Wednesday, October 21, 2009

A IMPORTÂNCIA DE SER FLUENTE EM PORTUGUÊS

O Texto abaixo é da Editora-executiva do portal Imprensa (www.portalimprensa.com.br) Thais Naldoni que expressou em perfeitas palavras e com exemplos práticos meus sentimentos quanto à triste realiadade de um país em que a média de leitura da população é de 1 livro por ano.

A IMPORTÂNCIA DE SER FLUENTE EM PORTUGUÊS

Uma característica que chama muito a atenção nos textos de vários estudantes - e grande parte dos recém-formados em Jornalismo - é a ausência quase absoluta de vocabulário e um aparente desconhecimento profundo da língua portuguesa.

Chegam aqui, na redação de IMPRENSA, dezenas de currículos todas as semanas com pedidos de estágio e busca de vagas de emprego. Dentre os inúmeros predicados dos candidatos, me deparo com o conhecimento de línguas estrangeiras em quase todos eles: inglês fluente, espanhol fluente, italiano ou francês. Mas, ainda que eu reconheça a importância de outros idiomas em um mundo globalizado, defendo com unhas e dentes - e repito quase que como um mantra - a necessidade de que o estudante de Jornalismo e o próprio jornalista saibam, com fluência em fala e escrita, o português.

Posso listar aqui uma série de motivos para minha afirmação, mas ilustro com alguns exemplos, que mais parecem os e-mails de "pérolas do Enem" que circulam pela internet. Frases como: "tenho muito 'enterece' em 'faser' parte da equipe"; "na 'auzencia' de um local para estagiar, criei um blog para 'ezibir' meus textos"; "tenho 'fassilidade' para 'sujerir' pautas". Isso, claro, sem contar o desconhecimento das regras de crase, algumas conjugações verbais e concordância.

Posso afirmar, com conhecimento de causa, que o "fenômeno" não escolhe universidade. Já chegaram até nós textos com erros "hediondos" de estudantes e jovens profissionais tanto do ensino público, quanto do privado. Então, qual seria o motivo de tamanho déficit no uso de nossa língua?

Acredito que a falta de leitura seja o principal algoz da boa escrita. Se você estiver numa sala de aula de uma turma de Jornalismo e perguntar quantos leram ao menos um dos principais jornais daquele dia, garanto que muito menos da metade dos que estiverem no local levantarão a mão. Livros? Pergunte qual foi o último livro lido? Isso explica também a repetição de palavras nas matérias e nos trabalhos de faculdade. A ausência de leitura contribui de forma significativa para o empobrecimento do vocabulário.

Escrevo a coluna depois de ter dado três palestras seguidas e, nas três, ser questionada sobre os pré-requisitos necessários para um bom jornalista de internet. Minha resposta é sempre rápida e clara: saber falar e escrever o Português. Imagine a tragédia de, em uma matéria de web, em que a apuração é muito rápida e a postagem é feita sem que o texto passe pelo crivo de um revisor, de se publicar uma matéria em que "uma emissora vai deixar de 'ezibir' um programa"?

Por isso, meus caros, leiam, leiam, leiam, leiam muito. Estudem as regras gramaticais, caso haja dúvida em alguma. Quanto mais leitura, mais vocabulário. Quanto mais referências, menores as chances de erros primários em suas matérias, pois, caso os faça por distração, seu próprio repertório o salvará de pagar um mico astronômico. Antes de correr atrás das belas escolas de idiomas estrangeiros, seja um "expert" no seu. E saia na frente de muitos dos pleiteantes às vagas, cada vez mais disputadas, do mercado de trabalho.


* Thaís Naldoni é jornalista, graduada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Com passagens pela Folha Online e Sportv, também atuou como repórter e secretária de redação da Revista IMPRENSA.

2 comments:

veravianna said...
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veravianna said...

Excelente artigo! Vou fazer uma humilde contribuição ao post e comentar que a "chamada" inicial da matéria apresenta um erro de digitação que passou despercebido pelo revisor: Onde se lê: (...) "à triste realiadade de um país" (...), a palavra realidade está errada. Abraços, Vera Vianna