Tuesday, January 29, 2008

Terra de Camões

Voltei ontem de Portugal, terra de Camões. Não poderia deixar de me lembrar de quando meu avô recitava versos e mais versos de Camões para mim.

Impressionante como a bela arte permanece viva por gerações e gerações resistindo por mais de 400 anos.

Abaixo versos que marcaram e minha infância e que ainda em mim permanecem (ainda posso ouvir e ver meu avô entusiasmadamente recitando estes versos)

Os Lusíadas

Canto Primeiro

1
As armas e os barões assinalados,
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

Meu avô sabia versos e mais versos de todos os Cantos dos Lusíadas, mas não vou transcrevê-los. Fica só o Canto Primeiro do qual me lembro bem.

Outro mais lindo ainda (que meu avô amava recitar dizendo que este era o amor ideal).

SETE ANOS DE PASTOR...

Sete anos de pastor Jacó servia
Labão, pai de Raquel, serrana bela;
mas não servia ao pai, servia a ela,
e a ela só por prêmio pretendia.

Os dias, na esperança de um só dia,
passava, contentando-se com vê-la;
porém o pai, usando de cautela,
em lugar de Raquel lhe dava Lia.

Vendo o triste pastor que com enganos
lhe fora assim negada a sua pastora,
como se a não tivera merecida;

começa de servir outros sete anos,
dizendo: — Mais servira, se não fora
para tão longo amor tão curta a vida.

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