Monday, July 14, 2008

O CAÇADOR DE PIPAS

Sábado fui ao Parque das Bicicletas com minha filha. Passamos boas horas e nos divertimos nesse bem cuidado parque de São Paulo. Porém uma coisa chamou-me a atenção: é probido soltar pipas naquele parque.
Estava sentado próximo à entrada principal tomando um delicioso picolé quando vi uma cena que nada me agradou: um pai com dois filhos estava entrando com suas três bicicletas e uma pipa (dessas de plástico) quando foi abordado por um guardinha da Guarda Civil Metropolitana. Sem nada entender o sujeito continuou andando até que foi abruptamente interceptado. Os dois discutiram e, pouco depois, o pai seguiu injuriado. Não consegui ouvir o diálogo mas vi que a pipa ficou retida na guarita. Inconformado, fui conversar com a tal "autoridade". Perguntei se o que eu tinha entendido era realmente verdade e, estupefato, escutei que é PROIBIDO soltar pipas e que, quem com elas entra, tem de deixá-las na guarita, podendo apenas retirá-las na saída. Olhei para o alto e não vi redes de alta tensão, tão pouco postes que pudessem oferecer riscos. Questionei a "sumidade" encumbida de manter a ordem local sobre qual era o motivo de tal proibição já que, literalmente, não via, a olhos nus, motivos para aquila proibição. A alegação foi a coisa mais ridícula do mundo: ele me disse que as linhas das pipas podem cortar as pessoas e oferecem riscos se forem cortantes. Façam-me o favor: quantas pessoas entram no parque das bicicletas para soltar pipas com linhas "preparadas"? A maioria vai apenas divertir-se utilizando linhas comuns ou até mesmo barbantes. As linhas de nylon são pouco utilizadas e, mesmo que alguém faça uso delas, quem vai passar por uma linha de pipa sem ver?
Aquele parque é aberto, espaçoso, amplo e dá perfeitamente para se soltar pipas sem oferecer qualquer risco. Abaixo esta burrice. Já temos poucas áreas gratuitas de lazer e, quando as temos, ainda querem inibir o nosso prazer? Se lá no Parque aquele pai não pode soltar pipas, onde então ele vai fazê-lo? Só se for na rua da sua casa, aí sim, com a rede elétrica todinha "à sua disposição" e colocando em risco a sua vida.

2 comments:

Dudalessa said...

Olha Fê, hoje em dia a prática das competições de pipa estão quase extintas de nossa áreas comuns, mas lembro-me bem, em minha infância em Ilhabela, quando uma menina de minha idade ( tinha uns 10 + ou -) teve a garganta cortada por uma linha de pipa "preparada".
Os meninos , para eliminar a pipa do amigo que estivesse tentando ganhar da sua, passavam uma espécie de cera ou cola com pequenos pedacinhos de vidro moído, que seria o suficiente para cortar o fio das pipas que se aproximassem das deles. Era comum ver isso por lá, essa competição. O que nunca me deixou a memória foi ver uma garota sangrando muito após um rápido encontro com aquele fio, resultado: sete pontos e fim de férias. Se aquela menina fosse minha filha, me sentiria mais segura com uma placa dessas no parque. Sinceramente. bjs.

Edison Waetge Jr said...

Engaçado, na época em que eu fazia pipas, faz teeeeeeempo, na minha rua não havia esse costume de fazer guerra de pipas. Só vim a conhecer essa prática muito mais tarde e, confesso, nunca consegui achar graça em cortar a pipa alheia ou, pior ainda, ter sua pipa cortada - me lembro do trabalho que dava para fazer.
Em todo caso, é mais uma brincadeira tão comum antigamente que hoje é proibida. A outra são os balões.
Em ambos os casos, concordo com a proibição.