Tuesday, December 30, 2008

TORRES QUE DEIXEI PARA TRÁS

Começo a sentir que o ano se acabou. Foram precisos vários dias de férias para "digerir" toda a avalanche que passou por cima de mim e todo meu hercúleo esforço para me manter são e de pé enfrentando corajosa e dignamente as dificuldades que se apresentaram em minha vida em 2008. Foi um ano sabático, que me pôs à prova e tirou o melhor de mim; um ano do qual jamais me esquecerei e que fez de mim um homem mais forte e maduro, mais corajoso e muito mais inteiro. Um ano onde me encontrei nos meus desencontros, me aventurei por corredores escuros e vazios, perguntei e não tive respostas, chamei e não fui respondido, sofri em minha escalada nada guiada . Um ano em que desafiei minha própria capacidade de me superar. E esta capacidade de me superar veio da solidão, do encontro com o silêncio que jamais tinha vivenciado e tanto me fez sofrer.
Neste ano de sonho e pesadelo, um sentimento ficou encravado em meu coração: a capacidade de compartilhar. Cada vez mais, em todas as minhas atitudes, vejo que a vida não tem sentido se nossa passagem por ela não for compartilhada. Acredito em vida após a vida, mas isso não tira a minha obrigação de procurar ser feliz e buscar a felicidade enquanto estiver vivo NESTA VIDA. E nela o amor deve vir antes de mais nada para ser verdadeiramente compartilhado. E esta escolha é fundamental: com quem compartilhar verdadeiramente o amor. Este ano me provou que esta sensação é única e inigualável. E, verdade seja dita, nunca antes nesta vida havia sentido de forma tão genuína e espontânea a capacidade de compartilhar minha caminhada ao lado de pessoas tão importantes para mim. Esta foi a maior marca deste ano que espero levar para sempre. Fui capaz de compartilhar com as mais diversas pessoas de diferentes núcleos e círculos, minhas dificuldades e problemas. Com coragem expus minhas fraquezas e busquei as mãos de quem tinha força para me ajudar a caminhar. Cada qual da sua maneira. Consegui tirar proveito do privilégio que é ter amigos diferentes com as mais diversas visões de mundo. Em conversas francas e abertas pude aprender com cada um deles as experiências (boas e ruins) de suas vidas e com elas tentar mapear meu caminho tribulado. Finquei bandeira em relacionamentos de grande troca de amarguras e dúvidas, ao mesmo tempo em que descobria que as pessoas (inclusive eu) tendem a se esconder em suas próprias "vidas criadas". Vi quem são e foram meus verdadeiros amigos e quem não pôde me ajudar, ainda que eu estivesse esperando muito de certas pessoas. Nesta caminhada tive algumas decepções, o que me deixou triste, porém aqueles que me deram suas mãos compensaram minha tristeza por aqueles que pouco ou nada me ajudaram.
Tirei algumas máscaras que ainda me afastavam de meus pais em um lindo processo que se iniciou há um ano no final de 2007 e consegui iniciar um relacionamento mais aberto, maduro e menos recheado de expectativas e cobranças. Cobrei mais de mim para as coisas essenciais ao mesmo tempo em que aprendi a cobrar menos de mim para as coisas menos relevantes. Pavimentei parte de minha avenida, iluminei minha cidade e aprendi a dar valor ao que só as crianças podem nos ensinar. Adorei ser o "tio Fê" da criançada mantendo cada vez mais vivo aquele moleque que vive dentro de mim. Pobres daqueles que fecham seus olhos para as crianças e toda sua sabedoria, pois foram elas que muito me ajudaram nesta caminhada, ensinando-me com sua pureza mais do que alguns adultos "já formados". Os meus "sobrinhos" de 2008 foram fundamentais para que eu chegasse até aqui.
Assim vivi esta passagem de 2007 para 2009 com 2008 no meio. Uma ponte, uma verdadeira ponte. Que me faz lembrar da da frase de São Francisco de Assis: "somente depois que deixares uma cidade saberás a que altura se elevam suas torres". Ainda não descobri a altura das torres da cidade que deixei para trás, só o que sei é que deixei um vilarejo para pegar a estrada em direção a outro destino. E nessa caminhada, passo a passo, decobrirei a que altura estão elevadas as torres que deixei para trás.

Friday, December 19, 2008

ACABOU!!!!


ACABOU!!!!! ACABOU!!!! ACABOU!!!!


Não é hora de balanço e nem de vãs filosofias, é hora de jogar tudo pro ar, mandar tudo a PQP e apertar a TECLA F.


UMA ENORME TECLA F.


Duas semanas de férias me esperam e vou largar tudo pra trás. Tudo que me fez bem e mal. Agora fica tudo pra trás!! Vou pegar a estrada pra terra mais sagrada que existe e que mais me renova.


F.


DE


FÉRIAS

FUI

e

F....-se!!!

Wednesday, December 17, 2008

QUEM ESTOU EU

Estou poeta, historiador, romântico e cristão (sem a pretensão de ser santarrão). Valorizo as pessoas e o contato profundo que posso vir a ter com elas. Amo escrever e gosto de estar entre pessoas inteligentes. Luto por um mundo melhor e uma sociedade mais justa (muito embora pouco tenha feito por isto). Tenho valores e sentimentos nobres e gostaria de colocá-los em prática (será que consigo?). Acredito na verdade e na sinceridade das pessoas (apesar delas pouco as demonstrarem ou mesmo saberem que elas existem). Desejo um mundo que não existe mais.
Estou Quixotesco, mas não quero permanecer um herói fora de época, um Romeu tragado pela história, uma pessoa fora de seu tempo. Um analógico na era digital. Estou à procura do encontro entre meus valores e a vida que está em meu tabuleiro.
Procuro em mim o resultado da dialética, o preenchimento existencial, a resposta para a solidão que me move. Não quero passar por aqui e nada deixar, não quero nada fazer e nada registrar. Não posso aceitar simplesmente estar aqui de passagem. Não posso deixar de sonhar, pois o dia em que eu parar de sonhar, podem me entrerrar que estarei morto.
Ao mesmo tempo não posso abandonar a vida como ela é, a realidade que me alerta com as faturas que chegam por baixo de minha porta. Os chefes, as leis, as multas, os juros, as cobranças. Não posso voar e, como talvez gostaria, ir-me "embora para Pasárgada".
Continuo querendo viver o meu ideal. Buscando agora o equilíbrio e a convergência ao invés da exclusão binária.

Friday, December 12, 2008

TRILHOS DA HISTÓRIA

Foto de um trem no porto de Santos em 1935

Levado pela chamada na capa, ao invés de abrir primeiro no caderno de esportes, ontem abri o jornal no caderno de Turismo. Notícia da Folha dava conta de que um expresso turístico vai, a partir de fevereiro de 2009, fazer um passeio saindo da Estação da Luz e chegando a Jundaí com vagões restaurados.

Convidado pela CPTM, o repórter William Vieira fez o primeiro passeio promovido pela empresa para jornalistas, convidados e funcionários. A matéria relata a viagem de uma hora e vinte minutos neste trecho percorrido pela antiga Cia Paulista, empresa inglesa que fazia a ligação do porto de Santos ao interior paulista desde meados do século XVIII.
A proposta deste passeio é impulsionar o turismo da região, apostando em pacotes que possam levar turistas para as festas regionais das frutas, visitas à antigas fazendas da era do café e à Serra do Japi. Uma atração turística merece especial atenção, o museu da antiga Cia. Paulista, que conta um pouco da romântica história dos trens que transportavam café e imigrantes, ligando o interior e Santos à capital paulista. Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone 0800-0550121.

Como apaixonado por trens que sou, certamente, tão logo este passeio entre em operação, serei um dos primeiros a percorrer os trilhos desta história.

BOA VIAGEM

Boa viagem aos "que têm coragem, aos que tão aqui, prá qualquer viagem."
Sou viajante errôneo pelos cantos, encantos e desencantos desta vida. Vivo todo dia alimentando sonhos e buscando ilusões, passando por esta longa e desconhecida "trilha" sem mapas, sinais de trânsito ou mesmo GPS. Quando aluguei um carro com GPS no Rio de Janeiro senti a esquisita sensação de alguém estar me dizendo para onde ir. Nem com um GPS consegui me entender. Acabei por deixá-lo falando sozinho no porta-luvas até a hora em que o desliguei fazendo-o silenciar.
Sinto-me só em meu caminhar, sem algum guia turístico, o que me deixa forte o bastante para seguir em frente contando com minha coragem e minha fé. Ando com fé "porque a fé não costuma falhar". Tenho meu destino em minha mão acreditando nas passagens e ritos de despedida, nos ciclos, nas idas e vindas desta vida. Hoje caminho acreditando que a vida é imprevisível. Que, quanto mais eu tento dominá-la, mais ela me mostra seus caprichos.
Não sou cartesiano, não acredito em nada sistêmico ou processual (pelo menos em minha vida pessoal). Na profissional, luto para fazer as organizações entenderem que são feitas de pessoas e não processos. Que os processos só serão bem sucedidos se pessoas capazes os planejarem. Os processos "per si" são só os processos. Quem define os processos é a chave do sucesso. O grande problema é que se procuram pessoas capazes de executar processos e não definir processos.
Em minha vida pessoal acredito em papéis que exercemos à medida em que estamos presentes em lugares e situações diferentes. Nunca sou. Sempre ESTOU. Por isso a vida é uma viagem sem destino certo onde a estação final nunca tem fim. Estou sempre de viagem ou à procura de uma viagem. Nunca estou ou estarei plenamente satisfeito. Sempre estarei em busca de algo que nem sempre sei o que é, mas que, certamente, mais à frente me levará. Não sou do tempo, não estou no meu tempo. Estou adiante do dia de hoje. Vivo o agora, mas sempre estou sonhando com o amanhã. Jeito aquariano de ser para quem acredita em astrologia. "Viadagem" para quem não vê algo acima do chão.
Estou aqui. Amanhã estou ali. Mas sempre estou comigo. Fiel a meus princípios e ideais de vida. Fiel ao momento em que estou presente. Contando e levando comigo aquilo que é mais precioso, mais importante para mim; na realidade, meus únicos e maiores bens: minha inteligência e minha capacidade de produzir. Com elas finco meus pés na viagem da vida.

Thursday, December 11, 2008

Frase do dia

"A constância é contrária à natureza, contrária à vida. As únicas pessoas constantes são os mortos."

A.L. Huxley

Wednesday, December 10, 2008

Boa noite meu viver

Boa noite meu viver.
Dorme em paz que a luta é grande,
as batalhas não são poucas
e o sucesso nem sempre garantido.

Boa noite meu viver.
Dorme com a consciência tranquila,
dia após dia,
as respostas virão.

Boa noite meu viver.
Descansa tua cabeça,
relaxa tua existência
faz tua parte acontecer.

Boa noite meu viver,
sempre vou te esperar.
A noite vai passar
e o tempo há de chegar.

Ações na bolsa do futebol

"Minhas filhas e o São Paulo são minha vida". Com esta frase Rogério Ceni definiu seu amor pelo São Paulo em entrevista a Galvão Bueno no programa Bem Amigos. Quem viveu a mesma situação de Rogério para ter uma filha entende a força desta declaração de amor. Há 18 anos Rogério joga pelo São Paulo, o mesmo tempo que Pelé permaneceu no Santos. Se jogar mais uma temporada pelo time, Rogério vai se igualar a grandes atletas do passado que passaram quase duas décadas em um mesmo clube. Rogério Ceni é um atleta diferente da maioria dos que hoje joga nos times brasileiros. Primeiro porque ama de verdade a camisa que veste e o escudo que defende. Segundo porque não querer deixar o clube em que joga, por mais propostas que possa vir a receber. Além do grande goleiro que é.
Atualmente o futebol é uma indústria e um enorme show-business onde os jogadores são apenas peças de um tabuleiro que movimenta bilhões de euros. Na realidade, uma grande bolsa de valores, onde os jogadores são os títulos de valor futuro (literalmente). Hoje um adolescente de um time do interior que tem algum talento para o futebol já tem seu "manager" e seu passe sendo negociado com projeção de valor para um período de dez anos. Antes de mesmo de se firmar como atleta e praticar os fundamentos do esporte, o grande objetivo é ir para o futebol europeu. Um enxame de empresários o leiloa como uma ação na bolsa de valores, muitas vezes prejudicando a formação da mentalidade de um verdadeiro atleta. O garoto que hoje joga futebol no interior não sonha mais em jogar pelo São Paulo, Palmeiras ou Flamengo. Sonha em jogar pelo Chelsea, Milan ou Barcelona. Nada contra este sonho, muito pelo contrário, mas sim contra a origem deste sonho. Todos devem alimentar o sonho de ser o craque de um grande clube, ganhar fama, dinheiro e títulos. Pelo futebol jogado e apresnetado e não porque tem um bom "manager". O problema é que, em minha opinião, o caminho colocado aos jovens jogadores é totalmente deturpado. A eles lhes são colocadas o dinheiro e a fama como objetivo e não a aplicação aos fundamentos do esporte. Claro que o objetivo final tem que ser esse, mas o que NÃO se ensina aos jogadores é que a disciplina do esporte é o único meio para se atingir este fim.
Com este pensamento, formam-se batedores de bola com talento individual, mas não atletas em sua essência. Atletas que cuidam de seu condicionamento físico, treinam os fundamentos e sabem que a aplicação tática é fundamental para a vitória. Com a mentalidade negocial desde o início, ainda em sua fase de formação, os jovens talentos de nosso futebol acabam por não ter sua formação como indivíduos valorizada ou mesmo priorizada. Assim, vemos grandes talentos como Ronaldinho Gaúcho se perderem em meio à fama e dinheiro por não terem sido formados enquanto atletas. Atingem o objetivo final, nem sempre por méritos próprios, mas perdem-se no meio do caminho por não terem conhecido desde cedo a disciplina que o esporte exige e ensina.
Exemplos como o de Rogério Ceni nos mostram os valores que devem ser preservados em uma carreira de jogador de futebol: o amor ao esporte, à camisa e à disciplina. Nada há de errado com a indústria e o negócio do futebol. Não quero aqui parecer saudosista ou melancólico. Quero apenas propor que, ao se identificar um talento com enorme potencial, ele seja tratado como atleta e não uma ação no mercado de títulos futuros do futebol.

Folclore de um torcedor fanático

Desde pequeno, sempre que o São Paulo ganha um título, assisto a todas as reportagens, "mesas redondas", debates e programas de esporte disponíveis. Fico zapeando de canal em canal e só paro quando o último programa sai do ar. Domingo passado, em meio a esta "balbúrdia televisiva" (com programas na TV aberta e canais a cabo), assisti a uma reportagem que me chamou a atenção. E só podia estar no programa do Milton Neves.
A 170 kilômetros de São Paulo, em Piracicaba, um fanático sãopaulino deu um susto em sua esposa. Grávida de um menino, Mariana passou o campeonato inteiro ouvindo seu marido dizer que daria o nome de Rogério Ceni para o garoto. A brincadeira começou a ficar séria quando o São Paulo passou a ver suas chances de ser campeão aumentadas. A cada rodada, Ricardo dizia que Rogèrio Ceni estava chegando ao mundo. E o frio na barriga de Mariana aumentava à medida em que, também sãopaulina, não sabia se torcia para o São Paulo ganhar ou perder.
Vinte dias antes de o São Paulo sagrar-se campeão, as contrações vieram e o casal foi, às pressas, para a maternidade. Durante o caminho Mariana questionou o marido se ele ia mesmo fazer a homenagem ao goleiro sãopaulino. Praticamente implorou a Ricardo que desse ao esperado filho o nome de Henrique. Contrariado, mas não querendo estressar a esposa, ele disse que ia pensar, pedindo que ela ficasse tranquila. Pesando mais de 3 kilos, horas depois um lindo bebê veio ao mundo. Logo após o parto, Ricardo correu para o Cartório antes que a esposa retomasse totalmente a consciência. Quando deu por si, Mariana viu o marido exibir a certidão do filho aos familiares: HENRIQUE ROGÉRIO CENI NASCIMENTO. Quase desmaiou, mas, vendo o bebê em seu colo, tranquilizou-se e disse que nada mais podia fazer. Ricardo havia atendido seu pedido, registrando seu filho com o nome de Henrique.
Estórias pitorescas como essa são fascinantes e mostram o poder da paixão que os ídolos do esporte despertam em seus fãs. Não posso falar nada. Nos tempos áureos do Senna, cheguei a pensar que, se um dia tivesse um filho, ele se chamaria Ayrton Senna.
PS: os nomes não são verdadeiros, mas o caso sim.

Thursday, December 04, 2008

Pra que se preocupar?

A declaração de ontem do nosso ministro Guido Mantega acabou por me tranquilizar. Estava ficando meio preocupado com a crise já que "pequenas" corporações como o Citigroup estão enfrentando problemas.

Só que ele me deixou calmo e não vou mais me preocupar. Segundo ele "os Estados Unidos não estão em recessão".

Ufa, que alívio, Ministro!!!

ENQUANTO ISSO....

Enquanto isso...
...Na "Sala da Injustiça"....
Reunidos sorrateira e silenciosamente nossos super-antiheróis aprovam em primeira instância mais uma Medida Provisória aumentando os gastos com o Funcionalismo Público.
Em plena crise com manchetes a cada dia mais assustadoras e gigantes como GM brigando para se manter "de pé" , nosso Governo insiste em praticar o tão nefasto corporativismo público, modelo de antigos e ultrapassados Estados paleozóicos que já se provaram inviáveis.
A ser confirmada a MP, o gasto com o Funcionalismo atingirá, a partir de 2009, a incrível marca de 5% do PIB, praticamente o mesmo nível deixado pelo ex-Presidente Fernando Henrique. Depois de um "arrocho pós-eleitoral" em que, no seu primeiro mandato, Lula baixou este percentual para quase 4% , já reeleito e, desfrutando das benécies do poder, nosso atual Governante conseguiu retomar o nível deixado por seu antecessor. Ou seja, em QUATRO mandatos de dois Presidentes da República, desde 1995, apesar dos diferentes níveis de crescimento do PIB e panoramas econômicos, o percentual de gastos com o Funcionalismo permaneceu praticamente o mesmo.
Já que a Reforma Tributária foi prorrogada para o próximo ano, algo me leva a acreditar que teremos aumento de impostos, uma vez que, provalmente, a conta não vai fechar. Se a tendência é de retração na arrecadação por causa da diminuição da projeção de crescimento do PIB para 2009, como podemos ter aumento de despesas sem uma compensação formal? Só via aumeto da carga tributária. O que me deixa profundamente revoltado pois, além de eu não ter aumento salarial para compensar o repasse tributário e não poder (via MEDIDA PROVISÓRIA) aumentar meu proprio salário, serei obrigado a pagar pelo aumento de despesas de uma máquina improdutiva e super-dimensionada. Trata-se de um anacronismo digno de quem vive alheio à realidade que lhe cerca. Enquanto todos dimuem despesas, vemos o movimento de quem é míope e mantém estruturas inchadas e improdutivas ao invés de cortar gastos e otimizar investimentos. Mas tudo bem, a crise não é problema nosso, é do Bush!

Wednesday, December 03, 2008

Espírito de servir

Munida apenas de uma mochila e muito espírito solidário, a dinamarquesa Jytte Nacht, 63 anos, tomou, no domingo, um avião rumo a Navegantes (Santa Catarina). Quando lá chegou, pegou um táxi e pediu que o motorista a levasse para Itajaí.
O exemplo desta dinamarquesa, há 43 anos radicada no Rio de Janeiro, chamou minha atenção em notícia publicada hoje na Folha de São Paulo. Mãe de 2 filhos, um com 38 e outro com 20 anos, casada e confortavelmente instalada na zona sul carioca, a corajosa voluntária declarou que o que a motivou a viajar para o Sul foi o fato de ter se cansado de ver tanto sofrimento e nada fazer. Como seu último filho deixou sua casa este ano, ela simplesmente resolveu ocupar seu tempo contribuindo com os catarinenses em dificuldades.
Instalada em Itajaí há três dias, a dinamarquesa tem trabalhado incansavelmente na separação dos bens que chegam até a cidade. Separando roupas de alimentos e ítens de higiene pessoal, parando apenas para um rápido lanche de barra de cereal, esta brasileira de atitude, passa horas a fio organizando aquilo que chega até os desabrigados daquela cidade.
Assim como Nacht, centenas de pessoas que se voluntariaram para ajudar os carentes de Santa Catarina têm sido fundamentais para o auxílio aos atingidos pelas terríveis enchentes que devastaram aquela região. Pena que o contingente esteja ficando menor já que a trajédia se prolonga por mais tempo do que o esperado. Segundo autoridades locais, o número de voluntários reduziu nesta semana em relação às anteriores, sendo a falta desta mão-de-obra extremente sentida pela força de trabalho que atua no local.
Á Jytte Nacht e todos os voluntários que estão em Santa Catarina, minha mais profunda admiração pelo seu verdadeiro espírito de servir e capacidade de estender suas mãos.

Friday, November 28, 2008

Espelhos refratarios

"Smile even though yor heart is aching, smile even though it's breaking" - Charles Chaplin
Sorrir mesmo com o coração doído e "quebrado" não signica esconder o que sinto. Significa enfrentar a vida de frente e com coragem. Deixando que os outros saibam de minhas dificuldades e de minhas dúvidas, mostrando àqueles que escolhi para me acompanhar na caminhada da vida que preciso de apoio e não sou inatingível. Aliás, quem não é?
Mas por quê as pessoas escondem-se atrás de armaduras e não se expõem? Por quê é tão difícil alcançá-las e atravessar tal proteção? Por quê quando perguntadas sobre como estão as coisas as pessoas sempre respondem que está tudo bem e geralmente não compartilham seus problemas e dificuldades?Por quê as pessoas escondem-se atrás de si mesmas e se fecham?
Ao contrário da maioria, sou bastante aberto e coloco-me verdadeiramente perante as pessoas. Por isso quando as coisas não estão boas as pessoas sabem. E com isso consigo o apoio de quem é caro e importante para mim. Não me escondo e não sorrio para esconder o que não pode ser escondido. Seguindo o pensamento de Chaplin, sorrio mesmo com meu coração doendo, como filosofia de vida e forma de enfrentar meus problemas. Mas não deixo de demonstrar aquilo que me afeta e de compartilhar minhas dificuldades com quem pode me ajudar. Assim caminho compondo as notas da minha felicidade, tecendo sonhos e buscando meus objetivos.
Ainda que isto possa incomodar a outros esta é a minha maneira de ser e nela acredito firmemente. Não gosto de blindar a mim mesmo e tentar mostrar algo que não é verdadeiro. Gosto de ser transparente. Sou um espelho e não consigo não demonstrar o que sinto. Quem me conhece bem já sabe disso. Basta olhar para mim e já se sabe se estou bem ou mal. Não tento evitar a perpepção de quem me interpreta. E não adianta eu querer mudar. Sou assim e pronto. PONTO!
O que faz com que as coisas sejam mais difícieis para mim pois na vida as pessoas não perdoam. O que faz com que eu sofra bastante uma vez que eu não consigo me blindar. Porém me faz mais feliz à medida em que sigo fiel a mim mesmo olhando-me todo dia com a mesma franqueza de sempre e falando com o mundo através de uma imagem que reflete quem eu sou. Não uma imagem criada para pensarem quem sou eu em um espelho de imagens refratárias.

Thursday, November 13, 2008

Cacófato impagável

Ouvindo uma de minhas estações de rádio preferidas (Kiss Fm 102,1) na hora do rush, quase me esborrachei de rir ao reparar no cacófato do locutor que anunciava os vencedores de uma promoção da rádio.
Referindo-se ao fato de que, ao invés de sortear um par de convites, ele ia sortear dois pares para o show do Judas Priest que acontece neste final de semana em São Paulo, ele, desatenciosa e jocosamente, disparou:
- Hoje o "boss" tá legal e me deixou sortear dois pares de convite ao invés de um só.
Tomara que ninguém nos estúdios da estação de rádio tenha percebido. Eu, "quase bati o carro".

Wednesday, November 12, 2008

National Civil Rights Museum - Memphis

Preocupados com a degradação e decadência do motel Motel Lorraine, indiscutivelmente um ponto histórico para os Estados Unidos, um grupo de importantes cidadãos de Memphis criou, em 1982, a "Martin Luther King Memorial Foundation" com o objetivo de preservar o local onde o crime que vitimou o líder negro acontecera. Com um fundo inicial de dez mil dólares, os membros da Fundação não tinham condições de adquirir o imóvel pelo preço pedido de duzentos e cinquenta mil dólares. Após um ano de luta, em dezembro de 1982, a Fundação conseguiu adquirir o Motel Lorraine por cento e quarenta e quatro mil reiais. Destes, US$ 69,000 vieram de esforços próprios de arrecadação. Outros US$ 25,000 foram doados pela Federação dos Funcionários Públicos Municipais, e US$ 10,000 adicionais foram doados pela Lucky Hearts Cosmetics, uma loja localizada na frente do Motel. Os restantes US$ 50,000 foram emprestados pelo Tri-State Bank com o aval da Federação dos Funcionários Públicos Municipais e a própria Lucky Hearts Cosmectics.
Outros cinco anos foram necessários para o levantamento de US$ 9 milhões, conseguidos com o apoio da Prefeitura de Memphis e o Governo do Estado do Tenesse. A pedra fundamental do Museu foi lançada em 1987 e, em 28 de setembro de 1991 o Museu Nacional de Direitos Humanos abriu suas portas mantendo o antigo Motel "acoplado" ao novo edifício como mostra a foto. Vale ressaltar que o guarto que abrigou Marthin Luther King ainda pode ser visitado e foi "reconstituido" com deixado pelo líder ativista.
Em Fevereiro de 2001 uma nova expansão foi iniciada com um orçamento de US$ 11 milhões. Adicionando uma área de 1.200 metros quadrados ao Museu, o projeto Intitulado "Exploring the Legacy" , anexou ao prédio anteriormente cionstruído a casa de onde partiu o tiro fatal desferido por James Earl Day em abril de 1968. A nova ala, inaugurada em 28 de setembro de 2002, procura buscar respostas para o legado da luta de Marthin Luther King bem como a expansão da luta pelos direitos civis em todo o mundo.
A elição de Barack Obama, certamente, é um desses legados.
Fonte dos dados históricos: www.civilrightsmuseum.org

CURIOSIDADE

Andando pelas ruas de São Paulo tenho visto vários monumentos com um colete laranja gigante. Passei na Avenida Rio Branco e vi o imenso Duque de Caxias com o tal colete.

Alguém saberia me dizer do que se trata? Seria um manifesto, obra de arte conceitual ou campanha da Prefeitura? Não tem nada indicando o motivo de tal curiosidade.

Friday, November 07, 2008

TIME DE CHEGADA?


A mediocridade invadiu nosso futebol e o que é engraçado é que a mediocridade é que deu graça ao campeonato. Hoje não se reconhece mais nenhum talento extraordinário ou jogador que carregue um time nas costas. Acabou a era do futebol arte (e já faz tempo). Assim, no truculento cenário de igualdade e mesmice, a graça e a emoção, por incrível que pareça, estão de volta. Não necessariamente pelo futebol jogado, mas pela disputa cabeça a cabeça como em um bom páreo no jockey. Não tem graça ver um páreo com um cavalo que sai disparado e deixa todos para trás. É legal ver a disputa e a emoção da corrida sem vencedor definido. E assim está o campeonato neste ano.

Neste meio de campo, o que diferencia o São Paulo das demais equipes é sua capacidade de se recuperar ou de manter a “ruindade” de forma regular a tempo de se recuperar. Em diversas ocasiões o time teve um péssimo desempenho por várias e várias rodadas e, quando “a vaca ia indo para o brejo”, o processo de recuperação se instaurou. No ano passado foi assim: logo após a perda da classificação na Libertadores para o Fluminense e a derrota para o River pela Sulamericana parecia que o time ia desabar. Mas aí veio a regularidade. Da mesma forma em que se "permite" relaxar e não jogar bem, quando se dá o chacoalhão na hora certa, o São Paulo volta a andar na linha reta na hora certa.


