Tuesday, December 18, 2007

GENTE

Para quem for gente e conseguir me entender
GENTE

A. Valsiglio / Cheope / M. Maratti


“Perché non c’é um limite per nessuno

Che dentro sè abbia um amore sincero solo un respiro

Non siamo ângeli in volo venuti dal cielo

Ma gente comune che ama davvero

Gente che vuole um mondo piú vero

La gente che insieme lo cambierà”

Tenho andado em meu velho Escort que acabo de vender escutando um Cd do Renato Russo que é uma obra-prima: Equilíbrio Distante. Um verdadeiro convite à uma viagem para dentro da alma. Um convite à mais pura sensibilidade. Um CD inteiro gravado em italiano com músicas belíssimas e arranjos fantásticos.

Os versos acima são da primeira faixa, uma música chamada GENTE. Linda, poética e instigante. Fala de gente que ama sinceramente, verdadeiramente e que deseja um mundo melhor. Nos últimos dias tem sido esta minha trilha ao vir para o trabalho e, quando posso (como agora), no próprio trabalho. Tenho pensado em valores, amores e em mim. Tenho pensado em gente verdadeira e que se entrega verdadeiramente, seja ao trabalho, à vida, à família, aos amigos. Enfim, gente que tem a capacidade de amar. Gente que sabe amar. Quantas são estas pessoas ao seu redor hoje? Qual o percentual de pessoas que estão ao seu redor hoje e que sabem amar a vida?

Poucas, talvez muito poucas.

No meu caso nestes dias tenho pensado em minha vida profissional e meu final de ano. Andei rodeado, cercado por estas pessoas, o ano todo, mas não por culpa delas. Vejo agora que talvez minha exigência quanto ao que elas poderiam me dar foi grande. Ou não deveriam me dar? Não sei, mas não tem problema, não preciso chegar à nenhuma conclusão. Não preciso ter nenhuma verdade absoluta.

Porém, o que valeu para mim neste ano é que EU me superei em minha exigência comigo mesmo e minhas repostas para mim mesmo. Vivi dias de total tentação para cair no lugar comum e me deixar levar pela maré. Vivi dias em que todos poderiam esperar de mim o normal, o "de jà vui", o vazio. Mas fui forte e vivi de acordo com meus princípios e minhas convicções. Gerenciando pessoas com amor e por amor a elas, falando duro quando tinha de falar, nem sempre conseguindo, mas sempre buscando respeitar suas limitações. Olhando cada um em seus olhos e procurando traduzir suas perguntas antes mesmo que me perguntassem. Antecipando sentimentos e angústias, preocupando-me com suas vidas pessoais. Nem sempre fui compreendido (aliás, eles até se revoltaram contra mim), mas, na verdade, não importa, o que importa é que fiz o que eu achava que deveria ter sido feito e não remei na mesma direção dos outros. Fui fiel à meus princípios e sei que, pelo menos, não serei condenado por ter agido de má fé com alguém. Bem ou mal, saí do lugar comum e busquei fazer a diferença. Como aquela gente que deseja um mundo mais verdadeiro. Posso ter errado (e, com certeza errei), mas fui verdadeiro e íntegro.

Entreguei-me de corpo e alma ao desafio de gerenciar pessoas inteligentes. Procurei não limitar ou direcionar pensamentos, tolher iniciativas, restringir comportamentos. Procurei deixa-los livres. Mas não consegui integralmente, a tentação da autoridade muitas vezes falou mais alto e fui autoritário. À contragosto, mas na hora não pude controlar minha tentação de ser autoritário. Mas pelo menos tive um norte, um trilho, um caminho a perseguir. Tive uma boa intenção. E, mesmo sendo autoritário, estava sendo eu, pois combato com todas as forças o resquício de autoritarismo que insiste em permanecer dentro de mim. Mas sei que fui gente.

Gente, gente, onde encontrar gente?

Onde encontrar gente que queira um mundo mais verdadeiro?

No comments: