhei-me e rezei um Pai Nosso fervorosamente. Dessa vez de forma mais intensa e mais emocionada, agradecendo pelo meu sucesso nesta viagem e pedindo por meu futuro. Orei também por toda a minha família e por todos os meus queridos, pedindo a Deus que abençoasse suas vidas e seus destinos.

Um gesto, porém, fez esta visita diferente. Acendi uma vela. Sempre achei bonito o fato de os católicos acenderem velas. Sempre respeitei este gesto devoto e reconheci nele um caminho para os fiéis mais fervorosos conseguirem aproximar-se de Deus aliviando seus corações aflitos. Como este gesto não faz parte da liturgia presbiteriana e de nosso hábito, raramente acendo velas. Mas hoje acendi uma vela e fiz uma oração muito especial. Ajoelhado. E de frente para o altar.

Na Igreja que resiste ao tempo, acendi uma chama e pedi ao tempo que a mantivesse acesa enquanto houver esperança em meu coração. Enquanto eu puder viver sonhando e enquanto meus sonhos possam tornar-se realidade. Enquanto eu tiver a coragem para viajar e enfrentar os desafios como desta vez enfrentei.

Despeço-me de Lisboa e espero poder voltar para um dia esta chama novamente encontrar.

Saturday, January 26, 2008

Ao meu amigo "Zé Fernando"

Zé,

Um grande amigo meu ao comentar meu BLOG disse que BLOGs eram uma substituição aos "antigos" diários com a diferença que do outro lado da página estava o mundo via internet. Ele tem toda razão, por isso eu escrevo agora no BLOG para que todos saibam o quanto devo a você.

Nesta viagem que agora faço a Lisboa, por circunstâncias profissionais, tive que assumir mais o papel de assessor de imprensa do que de "marqueteiro". Confesso que gostei mais deste papel do que do aquele que venho fazendo na minha vida profissioanl. Talvez eu devesse mesmo era ter feito faculdade de jornalismo ao invés de propaganda. Lembro-me que na época do 3º colegial isto me passou pela cabeça mas não sei "por que cargas dágua" fui parar no marketing. Acho que é mesmo porque, como diz um grande amigo meu, quem não sabe o que quer da vida vai fazer marketing. E foi o que fiz. Talvez fosse melhor jornalista do que "marqueteiro".

Mas, apesar de não ser assessor de imprensa, adorei fazer este papel e tudo o que sei sobre assessoria de imprensa devo a você. Sem as suas "aulas" dos tempos em que juntos trabalhamos e sem todos os seus comentários e dicas do passado (quando juntos trabalhamos), tenho certeza de que não teria conseguido fazer este meu papel improvisado. Confesso que gostaria de ter te pedido socorro algumas vezes mas a distância e a urgência me impediam de fazê-lo. Assim, tive eu mesmo que "me virar" e, seguindo meu instinto, tomar as decisões. Todas elas sem a sua batuta, maestro! Mas tudo deu certo e agora posso levar comigo mais uma grande experiência para minha vivida vida.

Obrigado, grande irmão, por tudo que você me ensinou. Tenho ainda muito a aprender. E com você quero continuar "estudando".

Grande abraço do seu pupilo.

Aos meus pais

Lisboa já faz parte da minha vida. De um dos capítulos mais importantes de minha história. Aqui vivi uma grande vitória, venci um grande desafio. Sinto-me bem e feliz, muito feliz. A apreensão agora dá lugar à sensação do dever cumprido. Na volta poderei rasgar o continente com a cabeça erguida e com orgulho.

Venci o medo e a minha própria limitação, dominei o desconhecido, usei meu instinto, mantive a calma. Entreguei-me, como sempre em minha vida, apaixonada e intensamente, a um objetivo. E atrás dele corri. Com muito esforço fiz mais uma grande travessia.

Desta forma tenho feito minhas coisas, confiando em mim mesmo e em minha própria capacidade. Nada tenho além de minha inteligência, minha ética e o respeito que conquisto a cada etapa de minha caminhada. Não tenho bens ou dinheiro acumulados, mas tenho a minha própria integridade a oferecer. Minha coragem de seguir batalhando e aprendendo a jogar, como diz a letra da música interpretada pela Eliz Regina:"nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas...aprendendo a jogar".

Nesta nova etapa e neste novo ano, proponho-me a aprender a jogar o jogo corporativo. Em outros tempos já estive neste tabuleiro, porém imaturo e com sonhos pueris. Agora, um pouco mais maduro e senhor de meus valores, quero jogar este jogo dentro das regras, mas com a malícia de um bom atleta. Quero driblar e não me deixar ser driblado, atacar quando necessário, defender mais do que nunca. Quero ganhar terreno sem tirar espeços de outros e avançar sempre confiante após cada conquista como a de hoje.

O passeio de táxi pelo centro de Lisboa à noite vai ficar para sempre em minha memória como uma das mais lindas noites que já vivi. Sem perder a simplicidade ou a humildade, quero carregar esta noite como marco de uma grande virada. E quero agradecer a quem sempre me ama e me apoia, torce por mim, e tudo me deu, para que eu pudesse contar comigo mesmo e com a capacidade de superar desafios sem medo de perder a batalha: meus pais.

Obrigado mamãe e papai, por terem sido (e ainda serem) grandes pais e terem proporcionado tanta solidez em minha educação. Sem que vocês tivessem a vida INTEIRA dado tanta importância à minha formação como ser humano, jamais eu teria chegado até aqui.