O mérito do São Paulo não está no futebol propriamente dito e nem na tática, apesar de o Muricy ser um bom técnico. Está, em minha opinião, na postura do treinador e na filosofia de trabalho que ele resumiu em uma simples frase após o controverso jogo contra o Botafogo: "eu não desisto". Assim, seu grande mérito está em administrar um elenco permitindo o período de baixa, mas sabendo a hora de não permitir a continuidade da baixa, capacidade que me parece falha em outros técnicos (até mesmo no ilustre Sr. Wanderley Luxemburgo). Outra coisa que diferencia o técnico do São Paulo dos outros (E ISSO NENHUM OUTRO TEM!) é que Muricy é um profissional do clube que, nesta mesma entrevista após o jogo no Engenhão, declarou enfaticamente: "eu penso no clube porque gosto do clube". Isto, sim, faz toda a diferença. Muricy é São Paulino e, como eu, ou mais do eu (talvez!), torce pelo São Paulo, clube que lhe deu a camisa, projeção, títulos e a primeira oportunidade de ser treinador. Não tenho dúvidas de que Muricy, entre os treinadores dos clubes de ponta, de longe é o mais comprometido com o escudo que defende. Sem romantismos ou idealismo. É fato.

Outro diferencial que deve ser lembrado quando se comparara o São Paulo aos outros competidores é o suporte dado pela diretoria ao técnico. Quantas vezes a imprensa aventou a "queda" de Muricy? Quantas vezes o desastroso desempenho do tricolor em fases decisivas colocou em polvorosa a imprensa esportiva que chegou a quase noticiar sua demissão? Em todas elas a direção do clube manteve o contrato e deu suporte ao técnico confiando em sua capacidade de recuperar a performance e a auto-estima do elenco. Os outros clubes, ao contrário, trocam seus técnicos como se troca de celular e não mantém a constância na direção. A imprensa, porém, não enaltece este comportamento profissional da diretoria do São Paulo que, há quatro temporadas, praticamente mantém a mesma comissão técnica. Qual time do futebol brasileiro (especialmente entre os atuais cinco primeiros) tem o mesmo técnico há três anos? Qual destas equipes muda de presidente e não muda de técnico? Será que a constância do São Paulo é mesmo casual? Ou seria um conjunto de decisões que permitem o trabalho perene e contínuo enfrentando apenas os problemas que ficam dentro das quatro linhas?
A tudo isso dão o nome de "Time de Chegada".

A diferença está muito mais fora do que dentro do campo, porque no gramado está todo mundo nivelado por baixo.

Thursday, November 06, 2008

In Memoriam


Baixei e transcrevo aqui em meu BLOG (para quem tiver a PACHORRA DE LER) a tradução do histórico discurso de Marthin Luther King proferido em Washington em 28/08/1963.


"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.


Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros. Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre. Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação. Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.


De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".


Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.


Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.


Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.


Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.


Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade.


Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.


Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre.


Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.


E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"


Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.


Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe cair no vale de desespero.


Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.


Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.


Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.


Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.


Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter.


Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos.


Eu tenho um sonho hoje! Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.


Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre.


Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.


"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.


Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,


De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"


E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro. E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.


Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.


Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.


Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.


Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.


Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.


Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi. Em todas as montanhas, ouvirei o sino da liberdade.


E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:


Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."


Esta reprodução é o meu toque no sino da liberdade.

Monday, November 03, 2008

SABEDORIA BUDISTA


"GATE GATE
PARAGATE
PARASAMGATE
BODHI SWAHA"

Avance, avance.
Avance além.
Avance imediatamente além,
Atinja a iluminação.

Sutra da essência da verdadeira sabedoria que me foi passado pelo diretor editorial da revista Imprensa.

BOLA DE MEIA, BOLA DE GUDE

Rompendo tradições e barreiras persigo meus ideais traduzindo em atitudes minha filosofia de vida.

Colecionando relacionamentos verdadeiros e criando laços fortes. Mirando fundo nos olhos e conhecendo as pessoas que escolho para mim. Interessando-me por quem me faz bem e me ajuda a crescer.

Rejeitando a sociedade dos cartões de plástico e relações fúteis baseadas em interesses econômicos. Exorcizando valores etéreos e referências exógenas que nada me dizem. Apenas classificam.

Desprezando relações burocráticas e encontros sem palavras, Começo um novo mês cantando esta música e repetindo para mim mesmo os sábios versos de Milton Nascimento:

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto balança
Ele vem pra me dar a mão

Há um passado no meu presente
Um sol bem quente lá no meu quintal
Toda vez que a bruxa me assombra
O menino me dá a mão

E me fala de coisas bonitas
Que eu acredito
Que não deixarão de existir
Amizade, palavra, respeito
Caráter, bondade, alegria e amor

Pois não posso
Não devo
Não quero
Viver como toda essa gente
Insiste em viver

E não posso aceitar sossegado
Qualquer sacanagem ser coisa normal

Bola de meia, bola de gude
O solidário não quer solidão
Toda vez que a tristeza me alcança
O menino me dá a mão

Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coração
Toda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão

Obá, obá, obá

Existe uma outra São Paulo escondida atrás da burocracia do mundo dos négocios, do caos do trânsito e da violência que nos assusta. Uma São Paulo maravilhosa que, a poucos quarteirões de casa, nos permite viajar até New Orleans ou Tokio sem tomar um avião. Uma São Paulo que coloca o mundo na porta de casa e permite um giro pela terra sem que se saia de nosso bairro.
Sábado, caminhando pelo parque da Aclimação ouvi uma "passagem de som". Uma voz em inglês repetia: "mike check one", "mike check two". Curioso caminhei até a concha acústica de onde vinha o ruído. Deparei-me com um palco montado e um baterista fazendo a verificação do som dos microfones. O sotaque era sulista e o inglês não negava sua origem. Perguntei ao técnico de som do que se tratava e fiquei sabendo que ao meio dia um show aconteceria. Imediatamente passei à mão meu telefone e chamei minha mulher. Direto de New Orleans, Kurt Brunus Project & Cynthia Bland encerrando sua temporada de duas semanas em São Paulo.
Sol quase à pino, ainda meio tímido por causa da primavera. A aglomeração foi se formando à beira do lago (infelizmente poluído) e a expectativa aumentava. Toalhas estendidas no chão, alguns fazendo pique-nique, cervejas geladas no isopor dos ambulantes. Anúncio de que o show começaria em poucos minutos. Descontração total, pessoas de todas as origens lado a lado, espírito de praia. Música ao ar livre para quem sabe curtir a vida.
Os primeiros acordes deram o tom do que estava por vir: Soul e Rithm & Blues de primeiríssima qualidade. Pés descalços, bonés nas cabeças, saias curtas e pernas à vista. Balanço total na voz de uma genuína cantora do sul dos Estados Unidos. Crianças soltas e cachorros presos. Deitados no chão com as línguas de fora por causa do calor. Pessoas em cima das árvores brigando pelo melhor ponto de visão.
Misturando hip-hop, raggae e pitadas de zydeco (musica típica da cidade de origem da banda), o espetáculo foi estonteante e cheio de energia. Praticamente duas horas em que foi impossível ficar parado. Cada um a seu modo caía no som contagiante que só os negros sabem alastrar. Muita mistura de ritmos e instrumentos quase sem intervalos. Uma viagem musical partindo das origens do Jazz, passando pela bossa nova, anos 70 e 80 até aterrisar no hip hop, ritmo do qual não sou muito fã, mas que, nos arranjos de Kurt Brunus, ficaram fantásticos.
Kurt Brunus nasceu em Los Angeles e logo cedo tranferiu-se para New Orleans. Parte de uma família de músicos, Kurt iniciou, aos quatro anos de idade, seus estudos de piano. O ambiente dos bastidores de palcos e a convivência com músicos permitiu que ele aprimorasse seus conhecimentos musicais e sozinho aprendesse a tocar guitarra, trompete, corneta, clarineta, percussão, saxofone, baixo e violino. Extremamente simpático e envolvente, o músico tem também facilidade para idiomas. Durante o show interagiu com o público , convidando-nos, em português, a cantar e participar. O ponto alto ficou para a última interpretação da banda, encerrando o bis: um maravilhoso arranjo para "Mas que nada" de Jorge BenJor cantado pelo próprio Kurt em português. Música que fez a concha acústica ecoar e o parque vibrar cantando e sambando no refrão:
ô, ariá raiô
Obá, obá, obá...

