Monday, December 17, 2007

PARA MINHA FILHA BEATRIZ

ESCOLAS DA VIDA

Deixei você na escola sorrindo e com um beijo. Foi o primeiro dia em que saí com a sensação de ter cumprido minha missão. Após dias e dias, meses e meses (foram mais de dois angustiantes meses), consegui ver em você a serenidade madura que temos que ter para enfrentar a vida. Consegui ver em seus olhos a confiança em você mesma e a independência de quem começava a entender a importância de seguir os próprios passos.

Durante dois meses deixei você chorando e saia eu chorando para o carro com o coração na mão e sem a menor vontade de trabalhar. Durante dias, semanas a fio, pensava mais em você do que no trabalho. Vagava no seu universo, orbitando ao seu redor como uma estrela que nunca te alcançaria. Queria me aproximar, buscava desesperado uma forma de me aproximar, mas sabia que para você o melhor era que eu não me aproximasse. Meu dever como pai era te deixar chorando muito embora meu coração ficasse dilacerado. Muito embora minhas manhãs ficassem resumidas em esperar a hora de você chegar em casa para que eu soubesse que você estava “segura”. Minha obrigação como pai era cortar uma ligação que tinha de ser cortada para que você se acostumasse desde agora a ter forças para suportar separações e frustrações.

Escrevo este texto racional, nada poético, com medo de mim mesmo e do espelho que você coloca neste momento à minha frente, mas posso te dizer, minha filha querida, que, mais uma vez, quem me ensinou foi você, quem me fez crescer foi você, quem tirou o melhor de mim foi você. Nos dias de dificuldade minha, de enfrentamentos e tristezas, pensava em você na escolinha e na sua batalha para ficar por lá e se acostumar com o universo totalmente novo. Ficava pensando em sua energia, em sua batalha, em sua busca, o que se passaria em sua “cabecinha” para você conseguir passar por esta experiência. Na verdade, minhas energias emanavam de você, meu amorzinho, meu pequeno amorzinho, que me fez crescer tanto em apenas dois meses. Nestes dois, quase três meses (agosto, setembro e parte de outubro) vivi uma busca muito grande pelo que seria a essência de minha vida profissional e fui muito pressionado para me superar. Tanto quanto você, minha “pituca”, fui obrigado e combater medos e frustrações, aceitar desafios e crescer na vida. E você esteve comigo mais uma vez me ensinando, me movendo adiante, me mandando para cima e para frente. Nossa separação nas manhãs foram muito importantes para que eu encontrasse forças dentro de mim olhando para você e pensando em você. Amando-te à distância e fazendo uma forte ligação entre nossas experiências.

Obrigado filhota minha, por mais uma vez ter me ajudado a me superar e a fazer de mim uma pessoa melhor.

Te amo.



Seu pai, Fernando Lessa
SP, 25 de outubro de 2007.

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