Thursday, May 29, 2008

O VENTO

“Olá, Guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?”

“Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?”

“Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram”.

Fernando Pessoa em
O Guardador de Rebanhos

Desde pequeno o vento faz parte da minha vida. Meu avô contava histórias sobre o vento. Minha avó cantava a música do vento que balançava as palmas do coqueiro, encrespava as ondas do mar e trazia notícias de lá.

Tudo isso fez nascer em mim uma admiração pelo vento e uma relação muito especial com seu mistério. Este trecho de O Guardador de Rebanhos traduz minha fascinação pelo vento e toda poesia contida em seu sopro.

O vento quando sopra, dobra os girassóis, faz barulho no meu ouvido, arrepia minha pele. Quando cavalgo livremente pelos canaviais, seu assobio me aproxima da liberdade mais pura. Quando sinto saudade, o vento me traz notícias de lá.

Atualmente o vento tem me falado das "cousas que nunca foram" , soprado aos meus ouvidos "muita cousa mais do que isso" e vem me acompanhado refrigerando minha alma. Tem feito parte de minha existência como a memória de meu avô, que nunca me deixa, está sempre comigo e fica mais forte nas horas mais importantes e críticas.

O vento une passado e presente e me deixa mais próximo das respostas que procuro.

Saudades de meu avô toda vez que me lembro que o vento "não sabe de onde vem e nem para onde vai".







Wednesday, May 28, 2008

"No More Mr. Nice Guy"

Cansei de ser o Mr. Nice Guy. Não vou mais ser o bonzinho que "só toma na cabeça".

Seguirei meu caminho fiel aos meus princípios agora porém sem superproteger quem não quer ser superprotegido. Não mais calando-me diante de barbaridades para não ter problemas. Não mais anulando-me para fazer os outros felizes e, com certeza, não mais acabando um dia com o sentimento de frustração.

CHEGA.

Quero paz, sim, mas não quero perder-me de mim mesmo por causa dos outros. Respeitando a todos e tentando conviver com as diferenças, vou atrás de minha liberdade e individualidade, binômio mágico, encantador e tão difícil de ser alcançado.

Mas quem não anda um kilômetro não consegue caminhar mil kilômetros.

Chego lá, com certeza.

SE

" Se é capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para esses no entanto achar uma desculpa;
Se é capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;"

Este é o primeiro verso do lindo poema "IF" (Se) de Rudyard Kipling que tem me acompanhado há mais de um mês encorajando-me a seguir caminhando e lutando, porém sem brigar.

Palavras trazidas pelo vento na hora em que eu mais precisava.

"DOMINUS SUI, VICTOR MUNDI"

Do Latim:

"Eu tenho domínio de mim mesmo.

Eu venço o mundo"

SEM COMENTÁRIOS

Mangabeira Unger, nosso Ministro de Assuntos Estratégicos, escolhido para coordenar o PAS (Plano Amazônia Sustentável) declarou abertamente ser "um ignorante em relação à Região Amazônica".

Depois o Lula quer que a opinião pública mundial acredite que a Amazônia é nossa. Como eles vão dar confiança à gestão de alguém que se autodefine como ignorante JUSTAMENTE a respeito do problema que foi convocado para resolver?

