Thursday, August 28, 2008

VAI LÁ, VAI !


Vai lá, Vai! Com estas palavras, após fazer o sinal da cruz, e com o olhar fixo de uma campeã, Maurren Maggi partiu em direção ao ouro olímpico. Seu olhar determinado, focado e “matador” chamou-me a atenção. Ela tinha certeza do seu sucesso e sabia que o lugar mais alto do pódio a esperava. Seus olhos eram a tradução de uma história de vida.

Desde que tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente em um evento de lançamento de uma marca de óculos, tenho acompanhado sua carreira. Naquela época, em 2001, ela era uma promessa do atletismo brasileiro e foi apresentada por um de seus atuais patrocinadores como uma atleta de alta performance que poderia trazer muitas surpresas. A partir de então comecei a prestar atenção em tudo que saia sobre ela na mídia e, infelizmente, a maior surpresa que tive foi a notícia sobre o teste antidoping. Não me lembro de julgá-la culpada ou inocente (até porque duvido muito dos testes de doping), só me recordo de ter ficado muito chateado com a situação. Ao final de contas, para quem é apaixonado por esportes, o Brasil estava “perdendo” uma grande promessa de medalhas e recordes no cenário esportivo mundial.

Acompanhei com atenção todo seu drama naqueles dias e torci muito por ela. Mas, sinceramente, nunca esperei que houvesse retorno possível. Senti o ostracismo a que fora condenada pela mídia e pouco soube dela até o ano passado quando atingiu índice suficiente para participar das olimpíadas. Confesso que, até aquela heróica conquista, não tinha dado muita atenção ao seu retorno porque, aí sim, injustamente havia condenado a atleta ao “fracasso”. Por diversos motivos, inclusive sua idade, não acreditava em sua capacidade de superação e achava que seu retorno poderia, no máximo, dar-lhe de volta a projeção Pan-Americana.

Felizmente errei feio em meu diagnóstico. Maurren superou todas as provas que a vida havia lhe imposto e, bravamente, lutou contra os incrédulos como eu. Casou-se, teve uma filha, separou-se, certamente enfrentou o dilema carreira x maternidade a que toda mulher está exposta, e treinou. Treinou muito. Treinou com gana, treinou com raça, treinou com vontade, treinou com espírito olímpico. Treinou para vencer e venceu. Provando que na vida só os grandes campeões são capazes de entender na derrota a oportunidade da vitória.

Parabéns Maurren. Você foi lá. E buscou o que era seu.




1 comment:

Edison Waetge Jr said...

E ainda por cima é são-paulina!