Friday, August 15, 2008

INÉRCIA POLÍTICA

25 de outubro de 2005. Há exatos 30 anos o brutal assassinato do jornalista Vladimir Herzog chocava a opinião pública e causava um clima de comoção geral na cidade de São Paulo. Vítima da inescrupulosa perseguição dos militares , “Vlado” é até hoje um ícone da resistência e da liberdade de expressão.

De lá para cá muitas coisas aconteceram. Até um ex-líder sindical (e ex-arauto da luta contra a ditadura!) tornou-se Presidente da República. Fato este que me leva a refletir com intensidade na veracidade ou na real intensidade das “mudanças” que ocorreram nos últimos trinta anos. Lula efetivamente se elegeu pautado nos valores éticos que tanto propagou? Fernando Henrique governou tão democraticamente como sempre preconizou?

Ambos foram eleitos pelo voto popular e inquestionavelmente representam a vontade da maioria do povo brasileiro. Ambos são frutos da queda da ditadura e da “nova” democracia brasileira. Ambos conquistaram o poder legitimamente. E de forma inquestionável.

Porém: exerceram eles o poder de forma legítima?

Esta é a pergunta que tanto me abala e para a qual as repostas se encontram tão bem elencadas neste manifesto. Ambos (independentemente dos recursos!) são os mais claros exemplos de como se utilizam os meios para se obter o fim tão sonhado: em igual escala, o exercício do poder!

Fernando Henrique Cardoso “vendeu-se” ao Congresso Nacional para aprovar a emenda da reeleição. Foi até fotografado ao lado de Paulo Maluf (fato este curiosamente repetido pelo PT de Marta Suplicy) e , uma vez no poder, governou por meio de medidas provisórias ,esquecendo-se da tão sonhada democracia.

Lula, por sua vez, instaurou um “parlamentarismo às avessas” leiloando o Congresso Nacional e transferindo totalmente o controle da “máquina do Governo” para o seu partido, instaurando a “ditadura do inchaço estatal”, esquecendo-se da tão propagada ética.

Na realidade, ambos chegaram ao tão sonhado PODER!!!E não conseguiram promover as mudanças prometidas em seus palanques eletrônicos e de madeira deixando-nos órfãos da democracia.

O que este manifesto nos traz é a necessidade indelével de mudanças estruturais profundas que efetivamente transformem nosso país em uma verdadeira democracia. Este inexpressivo manifesto exterioriza a inerte incapacidade de nossa classe política para promover a verdadeira democracia.

Pouca coisa mudou desde o assassinato de Vlado. Os fins continuam a justificar os meios. Apenas estes, é que são diferentes!
(desabafo escrito em 25/10/2005)

1 comment:

Edison Waetge Jr said...

Fê, repetindo o que eu coloquei num post sobre sapos e tucanos, em meu blog:

"Nem tão ruins quanto um diz que o outro é, nem tão bons quanto cada um pensa que si próprio é".