SÃO PAULO DA GAROA

Quando cheguei do interior, ainda jovem, vindo de Assis para fazer cursinho e faculdade em São Paulo, ainda não tinha total dimensão do que era viver nesta cidade. Minha infância inteira tinha sonhado com a chance de morar aqui na cidade grande. As férias de julho e de verão, a gente passava aqui na casa de meus avós maternos. Até hoje não me sai da memória a triste imagem da chegada a Assis quando eu acordava da viagem e via as luzes da avenida principal iluminando o trem. Era retorno ao chão, vindo do céu, que era o sonho. Aquela vida de cidade pequena me entristecia, me deixava cabisbaixo, me dava vontade de sair. Me lembro de quantas e quantas vezes eu contava nos dedos os dias para se chegar o dia da viagem de trem. Naquela época, a gente ainda viajava de trem, nos trilhos da velha e saudosa Sorocabana, que nos trazia até a inesquecível Estação Júlio Prestes. Naquelas plataformas o gostoso era sempre chegar, nunca partir. Nas noites de vinda, nem dormir direito eu conseguia, olhava em meu reloginho de pulso de hora em hora. Tinha uma luzinha fraca que ficava bem em cima da cabeça e que, toda vez que eu acendia, minha mãe, zelosa, na cama de baixo, perguntava se eu queria alguma coisa. Era uma cabine do carro leito, como eles o chamavam, na bilheteria, e tinha um beliche. Em baixo dormia minha mãe, em cima , eu e minha irmã mais nova. Às vezes, dormia sozinho, era a glória, a independência. Mas na maioria das vezes tinha que dividir o espaço com minha irmazinha. A viagem era gostosa, tranqüila, o chacoalhar dos trem embalava o sono que volta e meia era interrompido pela ansiedade de chegar. O barulho doas rodas sobre os trilhos, Ah, esse, só quem já viveu é que sabe! Dava uma sensação de segurança e a certeza de que a gente ia chegar. E ainda na periferia, algumas estações antes da Júlio Prestes, lá ia eu no meu maior gesto de independência para a varanda do vagão, ver sozinho a grande cidade chegar. Era um encontro mágico, um contorno de céu que eu não conhecia em Assis, e que toda vez que eu via me dava vontade de abraçar. O vento que soprava no meu rosto me preparava para o encontro que eu tanto tinha esperado. E lá de longe, assim que o trem embicava na estação, lá estavam meus avós acenando com o gosto de felicidade na palma das mãos. Era como se nada existisse, apenas aquele abraço, aquele beijo ,pudessem acontecer. Nos braços de meu avó , o encontro tão esperado. A cidade, o mundo, a vida , eram pequenos demais para mim naquele momento. A segurança era tão grande que a cidade ficava pequena. E eu a dominava por inteiro. No caminho para a casa dos meus avós, eu via a cidade passar na janela do carro de meu avô e sentia um desejo de pegar em minhas mãos aquela cidade que eu tanto amava.

Muita coisa mudou em São Paulo desde aquele tempo, mas minha vontade de domar esta cidade continua a mesma., Agora não é só a chegada pelos trilhos do trem e o caminho para a casa de meus avós que eu conheço. Trabalhando como vendedor, já rodei pelos quatro cantos desta grande incógnita, que eu tanto amo. Quando era criança, São Paulo era só poesia, televisão, estórias de meu avô. Eu não sabia e não conhecia este lado frio, cruel e impessoal da grande cidade. Meu avô me levava ao centro, me mostrava as ruas por que andara na infância, simulava o barulho do bonde e o trocador pedindo os bilhetes. São Paulo para mim era a São Paulo do meu avô, uma cidade pequena e romântica com seus lampiões de gás.

Hoje, depois de mais da metade de minha vida, já passada nesta terra que eu ainda amo, me ressinto ao me pegar várias vezes querendo sair daqui. Ao contrário de quando era criança, hoje conto no calendário do computador, os dias para o feriado que vai me levar até Assis. Me sinto oprimido, massacrado, pressionado por esta São Paulo que não mais reconheço. As luzes da mesma Avenida Rui Barbosa em Assis, são agora motivo de alívio e de segurança, não mais de angústia.

Felizmente, enquanto estiver aqui em São Paulo, morando no bairro da Aclimação, eu tenho um refúgio: o Parque da Aclimação. O lugar onde me encontro com minhas raízes, o lugar onde volto a ser menino e a vida passa a ter novamente sentido. Final de semana que eu fico em São Paulo e não vou ao parque da Aclimação, não é final de semana. Hoje eu preciso deste espaço, deste jardim que virou parque numa cidade onde o verde foi devastado.

No Parque da Aclimação, os velhinhos ainda jogam dominó e se reúnem para falar dos seus tempos de futebol e zona (do meretrício). Ali, as pessoas se encontram e se conhecem, se cumprimentam e se respeitam, não são impessoais e frias. No Parque da Aclimação, o futebol ainda é pelada e é jogado como mesmo amor que o velho Garrincha tinha por ele. Sem interesse, com ginga, com malícia e malandragem. O futebol é futebol, e a torcida senta junto na arquibancada e xinga o juiz do mesmo jeito. Ali não tem briga e, se tiver, faz parte, logo, logo, chega a turma do deixa disso. A mulherada também fala palavrão e se senta ao lado do marido da outra para xingar o próprio marido que está no campo. A grama não é mais grama, é terra, mas é ali que os bairros de São Paulo ainda se enfrentam com suas agremiações amadoras. È ali que o esporte bretão encontra sua identidade mulata. No Parque da Aclimação, tem o recanto do Saci Pererê, um parquinho de crianças onde todo mundo se junta para ver as crianças rolarem na areia e se divertirem inocentemente. No Parque da Aclimação, os japoneses ainda falam japonês, os coreanos ainda falam coreano e os italianos ainda falam italiano. No Parque da Aclimação, os territórios ainda existem e são respeitados, as pessoas ainda têm origem e as famílias ainda se conhecem. Na concha acústica quem se apresenta é do bairro e pode fazer ali sua propaganda gratuita para aqueles que são da comunidade. Aliás, na concha acústica, as crianças brincam e se divertem ensaiando passos artísticos para o futuro. No parque da Aclimação, não tem diferença. O velhinho da cadeira de rodas está na mesma pista da criança que dá bom dia e passa correndo. Quem corre com tênis AIR último modelo passa no mesmo lugar daquele que corre descalço ou de havaianas. Ninguém se preocupa em mostrar algo para o outro, não tem competição de grife ou status de competição. Ali o esporte é esporte e cada um faz o que gosta do jeito que quiser. As pessoas se conhecem e se reúnem, falam mais abertamente sobre suas vidas e acabam se desmascarando. Trocam idéias e até discutem, mas sem brigar. Discordam e ao mesmo mesmo se entendem. São amigas.

No Parque da Aclimação A SÃO PAULO DA GAROA do meu avô volta pra minhas mãos.

SP, 26/07/2004

SAUDADES GUGA

Escrevi este texto em 2004 quando Guga estava em sua melhor fase.
Decidi publicá-lo em homenagem à aposentadoria de um cara do bem e que eu muito admirei.
O BRASIL DE GUGA
Guga venceu Ferrero e confesso que começo a me lembrar do Senna. Comparações são sempre difíceis e perigosas, mas às vezes bem vindas. Acho que hoje ela é bem vinda.


Há pouco mais de dez anos me lembro que vivia uma dúvida, um dilema, uma crise quase que existencial. Deveria eu amar ou odiar este país? Era um típico cara pintada, já não mais estudante universitário, mas com o espírito de um deles, que acreditava em movimentos estudantis (apesar do babaca do Lindenberg Farias nunca ter me enganado) e na famigerada mobilização social. Peguei minha bandeira, pintei minha cara, fui duas vezes às ruas, acompanhei ao vivo a votação de cassação do Collor. No alto de meu pueril idealismo, achava ser aquilo suficiente e acreditei ter ajudado a mudar meu país.



Naquela época, recordo-me vivamente e com muita saudade, a revolta contra todos aqueles políticos que haviam nos traído parecia deixar de existir nas manhãs de Domingo quando “Ayrton Senna DO BRASIL” nos enchia de orgulho ao desfilar nossa bandeira nas pistas ao redor do mundo. Era um banho de emoção, uma catarse daquele Brasil perdedor que tanto nos maltratava. Era como se ele nos representasse, um a um, de todos os cantos deste país, em cada pódio que conseguia. Era como se ele nos dissesse, a cada novo começo de semana: deixa prá lá, um dia a gente vence... E nós, tomados de emoção, começávamos a semana cheios de esperança.



Quase dez anos se passaram desde sua morte e a vitória de Guga fez-me lembrar dele (como se fosse possível esquecê-lo). Em tempos de “apagão” de tanta falta de responsabilidade, não vivo mais o mesmo dilema. Todos odiamos claramente este país que ainda vai precisar de muitas vitórias do Guga para nos ajudar a recuperar a auto-estima. Até para os mais românticos como eu fica difícil gostar de quem nos maltrata aviltantemente a cada minuto. Fica difícil acreditar em quem se diz preparado e depois “ é pego de surpresa”. Mas o tempo, soberano regente da vida, sabe o que faz. No Brasil do Senna, uma vitória a cada quinze dias era suficiente. No Brasil do Guga, uma vitória por semana ainda é pouco...

E no Brasil do Guga, a vitória já não é mais catarse; é vingança.

REFLEXÃO PARA MOMENTOS DIFÍCEIS

“Eu vi um mar bravo e revolto com ondas enormes.

Então percebi que sob a superfície havia calma e quietude. Eu ouvi as palavras:

Procure a paz que flui por toda a profunda compreensão interior e, quando a encontrar, retenha-a, não se importando com o que esteja se passando ao seu redor.”

A LIÇÃO DO BAMBÚ CHINÊS

Depois de plantada a semente deste incrível arbusto, não se vê nada por
aproximadamente 5 anos, exceto o lento desabrochar de um diminuto broto, a
partir do bulbo.


Durante 5 anos, todo o crescimento é subterrâneo, invisível a olho nu,
mas...


Uma maciça e fibrosa estrutura de raiz, que se estende vertical e
horizontalmente pela terra está sendo construída.


Então, no final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir a altura de 25
metros.


Um escritor de nome Covey escreveu : Muitas coisas na vida pessoal e
profissional são iguais ao bambu chinês.


Você trabalha, investe tempo, esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu
crescimento e, às vezes, não vê nada por semanas, meses, ou anos.
Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo,
o seu 5º ano chegará e, com ele, virão um crescimento e mudanças que você
jamais esperava...


O bambu chinês nos ensina que não devemos facilmente desistir de nossos
projetos, de nossos sonhos...


Em nosso trabalho, especialmente, que é um projeto fabuloso que envolve
mudanças... de comportamento, de pensamento, de cultura e de sensibilização.


Para ações devemos sempre lembrar do bambu chinês, para não desistirmos
facilmente diante das dificuldades que surgirão.


Tenha sempre dois hábitos: persistência e paciência, pois você merece
alcançar todos os seus sonhos!!!


É preciso muita fibra para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita flexibilidade para se curvar ao chão.

Friday, May 23, 2008

MENINA

Quando criança nao podia ouvir a música "Menina" de Paulinho Nogueira. No meio dos seus lindos acordes começava a chorar e não parava mais. Até hoje me lembro de cantar chorando:

"Te carreguei no colo menina,
Cantei pra te dormir "

Algo inexplicável, que talvez possa ser atribuído à imensa vastidão cósmica que foge à nossa compreensão. Tive uma filha. Que tanto carego no colo e conto estórias para dormir. Uma filha única, especial, diferente de tudo e que tanto me ensina e leva adiante. Uma filha que ME carrega no colo, mesmo tão pequena, sem saber que assim está fazendo. Uma filha que embala meu sono e me põe para dormir. Acalenta meus sonhos e me faz forte, ensina a essência da vida e me faz pensar.

Na natureza, na frieza da vida, crueza das pessoas, na falta de verdade nos olhares. Na vegonha que não se tem mais, na ausência de valores, no fim da linha deste trem.

Filhota minha, você e só você, não me deixa perder a esperança.

Friday, May 16, 2008

BARCO DA VIDA

Entra no rio,

Corre com o barco

E deixa a correnteza te levar.


Desce o rio,

Contorna as pedras

E vence a força da água


Sente o rio,

Água na pele

O desejo que renova a vida


Vive teu rio,

Entra de cabeça

E veja onde suas águas levarão


Lá na margem,

Correndo nas bordas

O desejo de estar no rio


Friday, May 09, 2008

Armadilhas da língua pátria

Recebi hoje este interessante e-mail que resolvi publicar.

Você sabe o que é tautologia?

É o termo usado para definir um dos vícios de linguagem. Consiste na repetição de uma idéia, de maneira viciada, com palavras diferentes, mas com o mesmo sentido. O exemplo clássico é o famoso 'subir para cima' ou o 'descer para baixo'. Mas há outros, como você pode ver na lista a seguir:

- elo de ligação
- acabamento final
- certeza absoluta
- quantia exata
- nos dias 8, 9 e 10, inclusive
- juntamente com -
- em duas metades iguais
- sintomas indicativos
- há anos atrás
- vereador da cidade
- outra alternativa
- detalhes minuciosos
- a razão é porque
- anexo junto à carta
- de sua livre escolha
- superávit positivo
- todos foram unânimes
- conviver junto
- fato real
- encarar de frente
- multidão de pessoas
- amanhecer o dia
- criação nova
- retornar de novo
- empréstimo temporário
- surpresa inesperada
- escolha opcional
- planejar antecipadamente
- abertura inaugural
- continua a permanecer
- a última versão definitiva
- possivelmente poderá ocorrer
- comparecer em pessoa
- gritar bem alto
- demasiadamente excessivo
- a seu critério pessoal
- exceder em muito .

Note que todas essas repetições são dispensáveis. Por exemplo, 'surpresa inesperada'. Existe alguma surpresa esperada? É óbvio que não. Devemos evitar o uso das repetições desnecessárias.

"YES WE CAN"

O slogan criado para a campanha de Barack Obama ("Yes we can") teve um forte aliado durante os últimos meses: a imprensa americana. Nesta semana a capa da Revista TIME estampa a foto do candidato democrata com a manchete "And the winner is..." com um asterisco. E o asterisco é justificado pela frase: desta vez temos certeza.
Pelos cálculos matemáticos apresentados pela imprensa americana ao mundo a vantagem de Obama sobre Hillary Clinton parace irreversível após a vitória do candidato negro nas primárias da Carolina do Norte no último dia 06 de maio. Mesmo ainda faltando algumas convenções primárias, Barack Obama pretende no dia 20 de maio oficializar sua vitória sobre a adversária e conclamar o partido democrata a unir-se em torno de sua candidatura. Mas ainda não admite abertamente sua vitória. Perguntado em entrevista a uma grande rede de televisão sobre a capa da revista TIME, o candidato disse que ainda há muito trabalho pela frente.
O cenário atual apenas confirma a trajetória da disputa entre os dois pré-candidatos Democratas nos últimos meses. Uma ligeira vantagem de Obama sobre Hillary em Estados com maior presença de minorias raciais e a contrapartida do desempenho da ex-primeira dama em Estados mais conservadores como a Pensylvania. Mantendo-se as devidas estratégias de marketing eleitoral buscando o posicionamento de cada um dos candidatos, o discurso de ambos não apresentou grandes diferenças ideológicas ou programáticas , mantendo apenas a tônica de oposição à continuidade do Governo Bush (qualquer que fosse o vencedor). À exceção da questão do Iraque, quando Hillary mostrou uma postura mais agressiva do que Obama (buscando uma parcela do eleitorado mais consevador - inclusive o republicano), não houve discussões programáticas. Além da questao do Iraque estratégia do comitê de Hillary foi tentar criar a imagem de um Barack Obama mais radical (associando-o a seu ex-pastor e conecções com terroristas). As duas estratégias, aparentemente inteligentes, não se mostraram eficazes principalmente por uma razão: a proteção da imprensa americana ao pré-candidato negro.
O que se comprova mais uma vez com a história desta corrida ao posto de candidato do Partido Democrata para concorrer às eleições presidenciais americanas é a força da mídia. Tivesse a imprensa não "blindado" Barack Obama e a história talvez tivesse sido diferente. Tivesse a imprensa "eleito" Hillary Clinton como pré-candidata ideal e, quem sabe, no dia 20 de maio quem estivesse anunciando prematuramente sua vitória seria a ex-primeira dama.
Durante toda a pré-campanha a mídia americana não apenas protegeu Obama como o enalteceu e o posiconou como a melhor opção. Talvez até como a "salvação" para a América. Mais do que pelos méritos e qualidades do pré-candidato, a "vitória" de Barack Obama sobre Hillary Clinton deve ser atribuída a uma nada velada e pouco parcial cobertura da imprensa americana à esta disputa.

Friday, May 02, 2008

REFAZENDA

Chove na fazenda.
Tempo de esperar a água entrar no solo e fazer a planta crescer.
Terra molhada é terra fértil. Que, ao seu tempo, traz a colheita.

Vida de agricultor não é fácil. Tem que plantar para colher, adubar e tratar, esperar e esperar. Torcer para a chuva vir na hora certa, as tempestades passarem longe da lavoura, as pestes e os maus olhados também ficarem para longe.

Cresci em fazenda. Aprendendo a pensar na terra e nos frutos desta terra. Na magia das águas que caem sobre os grãos plantados e na colheita. Pensamento do Salmo 126: Aquele que semeia em lágrimas, colherá sorrindo.

Aniversário de minha mãe. Saudade do tempo que não sei onde está e nem me deixa sentir saudade. Só o agora. A chuva de hoje. O céu cinzento e vontade de parar. Olhar com calma as gotas de água caindo e as poças se formando no gramado. Eu dentro de mim mesmo. Poça dágua dentro de minha chuva. O vento que balança as árvores e a lareira que vai me aquecer à noite. Eu e minha sombra na luz do fogo. Lado ao lado. Plantando e colhendo. Refazendo.

E por falar em fazenda, colheita, e refazer, resolvi colocar a letra de uma lindíssima canção do Gilberto Gil que fala de tudo isso.

REFAZENDA

Abacateiro acataremos teu ato
Nós também somos do mato como o pato e o leão
Aguardaremos brincaremos no regato
Até que nos tragam frutos teu amor, teu coração

Abacateiro teu recolhimento é justamente
O significado da palavra temporão
Enquanto o tempo não trouxer teu abacate
Amanhecerá tomate e anoitecerá mamão

Abacateiro sabes ao que estou me referindo
Porque todo tamarindo tem o seu agosto azedo
Cedo, antes que o janeiro doce manga venha ser também

Abacateiro serás meu parceiro solitário
Nesse itinerário da leveza pelo ar
Abacateiro saiba que na refazenda
Tu me ensina a fazer renda que eu te ensino a namorar

Refazendo tudo
Refazenda
Refazenda toda
Guariroba