Esta vitória e este gol, dedico à vocês.

Friday, January 25, 2008

O Tejo e a imensidão

Em 1993 quando aqui em Lisboa estive vi o Rio Tejo pela primeira vez. Hoje tive a oportunidade de revê-lo. Mesmo quase quinze anos depois e com Lisboa muito diferente daquela que vi, a sensação que tomou conta de mim foi a mesma: a de visualisar e sentir a imensidão.

Naquela época estava passando uma temporada aqui na Europa e visitei Lisboa como último destino de uma rodada de 45 dias de viagem. Estava com saudades de casa, do Brasil e de falar português. Quando defrontei-me com o TEJO, senti uma enorme emoção (a mesma de hoje). Senti no encontro do rio com o oceano o ponto mais próximo de casa, ao mesmo tempo o mais distante. Senti a imensidão do oceano a me separar e aproximar de casa, pensando na coragem daqueles que há mais de quinhentos anos enfrentaram o mar em busca de riquezas. Imaginei a loucura insana de se lançar com mantimentos provisionados no mar sem fim pondo-se a enfrentar as intempéries do oceano. Pensei na tristeza daqueles que ficavam esperando, talvez sem esperança, quem partiu voltar.

A visão do Tejo é linda, uma nota de fado dentro de Lisboa. Toda a emoção contida, profunda, romântica e sofrida do Fado, traduzidas no rio e sua imensidão. Toda a alma portuguesa, sua coragem e grandeza de outros tempos, contida em águas sem fim. Um reino perdido em sua própria água, que guarda as lembranças de outrora.

Parei e sentei para ouvir a água ir e vir batendo no "paredão" à beira do Tejo. Senti-me bucólico. Só. Saudoso. Poético. Do outro lado Alcântara e a vontade de atravessar. O Tejo e o oceano. A vida e o tempo. Atravessar as dificuldades que esta cidade hoje me trouxe e enfrentá-las com a coragem dos portugueses navegantes.

Nas águas do Tejo, a imensidão da minha esperança.

Thursday, January 24, 2008

Minha vida é Viajar

Mais uma vez, malas prontas. Mais uma vez aeroporto, avião, hotel e um destino a ser desbravado. Um universo novo a ser conhecido, pessoas que passarão a ter um rosto após muitos contatos por e-mail e telefone. Novamente ao olhar para as asas do avião tentarei conter minha expectativa e minha apreensão. Parto para um dos maiores desafios de minha carreira profissional e sei que terei de me superar. Ainda mais.

Esta semana foi incrivelmente difícil, uma das mais difíceis da minha vida profissional, trabalhei muito mais do que podia e sob tensão e stress, sabendo que toda a responsabilidade estava em minhas mãos. Sabendo que, qualquer erro, por menor seja, seria atribuído a mim. Mesmo que a culpa não tenha sido minha. Sob esta pressão, vivi dias malucos com meus dois celulares tocando ao mesmo tempo (o meu ramal com gente esperando para falar comigo) e uma caixa postal que não parava de receber e-mails. Loucura total, insana quase, já que não havia com quem contar além de mim mesmo. Tive que dar conta do recado e agora parto para mais três dias de expectativa e surpresas. Farei um papel que nunca fiz e não poderei mostrar insegurança. Terei que dominar meu medo e tomar decisões baseadas no meu instinto.

Minha vida é viajar, dentro e fora deste país, dentro e fora de mim. Parto para mais uma viagem, mais um desafio, em busca do meu destino profissional que agora tanta importância tem para mim (como nunca teve). Deixo muito de mim e de meu trabalho para trás e levo a esperança de que tudo possa dar certo (aqui e por lá).

Na volta o vôo diurno e a eterna emoção de voltar ao Brasil vendo o avião rasgar o território deixando para trás o mar que me separava de casa.

E a grande sensação de alcançar o infinito quando o azul do mar se junta ao azul do céu.

Tuesday, January 15, 2008

Colecionador de olhares

Sem me dar conta
fui me despindo
do que não era essencial
e saí a caminhar.

Devagarzinho
Olhando bem no fundo dos olhos
(outros olhos)
passei a descobrir a vida
e redescobrir
a mim mesmo

Fui deixando para trás
um olhar que não era mais meu
e passei a colecionar olhares

Olhei para mim mesmo
entregando-me sinceramente
ao olhar de quem não sabia
estar eu colecionando seu olhar

Refleti na coragem dos olhares fortes
a minha fraqueza
na simplicidade do olhar das crianças
meu único caminhar

Thursday, January 03, 2008

TERRA ROSSA

Quando piso nesta terra
Minha origem se revela.

Volto a ser menino
Esquecendo-me dos dias que me levam adiante
Dos anos que se passam todo dia 31.

Brinco livremente
E vejo as horas pelo sol.

Corro pela grama
Ando descalço
E pinto a planta de meus pés com a cor vermelha.

Piso na lama
Ando nas poças de água
E gosto de ver minha roupa se sujar.

Esqueço-me de todas as pressões,
E levo a vida na juventude da minha história.

Cada dia é uma aventura,
Uma nova descoberta,
Um grande renascer.

Planto as sementes de esperança
Semeio as ilusões
Lanço longe os meus sonhos.

Nesta terra da minha história
Vivo a vida que sonhei.