Thursday, October 30, 2008

BRASILEIRÃO ELETRIZANTE

O campeonato brasileiro está pegando fogo. Nada está definido e cada ponto ganho ou perdido faz (e fará) muita diferença. A rodada de ontem foi eletrizante e, com a derrota do Grêmio, o São Paulo empatou em número de pontos com o tricolor gaucho. O time de Celso Roth, porém, leva vantagem sobre o de Muricy Ramalho por ter 17 vitórias contra 16. Mas o tricolor gaúcho ganhou apenas 18 pontos em 13 jogos do returno, ao passo que o tricolor paulista ganhou 26. Ou seja, na reta final, o Grêmio ganhou apenas 46% e o São Paulo 66% o que coloca o São paulo como o melhor time do returno do campeonato e com chances reais de chegar ao tricampeonato brasileiro.
Confesso que nunca fui muito fã do formato de pontos corridos que o campeonato brasileiro tem tido nos últimos anos. Sempre gostei mais dos tradicionais jogos de ida e volta ou "mata-mata" nas oitavas, quartas e semifinais que tanta emoção (ou desgosto) trazem em campeonatos como a Libertadores ou a Copa do Mundo. Mas devo dizer que este ano estou empolgado com a reta final do nosso campeonato. Desde que começou a ser disputado por pontos corridos, não me recordo de nenhuma edição do brasileirão em que a hegemonia de um clube não tenha prevalecido por longas rodadas até a confirmação (algumas vezes antecipada!) do campeão. Só que dessa vez nada está definido e tudo pode acontecer. Cada rodada mostrará um novo cenário que, se tudo continuar assim, terá sua inacreditável definição apenas na última rodada (como no emocionante campeonato de F-1 deste ano). E, como declarou o Felipe Massa, "é mais fácil o São Paulo ser campeão do que ele". Vou torcer pelos dois.

Apesar de sempre ter lido e ouvido os entendidos em futebol dizerem que este era o critério mais justo de premiação para o time mais competente (nem sempre regular) ao longo do campeonato, costumava dizer que nada substituia a emoção dos jogos decisivos nas etapas finais. Mas, com a emoção que ainda está por vir nas próximas seis rodadas do campeonato brasileiro, devo admitir que desta vez o páreo está duro e mais emocionante do que se tivéssemos o tradicional formato dos jogos eliminatórios.

E nestes próximos jogos, enquanto meu tricolor estiver vivo, vou cantar e gritar:

"Vai lá, vai lá, vai lá

Time do coração!

Vamo São Paulo, vamo São Paulo,

Vamo ser campeão!"



Wednesday, October 29, 2008

Rio de Fevereiro

Rio que dizem ser de janeiro
para mim você é de fevereiro.
Sem que alguém reclame ou a história conteste,
para mim você será sempre de fevereiro

Nos castelos da sua areia
meus sonhos se escondem.
No teu mar a poesia da bossa,
da fossa, do eterno sem fim.

Nas tuas ruas a solidão do desencontro:
Eu nem tenho o feijão
e insisto em querer o sonho.

Nas tuas travessas,
a história largada, pouco contada,
meu eu perdido navegando nas tuas fachadas

Lá do alto
entre o céu e o chão
aqueles braços abertos
traduzem minha solidão.


Rio de fevereiro,
cada dia mais próximo de mim
te encontro e me despeço
numa saudade sem fim

Onde anda você

Sempre que venho ao Rio de Janeiro lembro-me do "meu" poetininha.

Ontem em Ipanema lembrei-me desses versinhos:

E por falar em saudade onde anda você
Onde andam seus olhos que a gente não vê

Saturday, October 18, 2008

Mande notícias do mundo de lá

Mande notícias do mundo de lá


Diz quem fica


Me dê um abraço, venha me apertar


Tô chegando


Coisa que gosto é poder partir


Sem ter planos


Melhor ainda é poder voltar


Quando quero


Todos os dias é um vai-e-vem


A vida se repete na estação


Tem gente que chega pra ficar


Tem gente que vai pra nunca mais


Tem gente que vem e quer voltar


Tem gente que vai e quer ficar


Tem gente que veio só olhar


Tem gente a sorrir e a chorar


E assim, chegar e partir


São só dois lados


Da mesma viagem


O trem que chega


É o mesmo trem da partida


A hora do encontro


É também despedida


A plataforma dessa estação


É a vida desse meu lugar


É a vida desse meu lugar


É a vida





Encontros e desencontros, abraços e acenos de adeus. Na plataforma da vida, caminho sabendo e conhecendo quem de verdade me acompanha. Nos trilhos cruzados, encruzilhadas da vida, sei quem está no mesmo vagão, ainda que sem ponto de parada definido. Sei quem comigo viaja, aventureiramente, enfrentando a vida de frente, com seus encontros e despedidas. Não guardo rancor, tão pouco mágoa, não tenho acerto de contas a fazer. Estou certo de meus sonhos, e por eles lutarei e com eles dormirei e acordarei.



O importante é sempre ter o vento por perto. Esse sim, estará sempre a me acompanhar.

Friday, October 17, 2008

Frase do dia

Hoje sinto-me:


"Varado de luz como um santo de vitral"


Nelson Rodrigues

FORÇA "CASÃO"

