“Olá, Guardador de rebanhos,
Aí à beira da estrada,
Que te diz o vento que passa?”
“Que é vento, e que passa,
E que já passou antes,
E que passará depois.
E a ti o que te diz?”
“Muita cousa mais do que isso.
Fala-me de muitas outras cousas.
De memórias e de saudades
E de cousas que nunca foram”.
Fernando Pessoa em
O Guardador de Rebanhos
Desde pequeno o vento faz parte da minha vida. Meu avô contava histórias sobre o vento. Minha avó cantava a música do vento que balançava as palmas do coqueiro, encrespava as ondas do mar e trazia notícias de lá.
Tudo isso fez nascer em mim uma admiração pelo vento e uma relação muito especial com seu mistério. Este trecho de O Guardador de Rebanhos traduz minha fascinação pelo vento e toda poesia contida em seu sopro.
O vento quando sopra, dobra os girassóis, faz barulho no meu ouvido, arrepia minha pele. Quando cavalgo livremente pelos canaviais, seu assobio me aproxima da liberdade mais pura. Quando sinto saudade, o vento me traz notícias de lá.
Atualmente o vento tem me falado das "cousas que nunca foram" , soprado aos meus ouvidos "muita cousa mais do que isso" e vem me acompanhado refrigerando minha alma. Tem feito parte de minha existência como a memória de meu avô, que nunca me deixa, está sempre comigo e fica mais forte nas horas mais importantes e críticas.
O vento une passado e presente e me deixa mais próximo das respostas que procuro.
Saudades de meu avô toda vez que me lembro que o vento "não sabe de onde vem e nem para onde vai".
Thursday, May 29, 2008
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment