Friday, August 29, 2008

VOU DE SONINHA 23

Já que o voto útil contra a Marta no segundo turno é inevitável e, neste caso, serei forçado a escolher entre o Alckmin e o Kassab, pela primeira vez, desde meu primeiro voto em 1989, NÃO votarei no PSDB no primeiro turno. A razão para isso é muito simples: quero protestar contra meu próprio partido. Quero manifestar da forma mais contudente meu imenso descontentamento com a falta de união e estratégia dos tucanos.
A candidatura de Geraldo Alckmim neste momento não é uma candidatura do partido. É uma candidatura praticamente supra-partidária. Desde o começo o PSDB mostrou-se desunido e a uninimidade em torno de Alckmin era tida como pouco provável. José Serra que, alinhado a Kassab, participava de cerimônias de inauguração de obras públicas ao lado do prefeito, não manifestava abertamente seu apoio a Alckmin. Fernando Henrique, na posição de "cacique-conselheiro", manteve a liturgia do cargo e dizia apoiar a decisão do partido. Aécio Neves, de olho em 2010, preferiu não se envolver nesta questão, mantendo-se ileso e protegido para poder estudar a estratégia que melhor lhe convier nas próximas eleições.
Pela segunda vez consecutiva, parecendo não ter aprendido a lição da campanha de 2006, Geraldo Alckmin, isolado e sem apoio, insistiu em lançar sua candidatura colocando em risco toda a "estratégia" do PSDB para 2010. Desafiando a estratégia local e nacional do partido, Alckmin, cercado de seus inexpressivos aliados, lançou sua candidatura em uma ridícula convenção do partido que não contou com a presença de nenhum nome mais expressivo do PSDB. Concomitantemente à realização da "convenção", membros do partido faziam manisfestações pró-Kassab e importantes Secretários Municipais pertencentes ao PSDB acompanhavam o Prefeito em sua caravana de inauguração de obras em período pré-eleitoral.
Dando continuidade à seqüência de erros infantis e praticamente imperdoáveis, o comitê tucano lançou uma campanha inexpressiva e sem qualquer apoio das figuras com maior popularidade do partido, deixando Geraldo Alckmin sem qualquer projeção. Ao invés de fazer uma campanha agressiva e propositiva, enfatizaram os problemas que qualquer cidadão comum conhece, deixando de apresentar qualquer proposta de Governo. Resultado: abriram uma ENORME avenida para o Kassab passar com uma campanha focada nas realizações de sua gestão, combatendo a estratégia do PT de Lula que pede para "deixar a Marta trabalhar". Dessa forma, a campanha ficou polarizada entre Kassab e Marta, ambos apresentando propostas de continuidade e Alckmin, "apagado", no meio da briga dos dois, posicionado apenas como uma promessa, já que as realizações de seu Governo ESTADUAL não são base para nenhuma campanha MUNICIPAL, uma vez que o pleito é para a Prefeitura e dois dos candidatos apresentam realizações palpáveis à população do Município.O resultado deste tremendo equívoco estratégico foi visto nas pesquisas pré-eleitorais: Alckmin e Kassab estão empatados tecnicamente. E, podem escrever, Geraldo Alckmin não deve passar para o segundo turno, criando um enorme risco para o PSDB em 2010 caso Kassab não vença Marta Suplicy.
É lamentável que o partido não tenha conseguido bloquear uma candidatura que, desde o ano passado, já se sabia, sem o apoio de Serra não daria certo. É também decepcinante que um "herdeiro" de Covas não tenha aprendido com seu mestre o fascinante jogo da estratégia política.

2 comments:

Edison Waetge Jr said...

É... na minha opinião o Alkmim pisou na bola e colocou seus interesses pessoais acima dos do partido. E os chamados caciques do PSDB ficaram caricatamente "em cima do muro".
Ei, aqui em SBC, também sou 23 no primeiro turno!

Fernando Lessa said...

Valeu....fortalece uma legenda que merece espaço pois está com gente séria.