Após um ano internado em clínica de recuperação para dependência química, o ex-jogador Walter Casagrande Júnior terá amanhã sua primeira aparição na televisão. "Casão", como é mais conhecido, volta à televisão em entrevista ao programa Altas Horas que vai ao ar na madrugada do próximo domingo.
Sempre tive muita simpatia por Casagrande e acompanhei sua trajetória de jogador e comentarista. Como jogador, no auge da sua carreira, apesar de ter feito muitos gols pelo Corinthians contra o São Paulo, amirava seu estilo (ou falta de estilo) goleador. Técnica mesmo ele não tinha: não importava o jeito, se a bola quicava na área, lá estava o "casão" pra mandar pra rede. Seu comportamento irreverente, para muitos sinônimo de indisciplina, era bastante controvertido. Sua resposta, porém, era dada nos placares. E assim ele mantinha sua condição de titular.
Recordo-me do episódio em que foi preso portando maconha após um show da Rita Lee no Ibirapuera. Casagrande tinha subido ao palco para cantar junto com ela a música "ôrra meu" e barbarizou no refrão empolgando a platéia com o refrão: "Guerrilheiro,Forasteiro,Ôrra meu!". O Ibirapuera "foi abaixo". Eram os tempos da democracia corintiana e a obrigatoriedade da concentração fora abolida. Em plena sexta-feira (dia em que os clubes tradicionalmente entram em concentração para os jogos de domingo), lá estava ele curtindo a vida adoidado. Ao ser preso, não negou o uso da droga e teve a coragem de enfrentar a imprensa. E a enfrentou abertamente (com o apoio de Rita Lee) assumindo sua atitude de forma honesta perante a torcida e a opinião pública.
Mais de vinte anos depois deste episódio, ainda lutando contra o vício, Casagrande demonstra esta mesma postura ao declarar que seria hipocrisia participar de alguma campanha contra o uso das drogas porque continua dependente químico. Declarou, também, estar doente e em processo de recuperação. Admiro esta franqueza e honestidade e acredito, sinceramente, na recuperação do ex-jogador que disse ter voltado a usar drogas por sentir falta da adrenalina dos estádios lotados para clássicos após a posentadoria. Não deve mesmo ser fácil estar em uma micro-cabine de televisão comentando (com propriedade e realismo!) a vida que se viveu durante muitos anos. Não deve ser fácil estar tão próximo do campo sem poder entrar na área para mandar uma bola pra dentro do gol. Não julgo esta justificativa, entendo e respeito muito sua dificuldade em lidar com a ausência dos gramados. "Casão" conta que nunca abandonou definitivamente as drogas e que nos últimos tempos seu grau de dependência se agravou, sendo que ele passou por quatro overdoses, uma delas na frente de seu filho de 12 anos.
A volta de Casagrande aos campos para comentar jogos ainda não está definida. Dependerá da evolução do seu processo de desintoxicação. Esta entrevista foi o primeiro passo de um lento e gradual retorno até que o ex-jogador sinta-se inteiramente recuperado para o exercício da função de comentarista.
Força "casão" ! A Globo precisa dos seus comentários para ficar menos chata.

Thursday, October 16, 2008

CURIOSIDADES DA BLOGOSFERA

Recente pesquisa identificou números impressionantes na "blogosfera":

* Em 24 horas são feitos 900.000 posts em Blogs ao redor do mundo

* Em 7 dias são criados, em média, 1 milhão e meio de Blogs

* Em 4 meses são criados 7,4 mihões de Blogs por aí afora

* BLOG vem da junção de: WEB + LOG

Wednesday, October 15, 2008

CULTURA CONFESSIONAL

Ao contrário da filosofia cartesiana do "penso, logo existo", a nova realidade de convivência virtual está mudando o paradigma existêncial para: confesso, logo existo, criando a chamada cultura confessional.
A vida em tribos e comunidades virtuais onde se compartilham valores e, principalmente, experiências semelhantes, tem aproximado as pessoas de forma a mudar seu comportamento e visão de mundo. Ao invés de viverem suas próprias questões existenciais em questionamentos internos e "enfurnados" em consultórios psiquiátricos, as pessoas têm encontrado nos blogs e outras ferramentas de convivência virtual (Orkuts, face to face, myspace etc...) um espaço para compartilhar (com quem entende e sabe do que estão falando) seus problemas. Ao expor publicamente suas experiências de vida e, através de seu "público", vivenciar o reconhecimento recíproco de seus valores, a questão passa a não ser mais apenas pensar para existir, mas sim confessar para existir.
O "confessionário" público da web permite que as pessoas, mesmo sem um retorno de quem está do outro lado, sintam-se compreendidas e correspondidas, simplesmente por fazerem parte de uma comunidade que compartilha as mesmas questões. A solidão filosófica de cada ser cai por terra e é corrompida irreversivelmente pela sensação de união. Desta sensação vem a força das relações virtuais (que tanto encurta distâncias), e a senção de proximidade, ainda que a kilômetros de distância. O que se percebe é o enraizamento de laços emocionais profundos, advindos da mera sensação de que alguém está do outro lado te ouvindo e dando atenção. Ao contrário da solidão dos divãs psiquiátricos, ou mesmo de conversas onde seu interlocutor (suposto confidente) pode dar a sensação de estar ouvindo mas, na realidade está com a cabeça em outro lugar, a certeza de que alguém está ao seu lado gera tal segurança que acaba funcionando como um catalizador de tranformações na percepção do mundo. Não por acaso, recente pesquisa batizada de Never Ending Friends (sobre a vivência em redes sociais digitais), revelou que a maioria dos entrevistados definiu como solitária (lonesome) a sua vida antes de participar de alguma rede digital e como maravilhosa (wonderful) após a entrada em uma ou mais comunidades virtuais.
A criação de blogs para relatos de viagens é a mais pura demonstração desta cultura, onde o viajante deixa de estar sozinho em sua experiência sendo acompanhado por quem estiver do outro lado do mundo (literalmente!). Assim, é possível viajar acompanhado pela web compartilhando experiências, emoções e conquistas, ao mesmo tempo em que, através da segurança oferecida por quem já passou ou vai passar pela mesma experiência, oferece uma sensação de entrelaçamento ainda não dimensionada. As pessoas, cada vez mais, tendem a não se sentirem isoladas e abandonadas em suas buscas e aventuras. O irreversível abandono da sensação de solidão gerado pela convivência em "rede" é um dos indicativos de que já estamos vivendo uma cultura confessional.

PESQUISA APONTA EXISTÊNCIA DE 133 MILHÕES DE BLOGS

O portal Technorati publicou, em setembro, a edição atualizada da pesquisa "State of Blogosphere". Nela, contabilizou a existência de 133 milhões de BLOGS no mundo (criados a partir de 2002) publicados em 81 idiomas.
A pesquisa classifica esse tipo de ferramenta como um "fenômeno global" que gera, em média, a incrível marca de um milhão de posts por dia. Além disso, outra revelação importante merece atenção: metade dos "blogueiros" tem mais de uma página, sendo que alguns já alcançam a marca da oitava página pessoal.
Por motivos didáticos o Technorati divide os blogs em três categorias: aqueles que publicam assuntos de interesse pessoal e particular, outros que abordam temas profissionais (compartilhando informações pertinentes ao exercicio de uma profissão ou seu mercado) e, por último, o grupo de blogs corporativos (sobre e para uma empresa). Os resultados apontam que a esmagadora maioria de blogs é de interesse particular (a cada cinco blogs, quatro são de cunho pessoal). Ainda neste primeiro levantamento, o portal indica que dois terços dos blogueiros são homens (70%) e possuem nível universitário. Apesar de ter sido ministrada em inglês, os pesquisadores ressaltam que foram ouvidos usuários de 66 países e foi constatado que a maioria não vive próximo às áreas das grandes metrópoles.
Como motivação para "blogar", os entrevistados apontaram seu desejo de expressão pessoal e relacionamento com pessoas que têm as mesmas idéias, sendo o BLOG uma grande fonte de satisfação pessoal. Apenas 42% dos entrevistados manifestou interesse em receber retorno financeiro através de seus blogs algum dia.
Fonte: redação do portal imprensa

Tuesday, October 14, 2008

COMO UMA ONDA

Esta letra traduz o que sinto nesta tarde; que não seja para sempre, mas que volte sempre a me visitar.
COMO UMA ONDA
Lulu Santos / Nelson Motta
Nada do que foi será
De novo do jeito que já foi um dia
Tudo passa
Tudo sempre passará
A vida vem em ondas
Como um mar
Num indo e vindo infinito
Tudo que se vê não é
Igual ao que a gente
Viu há um segundo
Tudo muda o tempo todo
No mundo
Não adianta fugir
Nem mentir
Pra si mesmo agora
Há tanta vida lá fora
Aqui dentro sempre
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar
Como uma onda no mar

TESTEMUNHA DO TEMPO

Alto astral na redação da Imprensa Editorial. A vinda dos ETs nesta noite é um dos assuntos principais. A suposta alusão de Marta quanto à sexualidade de Kassab também é motivo de brincadeiras. Dia de sol, deve ser isso. Lua cheia. E a crise que se vá e não volte!

Cantando baladinhas dos anos 80/90, todos viram meu ânimo e meu "conhecimento de causa". Afinal de contas, fui testemunha ocular do "crime". Acompanhei o Rock in Rio 85 e vi Paralamas do Sucesso e Barão Vermelho nascerem naquela reedição tropicalizada de Woodstock. Tive até o inesquecível adesivo azul: Rock in Rio 85 , Eu Fui (apesar de nunca ter ido).

No meio da cantoria e da "baderna", uma estagiária (de no máximo 22 anos), me perguntou, com um tom de voz curioso:

- Você foi num show do Cazuza?
(como se fosse um feito inédito, um acontecimento!)

Putz, me senti velho pra caramba, uma peça de museu, já que sou o mais velho desta turma. Tem só um colega "velhinho" de 33 anos. De resto, todos abaixo dos 30.

A ficha caiu, mas serviu para me mostar que ainda canto com o mesmo entusiasmo dos 20 e que a proximidade dos 40 está longe de ser sentida!

Friday, October 10, 2008

Não se preocupem, o Bush resolve!

Como se a crise não fosse consequencia de sua desastrosa política econômica, Bush declarou com muita convicção uma coisa que ninguém sabia:

- "O pacote não vai resolver a crise, mas vai ajudar".

Com uma declaração desta, não é de se estranhar que ele tenha "deixado" a crise chegar a este ponto.

GOD BLESS AMERICA!

"Escrever é escutar o ruído do mundo"

Contrariando as expectativas que apontavam para escritores consagrados como o peruano Mario Vargas Llosa ou o israelense Amós Oz, a Academia Sueca concedeu o Prêmio Nobel de Literatura de 2008 para o escritor Jean Marie Gustave Le Clézio. Pouco publicado no Brasil (apenas três obras foram traduzidas e publicadas por aqui), o francês é um dos autores mais traduzidos de seu país. Escolhido pela Academia sueca por "buscar a aventura poética e o êxtase sensual, por explorar a humanidade além e abaixo da civilização reinante", o autor francês é um viajante e ativista ecológico dividindo seu tempo entre a Europa e os Estados Unidos.
Nascido na França em 1940, logo na tenra infância mudou-se para a Nigéria, onde seu pai foi médico durante a Segunda Guerra Mudial. A década que passou na África, deixou marcas por toda sua vida, sendo a paixão pelo deserto a principal delas, que lhe rendeu inspiração para seu primeiro romance de projeção internacional, "Désert", de 1980, que lhe rendeu o prêmio da Academia Francesa.
Desde a década de 70, quando decidiu abandonar os grandes centros, Le Clézio vive entre Nice e o Estado do Novo México, nos Estados Unidos. Após receber a notícia da sua escolha, o francês declarou que "escrever não é só estar sentado em sua mesa, é escutar o ruído do mundo". Por saber escutar estes ruídos, Le Clézio receberá um prêmio de US$ 1,4 milhão a ser entregue no mês de dezembro, em cerimônia na cidade de Estocolmo.

Monday, October 06, 2008

RITUAL DE PASSAGEM

Sedimentei meus valores e aprendi a acreditar naquilo que realmente me importa.
O resto é ritual de passagem.

Friday, October 03, 2008


Acaba de ser lançado o DVD do show Noites de gala, samba na rua, em que a cantora Mônica Salmaso interpreta músicas de Chico Buarque. A série de cinco shows (com ingressos já esgotados) que está sendo realizada esta semana no Teatro FECAP, no bairro da Liberdade, marca o lançamento oficial do DVD.
Ontem à noite assistimos este show, um dos melhores que já vi em toda minha vida. As gravações das 15 músicas que compõem o repertório do quinto CD da carreira da cantora fazem jus à emoção provocada pelas versões originais, não deixando qualquer rastro saudosista. Em um trabalho cuidadosamente planejado, Mônica Salmaso e o Grupo Pau Brasil, responsável pelos arranjos, cumprem a difícil tarefa de interpretar Chico Buarque, evitando a recorrente comparação com as versões originais. Com arranjos que exploram toda a riqueza da MPB e a interpretação única da cantora, as canções assumem nova personalidade sem deixar para trás seu DNA de origem. De forma brilhante, a releitura deste projeto musical deixa em patamar de igualdade as versões originiais e os arranjos atuais, não havendo disputa entre o passado e o presente. Cada versão mantém a sua força, ocupando espaços iguais para quem ama Chico Buarque.
Mônica Salmaso simplesmente arrasa quando solta sua forte voz no palco. Intérprete de múltiplas facetas, a cantora entra no espírito de cada uma das canções e transmite forte emoção ao mudar até mesmo sua fisionomia e postura corporal de acordo com a música. Graciosa e bastante à vontade no palco, samba solto tocando seu pandeiro ao interpretar Bom Tempo, da mesma forma em que franze seu rosto e assume uma fisionomia constrita na música construção. Aliás, o arranjo do Pau Brasil para Construção merece especial atenção. Uma releitura harmonicamente perfeita e totalmente inovadora que transmite como nenhuma outra gravação a intensidade desta canção. Ciranda da Bailarina, gravado originalmente por um coro infantil em 1983 para o musical O grande Circo Mistico, ganha a leveza que merecia nos acordes suaves da cantora. O ponto alto do show fica por conta da tocante interpretação de Beatriz, um duo com o pianista Nelson Ayres (responsável pela revelação de Mônica no início de sua carreira) que, segundo Teco Cardoso, marido da cantora, levou o público às lágrimas em todos os shows da Turnê.
Com uma produção impecável, desde a qualidade do som até o sensível trabalho de iluminação que nos leva ao clima das musicas, o show é simplesmente fantástico. Uma demonstração do profissionalismo que mantém, merecidamente, Mônica Salmaso entre os nomes da MPB com maior projeção no exterior.

RETRATO EM BRANCO E PRETO

"Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto"
Chico Buarque de Holanda
Durante uma das muitas entrevistas que concedeu em sua vida Chico Buarque deparou-se com uma situação inusitada. A repórter, provavelmente uma novata querendo impressionar, fez uma pergunta "inteligente":
- Chico, por quê na sua música Retrato em Branco e Preto, você diz branco e preto? Todo mundo diz foto "PB", o certo não seria retrato em preto e branco?
Com seu conhecido senso de humor, Chico prontamente respondeu:
- É que eu achei melhor a rima "vou colecionar mais um soneto, fazer um retrato em branco e preto" do que dizer vou colecionar mais um TAMANCO, fazer um retrato em preto e branco.
PS: Esta história foi contata pela cantora Mônica Salmaso em seu show Noites de gala, samba na rua e não hesitei em reproduzí-la.