Friday, April 03, 2009

QUANDO TEREMOS UM PRESIDENTE ?

Numa rodinha de poderosos Obama se derreteu diante Lula e parecia uma maria chuteira perante um jogador de futebol. Todos assistimos (pela TV ou internet)o efusivo cumprimento do Presidente norteamericano a Lula e a troca de elogios entre ambos. Ao assitir repetidas vezes a cena, não parei de me perguntar: quando teremos um Presidente?

Desde de 1989 tivemos apenas 4 Presidentes. Três eleitos pelo voto popular e um alçado forçosamente à condição de Chefe do Executivo. Nestes vinte anos, pouca atuação vi à altura da responsabilidade do mais alto membro do poder executivo. O que tenho acompanhado são sucessivas ações diplomáticas que tem projetado a imagem e a participação do Brasil nos cenários político e econônomico mundiais. Nada contra a crescente participação do Brasil no cenário internacional, muito pelo contrário. Nos últimos dez anos ganhamos importância e hoje temos até a possibilidade de fazer parte do Conselho de Segurança da ONU. Graças a um competente esforço de Fernando Henrique Cardoso e Lula, ambos diplomatas de grande eficácia.

Todo este esforço, porém, não teve equivalência em território nacional. Nos 14 anos de mandato destes dois presidentes, pouco se viu em termos de realizações concretas. No Governo de Fernando Henrique cito duas: o Plano Real e a privatização das Telecomunicaçõe,sem falar, é, claro, na aprovação da reeleição. No Governo Lula consigo me recordar de outras duas: a gestão das reservas e a adminstração da dívida externa. Muito pouco para 4 mandatos consecutivos. Na realidade, um grande continuismo com todos os esforços voltados para a manutenção do poder. Seja através da aprovação de uma emenda ou de programas políticos sustentados pelo marketing.

Em todos esses anos a reforma tributária se arrasta no Congresso e não se chega a lugar nenhum. Pouco ou quase nada se fez pela Previdência Social, um dos grandes gargalos do orçamento, capaz de quebrar este país. Nossa infraestrutra aeroportuaria continua em frangalhos. A questão da educação resumiu-se a colocar internet e computadores nas escolas. A distribuição de renda a um mísero bolsa família (continuidade de um programa implementado por FHC). A criação de empregos passou a ser estatística e a discussão sobre nossa quase centenária Legislação Trabalhista não avança. Por causa da crise criou-se um pacote para a habitação, mas há muito não se tocava nesta questão. E, apesar da importância e representatividade do agronegócio em nosso PIB, não se fala em política agrícola.

A empatia de Obama por Lula é plenamente justificada e o carisma de nosso presidente é inquestionável. O que me assusta é o deslumbramento geral da midia brasileira sobre esta passagem peculiar de nosso presidente pela Europa. Ficamos todos com nossos egos cheios e felizes porque recebemos um afago do primeiro mundo. Mas esquecemo-nos de todos os nossos problemas internos e do abandono das questões prioritárias que deveriam estar na agenda política.

Tudo bem: "Lula é o cara". Mas quando teremos um presidente de verdade?

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